32ª OVIBEJA: Manuel Casto e Brito, presidente da ACOS, fala sobre a feira


“O próximo governo não pode apoiar apenas quem tem condições para exportar”, defende Manuel Castro e Brito, o presidente da ACOS, entidade organizadora da Ovibeja.

Ovibeja- Castro e Brito_800x800“Esperamos que o primeiro-ministro venha à OVIBEJA inaugurar os dois últimos blocos de rega de Alqueva” afirma Manuel Castro e Brito ( na foto ao lado da ministra da Agricultura e do Primeiro-ministro) em vésperas de mais uma Feira do Alentejo, que se realiza no Parque de Feiras e Exposições de Beja, de 29 de Abril a 3 de Maio. O presidente da Comissão Organizadora da 32ª OVIBEJA considera também que o próximo governo tem que ouvir todas as associações de agricultores e não apenas as de cúpula e, sobre a OVIBEJA, sublinha o facto deste ano se “homenagear o cante alentejano, que é o mesmo do que homenagear a nossa identidade cultural”, com um espaço próprio e uma grande presença de grupos na Feira, onde irão cantar algumas modas em conjunto, no sábado, dia 2 de Maio.

A 32ª OVIBEJA abre portas no final deste mês de Abril. Há mudanças significativas ou esta é uma feira já muito consolidada?

A OVIBEJA é um marco por onde todos os alentejanos passam e que atrai muitas pessoas, muitas empresas e também muitas representações dos vários países que aproveitam a OVIBEJA para conhecerem melhor a nossa região e também os agentes económicos e as empresas que aqui têm interesses. Tudo isto somado ao facto do Alentejo ser, presumivelmente, um dos únicos pontos no país onde há possibilidades de investir, agora com o novo regadio do Alqueva e com a nova imagem que o Alentejo vai adquirindo também na vertente turística, torna a feira muito atractiva para visitantes e expositores.

Essas são as marcas fundamentais que caracterizam a OVIBEJA?

Tudo isso é muito importante para nós. A Ovibeja constitui-se desde sempre como um lobby, não só um lobby agrícola, mas um lobby regional. A OVIBEJA ajudou muito os agricultores. No governo do engenheiro António Guterres, quando havia a necessidade de termos mais quotas de produção, por exemplo, conseguimos aumentos de quota no trigo rijo e a possibilidade de trocarmos as quotas de cereais de sequeiro por cabeças de gado bovino, tudo isto no âmbito da discussão da PAC na União Europeia.

E a defesa do regadio de Alqueva esteve também sempre muito presente na OVIBEJA.

Sim. Pela OVIBEJA passou também a grande luta que travámos para a continuação do regadio do Alqueva, em que a conclusão destes dois últimos blocos foi aqui anunciada e que certamente estarão em condições de serem inaugurados nesta edição da OVIBEJA. O próprio primeiro-ministro Passos Coelho fez também questão de vir aqui à Ovibeja dizer que em 2015 iriam abrir mais 20 mil hectares de regadio, correspondendo ao desejo dos agricultores. Concluindo: a OVIBEJA é útil, assume-se sem problemas nenhuns como um lobby regional, um lobby alentejano; é útil porque desenvolve a agricultura, o sector profissional a que pertencem os associados da ACOS, que organiza a Ovibeja desde sempre.

A floresta é mal tratada no novo Quadro Comunitário

Sobretudo devido ao regadio de Alqueva, a agricultura hoje no Alentejo é muito distinta daquela que se fazia nos primeiros anos da OVIBEJA. Do sequeiro, na OVIBEJA, começou-se a dar um especial relevo ao regadio.

A agricultura no Alentejo é, em parte, similar à agricultura que se faz nos outros países da Europa, se assim se pode dizer. Temos uma agricultura rica que passa por aqueles que tiveram a sorte de ficarem no perímetro do regadio do Alqueva, embora seja necessário um grande investimento a todos os níveis e uma gestão muito atenta, porque estamos a trabalhar com o regadio, com a água, mas é uma agricultura que, em várias vertentes, está a provar que é uma agricultura de sucesso. Ao lado, temos a outra agricultura de sequeiro que continua com os problemas do antigamente, porque tem que fazer os cereais de sequeiro, porque tem que fazer a criação de gado, ainda mais neste quadro comunitário onde haverá, sem dúvida nenhuma, perdas para as pessoas que se dedicam a estes sectores, e onde entra também a floresta que, quanto a mim, é muito mal tratada neste novo quadro comunitário 20-20.

