Barrancos: Longe do desenvolvimento, perto da saúde. A autarquia “não se rendeu”.


Um médico cubano e outro espanhol resolvem desde agosto do ano passado, o grave problema da falta de clínicos portugueses no centro de saúde de Barrancos (Noticia em destaque na edição de hoje do Jornal de Notícias).

Situada a um quilómetro da fronteira de Espanha, Barrancos dista 110 quilómetros dos hospitais de Beja e Évora. No entanto, a 11 quilómetros, em Espanha, o Centro de Saúde de Encinasola, foi e por vezes ainda é, a alternativa dos barranquenhos para “tratar da saúde”.

Farto das justas reclamações dos utentes e da indisponibilidade dos clínicos lusos para viverem ou se deslocarem para a vila da raia alentejana, o presidente da Câmara, António Tereno, “resolveu o problema” com o recurso a médicos estrangeiros.

A funcionar desde novembro de 2011, sempre amputado de médicos, no edifício da antiga Escola Primária de Barrancos, que depois de obras de readaptação, através de um protocolo, foi cedido pela autarquia à Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo.

Para meter a funcionar o centro de saúde sete dias por semana, com horário limitado até às 19,00 horas, a Câmara Municipal de Barrancos, avançou com duas medidas que resolveram o problema.

Em agosto de 2016 rubricou um acordo com a Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) para viabilizar um médico durante a semana. Aos fins-de-semana, assume os encargos com a presença de um médico espanhol.

O acordo com a ULSBA permitiu a de deslocação de um médico cubano que passou a residir em Barrancos. Aquela entidade de saúde assumiu o pagamento do vencimento do clínico e a edilidade barranquense paga o alojamento, água e a luz.

Ao LN, António Tereno, mostrou-se duplamente satisfeito com o clínico. “É um excelente profissional, além de uma excelente pessoa. Acreditamos que veio para ficar. Está perfeitamente integrado. Este é um bom exemplo de como ultrapassar os problemas”, rematou o edil.

Se de segunda a sexta-feira a situação estava resolvida, o fim-de-semana era uma dor de cabeça, que levou a edilidade a “abrir os cordões à bolsa”.

Vindo da vizinha Encinasola, um clínico espanhol segura o funcionamento do centro de saúde aos sábados e domingos, custando aos cofres autárquicos 2.000 euros/ mês.

No intervalo em que a unidade de saúde de Barrancos está encerrada, os cerca de 2.000 cidadãos recorrem ao centro de saúde de Encinasola, que funciona 24 horas por dia, e que “não rejeita” os doentes portugueses.

Mas no centro de saúde de Barrancos, os cuidados vão mais além com atendimento de enfermagem e um centro de fisioterapia, cujos custos são suportados pela ARS Alentejo.

Em visita efetuada no passado dia 6 de dezembro a Beja, o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes ouviu António Tereno descrever a situação que se vive em Barrancos.

Dirigindo-se ao autarca, o ministro enalteceu o exemplo de “com custos partilhados, consegue uma medicina internacionalista e verdadeiramente multilingue”, concluiu.

Adalberto Campos Fernandes gracejou com António Tereno: “o presidente disse com um à-vontade que me agradou, que em Barrancos tem a coisa resolvida. Paga a um (o médico espanhol) e a ARS Alentejo a outro (o medico cubano)”, rematou.

Teixeira Correia

(jornalista)

Créditos: Foto do site “estado de Barrancos”


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