A instituição já gastou 850.000 euros em rendas, mais meio milhão de euros em obras, mas no futuro deverá o espaço passar a ser gerido pela Santa Casa da Misericórdia.
O que já devia ser um Lar Residencial da Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) em funcionamento, é há mais de quatro anos um edifício ao abandono onde foram gastos cerca de meio milhão de euros. Já foi alvo de roubos e é agora espaço de refúgio de toxicodependentes.
O edifício, a antiga cantina da REFER, pertence às Infraestruturas de Portugal (IP) e apesar das obras terem parado em fevereiro de 2017, a CVP continua a pagar a renda mensal onde já gastou até à data 850.000 euros.
Em 28 de novembro de 2012 a Cruz Vermelha, pela mão do então presidente Luís Barbosa, assinou com a IP um contrato de arrendamento do espaço, válido por 20 anos e renovável, para ali instalar a Casa de Repouso e o Serviço de Apoio Domiciliário, que funcionam num prédio antigo no Centro Histórico de Beja.
Depois de investidos 500.000 euros, em fevereiro de 2017 e por falta de financiamento bancário as obras pararam. Havia a hipótese da hipoteca de um imóvel da instituição noutra localidade, mas a ideia não avançou e o que era um equipamento de futuro virou um “mausóleo”.
Nove dias após tomar posse do cargo de presidente da Direção Nacional da CVP (27 de novembro de 2017), Francisco George esteve em Beja, cidade onde viveu entre 1976 e 2001 e anunciou que através da Delegação de Beja “vão ser investidos mais de um milhão de euros na construção da residência”, garantindo que “que no próximo dia 2 de janeiro de 2018 as obras vão ser retomadas. Está garantido o financiamento de 600 mil euros para as concluir”. Passaram três anos e a situação está na mesma: obras paradas.
O JN apurou que recentemente foi contratado um arquiteto para fazer um estudo sobre a obra e a possibilidade do seu recomeço. Gasto o dinheiro, alguém na estrutura de cúpula da CVP decidiu que a mesma não iria recomeçar.
Mas a situação pode vir a ter contornou mais graves. É voz corrente no interior da instituição que a Cruz Vermelha vai encerrar a Casa de Repouso e o Serviço de Apoio Domiciliário, que passará para a égide da Santa Casa da Misericórdia de Beja, que assumirá as obras e o aluguer do antigo edifício da Refer, mas a dívida do empréstimo de meio milhão continuará a ser da responsabilidade da CVP.
Por mail, no dia 26 de abril o Lidador Notícias (LN) questionou a Cruz Vermelha sobre todas estas situações, mas não obteve qualquer resposta, às várias questões colocadas.
Teixeira Correia
(jornalista)