De que tipo de floresta se está a falar? De todo o tipo ou da floresta característica do Alentejo, como o sobreiro ou a azinheira?

Acima de tudo a floresta mediterrânica, em que o sobreiro ou a azinheira chegam a adultos com 70 anos e onde se passou de uma indemnização por perda de rendimento de 20 para 10 anos. Portanto, as pessoas terão só 10 anos de apoio para este tipo de floresta, o que, de facto, é uma tremenda injustiça, uma vez que nos países do norte as florestas fazem-se eventualmente em 10 anos. Aqui o nosso tipo de floresta é uma floresta que leva mais do que uma geração. E também, por isso, perdemos nesta área competitividade.

Quais são neste momento os sectores de vanguarda da agricultura no Alentejo?

Antes do mais, no regadio destaca-se o sector do azeite e, já com mais anos, o sector do vinho. Portanto, o vinho e o azeite são, de facto, os sectores que se adaptam muito bem a esta nova agricultura com água do regadio aqui na nossa região, o que permite também alargar o perímetro do Alqueva, que está previsto ser de 120 mil hectares de regadio…

E quantos ficarão concluídos este ano, em 2015?

Não sei exactamente, mas talvez 80/100 mil de regadio. Mas, como estava a dizer, uma vez que estas culturas – o olival e a vinha – não são esbanjadoras de água permitirá alargar o perímetro do regadio do Alqueva, o que será, sem dúvida, benéfico para a nossa agricultura e uma situação que abrangerá mais área e, obviamente, mais pessoas que poderão desenvolver as suas explorações agrícolas.

Defendemos o congelamento do preço da água de Alqueva

O preço da água poderá condicionar essa expansão do regadio?

A água é um bem que, pode dizer-se, não tem preço. Economicamente, e falando a nível de explorações agrícolas e numa fase em que há um investimento brutal na transformação do sequeiro para o regadio, não se pode especular com o preço da água. Por isso, já pedimos a este governo, à ministra da Agricultura, que congele o preço da água em 70 por cento das tabelas que estão feitas para estes anos. Isto seria uma grande ajuda aos agricultores e às explorações que fizeram grandes investimentos na transformação do sequeiro em regadio. Estamos à espera dessa resposta, não sei se ela vai ser dada aqui na OVIBEJA, mas seria muito importante.

Em causa está apenas o preço da água?

Não. Há duas situações que nos preocupam. Uma é o preço da água, a outra o preço da energia eléctrica que está a ser paga nalgumas explorações. O projecto inicial previa que a água chegasse às explorações agrícolas em carga com a pressão de pelo menos 4 quilos, mas optou-se por abranger mais explorações e para isso a pressão seria posta posteriormente pelos agricultores, o que dá um consumo tremendo de energia eléctrica para criar pressão para o regadio e, uma vez que já não há electricidade verde para a agricultura, que era uma electricidade subsidiada, pedimos ao Estado para tratar de algumas situações, como por exemplo, não pagar a tarifa de electricidade durante o Inverno, quando não há regadio. Há aqui uma grande quantidade de pequenos detalhes que poderiam beneficiar quem está a fazer neste momento grandes investimentos. Investimento não é só o investimento público, nacional e comunitário. Estes investimentos na criação de infra-estruturas de rega são, sobretudo, investimentos privados dos agricultores, que têm que fazer esta brutal transformação do sequeiro em regadio com infra-estruturas caríssimas.

Tem sido fácil aos agricultores conseguirem apoio bancário? Ou têm aparecido dificuldades?

O apoio bancário é só para aqueles que têm dinheiro ou bens para hipotecar. É assim que é normal. Agora aqueles que nada têm, muitas vezes têm dificuldades em conseguirem empréstimos, ainda mais nos tempos que estamos a viver, com dificuldades de crédito, e é-lhes muito difícil desenvolverem os seus projectos.

