Beja: Advogado em prisão preventiva. Indiciado do crime de tráfico de pessoas.
O advogado bejense, Hugo Machado, ficou em prisão preventiva. Vai aguardar julgamento no Estabelecimento Prisional da Polícia Judiciária, em Lisboa. Está indiciado do tráfico de pessoas.
Hugo Machado, advogado com escritório em Beja, detido na tarde da passada quinta-feira, por inspetores da Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ), por eventual tráfico de pessoas, na vertente para a exploração no trabalho, viu ser-lhe aplicada a medida de prisão preventiva.
O causídico, com cerca de 42 anos, foi ouvido na sexta-feira, durante perto de seis horas no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa, sendo depois conduzido para as instalações vizinhas do Estabelecimento Prisional de Lisboa (EPL), sendo posteriormente transferido para o Estabelecimento Prisional da Polícia Judiciária, onde vai aguardar julgamento.
Apesar de ter solicitado o patrocinou à Ordem dos Advogados, o arguido foi defendido por um advogado oficioso.
Um advogado comentou a detenção ao Lidador Notícias (LN), justificando que “é estranho e será algo de muito grave. Deverá existir muita prova para além do material apreendido nas buscas”, justificando a decisão do juiz do TIC sobre a prisão preventiva, que “considerou verificarem-se os pressupostos”, perigo de fuga, perturbação do inquérito e continuação da atividade criminosa, por se tratar de um crime punido com uma pena de 3 a 8 anos de prisão.
Enquanto dezenas de inspetores da PJ vasculhavam a Base Aérea 11, em Beja, no âmbito da operação “Zeus”, seis inspetores da UNCT, acompanhados por um juiz do Tribunal de Beja e de um representante da Ordem dos Advogados, fizeram buscas primeiro no escritório do advogado e no gabinete de contabilidade gerido pelo pai, do qual o advogado é sócio, localizado nas Galerias do Vale, em pleno centro histórico de Beja.
Os homens da PJ começaram as buscas no escritório de Hugo Machado às 10,30 horas, onde foi constituído arguido, e terminaram em casa do advogado seis horas depois, levando consigo o advogado, com o estatuto de detido, ficando nas celas das instalações da PJ, em Lisboa.
Segundo apurou o LN em causa está um processo que investiga, desde dezembro de 2015, o tráfico de pessoas, titulado pelo DIAP-4ª secção do Ministério Público (MP) de Sintra, que tem quatro cidadãos romenos como arguidos.
Este processo teve início na extração de uma certidão de um outro titulado pela mesma instituição, que no decurso da operação “Corda Bamba”, prendeu dezoito pessoas, dezassete romenos e um português, o único em liberdade.
Hugo Machado é um advogado que já defendeu no Tribunal de Beja, diversos processos envolvendo cidadãos romenos detidos e acusados do tráfico de cidadãos daquele país de Leste, que vinham para o Alentejo para a apanha da azeitona.
Além disso, o causídico seria o responsável pela criação de empresas geridas por cidadãos romenos prestadoras de serviços, celebração dos contratos de trabalho entre as sociedades e as herdades onde os trabalhadores iam prestar serviços, tratava das inscrições dos trabalhadores na Segurança Social e realizava a contabilidade das empresas, através do escritório de contabilidade gerida pelo progenitor.
Hugo Machado “Um advogado temperamental”
Casado, pai de dois filhos, é advogado desde 12 de setembro de 2006 e pertence ao Conselho Regional de Évora da Ordem dos Advogados.
Em 2006 foi condenado pelo Tribunal de Beja, a um ano de prisão, por um crime de tráfico de estupefacientes de menor gravidade, suspensa por um período de 2 anos, que cessou em maio de 2009.
Em 23 de setembro de 2015, foi condenada a uma multa de 1.400 euros e uma pena acessória de 6 meses de inibição de conduzir, por um crime de desobediência perante militares do Destacamento de Trânsito da GNR de Beja. Recorreu para o Tribunal da Relação de Évora, que manteve a decisão.
Em 5 de novembro de 2015, foi constituído arguido, sujeito a TIR, pela PJ, indiciado de dois crimes de tráfico de pessoas e dois crimes de usurpação de funções.
Os procedimentos resultaram de duas certidões retiradas pelos juízes Vítor Maneta e Ana Batista, durante o julgamento de dois clãs romenos acusados do tráfico de pessoas, ocorridos em junho e dezembro de 2014, no Tribunal e Beja. Em março do corrente ano, o MP de Beja arquivou o processo, por considerar que o advogado “agiu na competência das suas funções”.
Pinela Fernandes (presidente da Delegação de Beja da Ordem dos Advogados)
“Vamos aguardar o decurso do processo sem fazer julgamentos. Como em todas as profissões, existem pessoas boas e menos boas. Cada advogado pensa pela sua cabeça e isto não vai trazer problemas para a classe. O Conselho Geral da AO, ainda não tomou qualquer decisão sobre o patrocínio do colega. Acreditamos que o defensor vai recorrer da decisão, no sentido de alterar a medida de coação. Esperemos que seja colocado em outro estabelecimento prisional”.