Beja: Arte chocalheira, um património da UNESCO e um ex-libris da Ovibeja.


Chocalhos Pardalito, a caminhos dos 20 anos de Ovibeja. Património da UNESCO desde 1 de dezembro de 2015, a arte chocalheira, trouxe consigo um novo público “o turismo”. Fabricar chocalhos deixou de ser motivo de chacota e passou a ser uma saída de emprego.

Guilherme Maia- Chocalhos_800x800Há no Alentejo chocalhos com perto de 2000 anos fabricados pelos Romanos, em tudo similares àqueles que se há alguns séculos se fabricam em Alcáçovas, concelho de Viana do Alentejo. O chocalho começou por ser uma forma de identificação dos rebanhos de ovelhas e cabras e mandas de vacas, mas também os há para galinhas, perus porcos e cavalos.

De há uns anos a esta parte, o chocalho tornou-se também um produto de artesanato, que resulta de um trabalho manual de moldar uma chapa de ferro, do seu caldeamento em cobre através da passagem pelo forno e da sua afinação.

Aquela que era uma arte em vias de extinção, tornou-se desde o passado dia 1 de dezembro, uma “nova relíquia do Alentejo”, a par do cante e tudo aponta que no futuro se juntem as flores de papel das Festas do Povo, de Campo Maior.

Desde 1913 que na vila alentejana de Alcaçovas existem dados sobre as origens dos Chocalhos Pardalinho, a maior empresa portuguesa do setor e uma das responsáveis pela sobrevivência e expansão da arte.

Na Ovibeja, no Pavilhão da Pecuária, rodeado de animais, o stand daquela empresa é dos mais visitados, onde os criadores compras os chocalhos para os seus rebanhos e os amantes do artesanato adquirem um chocalho para expor na parede ou como simples porta-chaves.

Em 2017, os Chocalhos Pardalito comemoram 20 anos de presenças no certame, também como fornecedores dos instrumentos que permeiam os concorrentes dos concursos de ovinos e caprinos da feira. França, Angola e Espanha são os principais mercados para onde a empresa alentejana exporta.

Guilherme Maia, revelou ao Lidador Notícias (LN) que o reconhecimento da UNESCO “veio abrir outras perspetivas ao setor”, tendo a empresa em curso candidaturas para ações de formação “para criar novos chocalheiros e mais emprego”, justificou.

Além de valorizar o chocalho e a profissão “trouxe um novo público: o turismo”. Guilherme Maia, mostrou-se entusiasmado com o fato de ser chocalheiro: “deixou de ser chacota e é agora uma busca de saída de emprego”, rematou.

Na recém-disputada Volta ao Alentejo em Bicicleta, os chocalhos foram o prémio para os vencedores da prova, das etapas e das diversas classificações, podendo o mesmo vir a suceder na Volta a Portugal.

Teixeira Correia

(jornalista)


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