Passos Coelho pode inaugurar nova área de rega durante a OVIBEJA

Já o referiu, mas a direcção da OVIBEJA espera que o primeiro ministro venha aqui este ano inaugurar, durante a feira, os últimos 20 mil hectares desta fase do regadio de Alqueva?

Sim. Pensamos que estão preenchidas as condições para se inaugurarem nessa altura os dois novos perímetros Cinco Reis/Trindade e Baleizão/Quintos, que têm sensivelmente 20 mil hectares.

Fala-se também muito do milho como nova cultura do regadio no Alentejo. O milho já tem relevo nas produções da região?

O milho é uma cultura que, embora seja muito mais exigente em água do que a vinha ou o olival, tem aqui também o seu lugar e um lugar importante porque, tanto a nível de solos como a nível de clima, conseguem-se óptimas produções de milho nesta região. No entanto, os preços de mercado do milho variam muito, o mercado é livre e é preciso levar tudo isso em linha de conta.

E quanto a produtos hortícolas? Tem havido uma expansão deste sector no regadio do Alqueva?

Poderão não ocupar áreas percentualmente muito significativas, mas estrategicamente são muito importantes, principalmente os produtos horto-industriais, como ervilhas, tomate, cenouras, seja nos enlatados, seja nos congelados. Importantes são também as frutícolas, sobretudo o sector dos frutos secos com uma procura muito grande para a amêndoa, por exemplo, e está-se a avançar para a plantação de grandes áreas de amendoeiras e que têm um maneio muito parecido com a cultura da oliveira, de que existe aqui, embora muito recente, uma grande tradição no olival de regadio. Há outro produto que seria muito estratégico a partir de 2016, quando acabam as quotas, que é a beterraba. A beterraba que nós experimentámos aqui, antes das quotas terem sido resgatadas, e que dá produções altíssimas a nível mundial. O sol, o clima e a abundância de água, agora com este regadio, são condições que existem para termos aqui grandes produções, muito embora a fábrica para o seu processamento esteja no Ribatejo e não seja rentável ter esta cultura aqui e ela ser processada tão longe, porque os transportes absorveriam toda a margem de lucro. Por isso, seria necessária a criação de uma fábrica de transformação de beterraba aqui no epicentro do regadio do Alqueva.

E há projectos nesse sentido?

Sei que existiu essa intenção por parte do consórcio da fábrica que neste momento faz a refinação de ramas de açúcar importadas, mas parece que neste momento já terão mudado de ideias. Será um erro tremendo não nos dedicarmos aqui à cultura da beterraba, que acima de tudo iria contribuir para fazer uma rotação das culturas de regadio.

O diálogo com o governo, às vezes, não tem sido fácil.

Este quadro comunitário de apoio 20-20 trará algumas medidas significativas para o desenvolvimento de projectos ligados à agricultura?

Eu penso que deverá trazer mudanças significativas e isso terá muito a ver com o próximo governo. Se tivermos um governo que tem uma lista de agricultores escolhidos – e que acabam sempre por pertencer àquele lobby que geograficamente está sedeado na região que nós sabemos e que tem muita influência num dos partidos da actual coligação – para receberem grande parte das ajudas comunitárias, isso não será uma boa solução.

Por outro lado, este governo também tem tido uma política que se pode resumir como a “política do exportar”. Eu não posso exportar aquilo que não tenho e tenho que ter uma prioridade. E essa prioridade tem que ser o autoconsumo do país, evitando as importações e para desenvolver a agricultura da região. O exportar é só para alguns porque nem todos têm estrutura para isso. E aqui, quando só apoiamos alguns, estamos a voltar àquela lista de que falei antes. Ou seja, a situação existente relativamente aos apoios tem que ser democratizada e mais virada para o interior, esta tendência de apoiar só quem exporta é negativa.

Como tem sido o diálogo com o governo?

