(Actualizada) Odemira: Sexagenário absolvido de matar, queimar e esconder corpo de vizinho.
Casimiro Martins foi absolvido dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida. O presumível autor do crime de António Felizardo, de 50 anos, cujo corpo foi descoberto num monte próximo de Saboia, concelho de Odemira em 20 de agosto do ano passado, esteve em prisão preventiva durante quase 9 meses.
A “investigação particular” feita por um vizinho da vítima e do presumível homicida leva coletivo de juízes do tribunal de Beja a absolver e a devolver à liberdade, Casimiro Martins, 66 anos, que estava acusado de matar, queimar e esconder o corpo de um vizinho e ainda de deter arma proibida.
Como o ex-presidiário, não tem condições monetárias e psicológicas para iniciar um processo autónomo e o Ministério Público não mandou extrair uma certidão para esse efeito, não se vai ficar a saber que na verdade matou António Felizardo. Quando o acórdão transitar em julgado, dentro de trinta dias, e for arquivado, vai ficar um crime por esclarecer e um homicida à solta.
O presumível autor do crime de António Felizardo, de 50 anos, cujo corpo foi descoberto num monte próximo de Saboia, concelho de Odemira em 20 de agosto de 2015, esteve em prisão preventiva durante quase 9 meses e deixou, pouco depois das 17.00 horas, o Estabelecimento Prisional de Beja, com os seus parcos haveres.
Casimiro Martins foi absolvido dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver e detenção de arma proibida.
Tal como o Lidador Notícias (LN) divulgou na edição da passada quarta-feira, o fato “da prova recolhida ter chegado ao processo à revelia das autoridades de investigação”, poderiam levar a um volte face na sentença, o que se veio a verificar.
O acórdão foi lido ontem pela juíza Ana Batista, que verberou o fato da PJ, só mês e meio depois do corpo de António Felizardo, de 50 anos, ter sido descoberto num monte próximo de Saboia, concelho de Odemira em 20 de agosto, “ter feito uma busca à busca à casa do arguido e não ter encontrado a arma”.
O corpo de António Felizardo, escondido e queimado, foi descoberto no leito de um ribeiro, por Florival Gonçalves, vizinho da vítima e do arguido, no dia 20 de agosto.
No dia seguinte, esteve mesmo homem, encontrou o telemóvel de António, que disse ter sido escondido Casimiro. Quatro meses mais tarde, depois da PJ ter feito uma busca à casa deste último, Florival encontrou uma pistola Browning, calibre 6.35 mm, e 17 munições, pretensamente escondido pelo homicida, e que teria sido usada para cometer o crime.
Durante a leitura do acórdão, a magistrada justificou que “a atuação” de Florival Gonçalves, o vizinho da vítima e do arguido, “avolumou as dúvidas” do tribunal, tanto mais que “entrou em casa do senhor Casimiro de forma ilegal”, justificou.
No decurso da única sessão do julgamento, o depoimento de Florival Gonçalves foi tão inverosímil e preciso, que levou o Procurador a dizer que fez “um trabalho de investigação de CSI”, tendo a testemunha respondido que surgiram “bocas” entre os vizinhos de que podia ter sido ele e “decidi atuar”.
Casimiro Martins, não tem família, nem casa e depois de deixar a cadeia, foi a advogada, que desembolsou a maior quantia, e dois jornalistas que ajudaram a custear o táxi para que o homem fosse entregue no lar de São Teotónio, em Odemira.
Vozes
Casimiro Martins (suspeito do crime)
“Sempre disse que não cometi nenhum crime. O que pensei enquanto tive preso? Pensei em suicidar-me, mas os guardas sempre me ajudaram. O meu vizinho Florival arranjou uma data de mentiras. Inventou o crime para eu desaparecer e me ficar com as coisas e foi com certeza o que aconteceu. Vou procurar arranjar outra casa para deixar aquele lugar e pedir a reforma”.
Margarida Lourenço (Advogada)
“Somente agora foi feita justiça. Todo o processo foi feito em bases de provas nulas e ilegais. O senhor Casimiro nem dinheiro tem para voltar para casa, quanto mais para recorrer. Estou a tentar uma solução para o levar de volta a casa”.
Teixeira Correia
(jornalista)