Mértola: Agricultores do Guadiana querem rede de água de emergência para animais.
A Cooperativa Agrícola do Guadiana, no Baixo Alentejo, defendeu hoje o aumento da capacidade de armazenamento e a operacionalização de uma rede de fornecimento de água para abeberamento de emergência de animais em situações de seca.
A cooperativa, com sede na vila de Mértola, distrito de Beja, refere que as funções da produção animal extensiva estão “ameaçadas” pela “dificuldade progressivamente sentida em muitas das regiões do interior, com destaque para o sul do Baixo Alentejo, em fazer face ao aprovisionamento de água para abeberamento dos animais”.
Por isso, “torna-se imperioso refletir e agir de forma consequente sobre este problema” para ser possível “ter uma ação proativa e não, como tem sido hábito até agora, meras medidas reativas avulsas, que não têm conseguido resolver a questão”, defendeu.
Neste sentido, a cooperativa propõe “uma abordagem integrada ao problema do aprovisionamento de água para o abeberamento animal”, que deverá abranger duas ações: o aumento da capacidade de retenção e armazenamento de água e a operacionalização de uma rede de fornecimento de água para abeberamento de emergência de animais.
A rede visa evitar que a produção animal extensiva seja “tão pesadamente onerada em situações de secas severas e extremas, como as que temos vivido nos últimos anos, e continue a assegurar as importantes funções que desempenha”, explica.
Segundo a cooperativa, a rede, “sem prejuízo de dispor de recursos próprios”, deverá ser integrada com as redes para abastecimento público de água e os perímetros de rega existentes, “num quadro sinérgico que salvaguarde também a sobrevivência das atividades de produção animal” nas zonas do interior do país.
A cooperativa lembra que a produção animal extensiva, que se baseia no aproveitamento de pastagens, assume “uma importância incontornável” nas zonas do interior, que têm “um clima caracterizado por uma distribuição sazonal da humidade, com verões quentes e secos”, e onde os animais assumem “um papel múltiplo, simultaneamente gerador de riqueza e produtor de serviços essenciais aos ecossistemas agrícolas nos quais assentam a atividade das explorações agrícolas”.
A abordagem integrada ao problema do abeberamento dos animais é um dos “três vetores de atuação” que a cooperativa “considera fundamentais para a manutenção da viabilidade dos sistemas de agricultura do sul do Baixo Alentejo” e refere ter apresentado ao Ministério da Agricultura como contributo para a Agenda de Inovação para a Agricultura.
Outro dos vetores é “o abandono do modelo histórico no cálculo do valor dos direitos a pagamento do Regime de Pagamento de Base” (RPB), que coloca Portugal “na cauda da Europa, como um dos três únicos Estados não-redistributivos”, e a adoção, “no mais curto prazo possível”, da “convergência plena” no cálculo daquele valor.
O outro vetor “passa pela adoção de uma nova abordagem à elegibilidade das superfícies ocupadas com prados e pastagens permanentes, deixando de confundir mato com abandono e usando a possibilidade existente, desde 2013, de considerar elegíveis as áreas pastoreadas e com presença de vegetação arbustiva”.
Desta forma, frisa a cooperativa, será possível por “termo” a “uma política quase cega de combate ao mato” e a “um quadro absurdo que tem empurrado os agricultores para a realização de desmatações, regra geral contrárias à proteção do solo e à salvaguarda da biodiversidade, com o único intuito de evitar penalizações” no âmbito da Política Agrícola Comum (PAC).
O artigo foi publicado originalmente em “Notícias ao Minuto”.