Muitas vezes não tem sido fácil. Não podem ser apenas as organizações de cúpula as interlocutoras com o governo ou com o ministro da Agricultura. Têm que ser também as organizações de base, aqueles que estão no terreno, aqueles que estão com os pés em cima da terra e aqueles que sentem as dificuldades, e a quem não pode ser vedado o diálogo directo com o governo. E, neste momento, é muito simples dizer a uma cúpula ou a uns tipos que estão em Lisboa “toma lá tanto e resolve-me este ou aquele problema porque eu só quero falar com um, não quero falar com vinte.” Esse é o grande erro deste governo, nomeadamente do ministério da Agricultura e as coisas têm que mudar porque existe democracia e a democracia quer dizer que todos temos o direito de chegar à fala com o poder e todos temos o direito de expor os nossos problemas.

As Ovinoites

Voltando à OVIBEJA, uma imagem de marca são as Ovinoites e os concertos no Pavilhão Multiusos, que trazem às noites da Feira milhares de pessoas, sobretudo jovens. Qual é o cartaz para este ano?

Desde sempre a OVIBEJA tem conseguido reunir, e cada vez mais, a juventude à volta das ovinoites, uma área em que a organização não faz qualquer tipo de poupança para que o melhor que exista no país esteja aqui representado. Foi essa opção que fazemos: queremos ter sempre aqui os melhores para as grandes noites da OVIBEJA. Este ano vamos ter entre nós, e dirigidos a públicos diversificados, Mickael Carreira, Pedro Abrunhosa & Comité Caviar, Richie Campbell e Anselmo Ralph.  As “Ovinoites” prolongam-se noite fora ao som de vários DJ’s convidados.

Este ano vão coexistir aqui na OVIBEJA três espaços especiais, dois deles já vêm do ano passado: o Campo da Feira e a Terra Fértil. Junta-se-lhes este ano o espaço “O nosso cante”, uma homenagem, ao cante alentejano.

Estamos sempre a melhorar a feira, seja nos espaços já existentes, seja naqueles que se criam de novo.

O campo da Feira, por exemplo, é uma aposta ganha?

É uma aposta nitidamente ganha. Este ano terá uma componente animal, de animais em liberdade, no campo, e terá também muitos mais expositores de máquinas agrícolas, de novas tecnologias na agricultura, que se adaptaram muito bem a este espaço e que estão preparados para realizarem este ano uma grande exposição de maquinaria agrícola mais virada para o regadio. Também a exposição de animais em liberdade está a ser organizada pelas associações do sector, sabendo-se que trará muitos mais visitantes a esta zona da Feira, sobretudo muitas crianças e jovens.

Relativamente à exposição “Terra Fértil”, um espaço de agro-negócio, que no ano passado teve a primeira edição, haverá novos parceiros este ano?

Sim. A “Terra Fértil” é uma nova modalidade aqui em Portugal, mas que é muito usada nos países do norte da Europa, mas principalmente nos Estados Unidos, que é a chamada “B2B”, ou seja, o “Business-to-business”, onde se põem em contacto quem quer fazer negócio, neste caso empresas que se dedicam a culturas agrícolas como as que falámos, de hortícolas, de frutícolas, etc., e clientes que vão iniciar estas produções e que precisam fazer contratos de escoamento com as empresas transformadoras e outras. Portanto, é uma nova maneira de fazer negócio, é um espaço com 600 metros quadrados que dedicamos a esta área de negócios e em que existe um grande diálogo entre os agricultores e estas empresas através de pequenos encontros ou workshops, como se diz, onde dialogam com os seus clientes e apresentam as alternativas que têm para oferecer também para esta revolução do regadio.

“O nosso Cante” vai ser uma homenagem à nossa identidade

Este ano vai haver um novo espaço, “O nosso cante”, em homenagem ao cante alentejano. Tem a ver com o cante alentejano ter sido classificado como património da humanidade?

Sim, também, mas não só. Sobretudo porque, acima de tudo, na Ovibeja sempre se cantou – e da maneira que eu gosto mais de ouvir cantar e em que, às vezes, também me atrevo a cantar um bocadinho, que é o chamado cante informal. O canto alentejano é um fenómeno cultural que foi também, naturalmente, aproveitado pelos vários regimes políticos, desde o Estado Novo até aos projectos colectivistas que ultimamente tivemos. Todos os que vivem nesta coisa da política se aproveitaram um bocadinho do canto alentejano.

Canto ou cante?

Cada um chama-lhe o que quiser, mas o que defendo, enquanto alentejano, é que o cante, como lhe chamam agora, às vezes com k e tudo, deveria ser cada vez mais espontâneo e foi o que aconteceu sempre aqui na Ovibeja, anos a fio, onde os amigos se encontravam e mesmo sem estarem fardados e mesmo sem levarem nenhum pendão lá da Junta de Freguesia ou da Câmara Municipal, cantavam à volta de um copo de vinho ou duma cerveja, à volta dum petisco, dum queijinho, dum bocado de paio ou o que fosse, sem segundas intenções, num convívio agradável. A nossa tentativa com este espaço é, de alguma maneira, desmistificar esta maneira de estar que ultimamente foi criada e, acima de tudo, convidar as pessoas para virem cantar à Ovibeja.

E o que é que vai acontecer, de concreto, nesse sentido?

Para isso, haverá um grande encontro no sábado da Feira, dia 2 de Maio, como homenagem às nossas modas alentejanas, à nossa poesia e à maneira de a cantar. Cantar à alentejana é uma maneira de exprimirmos a nossa poesia porque “quem canta/seus males espanta” e o nosso cante (também já vou na onde do cante…) é uma coisa muito bonita porque é a maneira de dizermos que estamos apaixonados por isto ou por aquilo, ou por esta ou por aquele, é a maneira de dizermos que apesar de tudo temos a tenacidade para ultrapassar as grandes crises. Das crises da guerra – e há modas que dizem isso tudo, da 1º guerra mundial às guerras mais recentes, às guerras da minha geração, quando se canta: “Triste ver partir/um barco do continente…” – às crises da fome quando os trabalhadores iam à Câmara e diziam “quando trabalho não temos/à Câmara nos dirigimos…”, à emigração, fosse antes para o Brasil, fosse depois e agora também para a Europa… Há de tudo no canto alentejano. As cantigas, as modas alentejanas são a enciclopédia do Alentejo, têm lá tudo, desde a monarquia até à última revolução, aos tempos da guerra e da fome, aos tempos do amor e da festa. E há uma grande generosidade relativamente aos alentejanos que trabalham no campo.

Portanto, a ideia, no sábado, dia 2 de Maio, vai ser juntar aqui muitos cantadores e muitos grupos.

Queremos juntar milhares de pessoas que cantem e penso que virão com esse único objectivo: cantarmos todos juntos duas ou três modas a uma só voz, por assim dizer. Será, de certeza para todos, mas também para mim, um momento muito emocionante e em que todos poderemos comungar naquilo que é a nossa identidade. O Alentejo não tem fronteiras: comem-se açordas de alho desde Beja aos arredores de Paris, aos Estados Unidos, a África e por todo o mundo se canta à alentejana e se comem as nossas comidas onde quer que existam alentejanos. É uma homenagem a esta cultura que pretendemos realizar aqui na OVIBEJA e em que vão estar também presentes alguns grupos corais que vivem no estrangeiro.

E haverá também um “comboio do cante” com partida de Lisboa.

Esse é um projecto com a CP para transportar para a OVIBEJA os grupos corais que existem na região de Lisboa. Aliás, a ligação dos alentejanos ao comboio é histórica e há modas que lhe fazem referência: “depois que eu cheguei ao Barreiro/tomo o barco e passo o Tejo…”, sobretudo as modas da emigração dos anos 50 e 60 que começou a ser para a zona de Lisboa e para a cintura industrial, quando a agricultura não conseguia dar trabalho a todos aqui na região.

Uma Ovibeja cheia de diversidades.

É uma Ovibeja com muita diversidade e também com um espaço para as pessoas cantarem informalmente, com dois mil metros quadrados, que iremos transformar numa adega, numa taberna, mas também num local onde se poderão assistir e participar em debates sobre o cante e ver algumas fotos, alguns filmes e documentários sobre a nossa vida reflectida na forma de cantar à alentejana, que é uma forma central da nossa identidade.

Nota de redação: Entrevista realizada pelo Gabinete de Imprensa da Ovibeja que reproduzimos na íntegra


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