(Atualização) Beja: Julgamento adiado “sine die”. Diretores de clube de caçadores de Moura julgados por desviar dinheiro de caçadas.
(Atualização): Julgamento foi adiado “sine die”, face à apresentação de novos documentos.
Oito homens e uma mulher com idades entre os 33 e os 61 anos, todos naturais e residentes em Moura, começam hoje a ser julgados no Tribunal da Comarca de Beja, estando seis arguidos acusados dos crimes de abuso de confiança e três do crime de recetação.
Nos autos investigados pelo Departamento de Investigação e Ação de Penal (DCIAP) de Évora, são imputados a alguns membros que coordenavam e dirigiam o Clube Mourense de Amadores de Pesca e Caça Desportiva (CMAPCD), com sede na cidade de Moura, que entre 2006 e 2010, o desvio de avultadas verbas das contas do clube e depositadas em contas bancárias próprias e de terceiros.
Quando foram ouvidos pelo DCIAP, os seis arguidos argumentarem que a instituição teve despesas superiores a 321 mil euros, mas desse valor, mais de 147 mil euros não têm suporte documental, dinheiro que os investigadores acreditam ter sido “incorporado na sua esfera patrimonial”, a que se juntam mais cerca de 6.500 euros, suportados por documentos de terceiras pessoas, que não do clube.
Na altura em que o processo começou a ser investigado, em novembro de 2010, em Moura falava-se de “um desfalque de dois milhões de euros”, valores que os denunciantes acreditam conseguir provar em tribunal, já que em muitos dos casos, os investigadores consideraram “ser indiscernível calcular o seu valor total”.
Entre a argumentação está o fato de o regulamento da secção de caça prever que os caçadores utentes da Zona de Caça Associativa que não fossem ou não residissem em Moura, tinham que pagar 2.500 euros de jóia e casos terá acontecido em que valor foi de 5.000 euros.
A investigação teve início numa denúncia apresentada no Ministério Público de Moura em 2008, por três sócios da coletividade, que levou inspetores da Diretoria de Faro da Polícia Judiciária a efetuarem buscas domiciliárias no pavilhão de caça do clube e nas habitações de três dos seis indivíduos apontados como os autores do desvio.
No dia que promoveram as buscas, 9 de novembro de 2010, os inspetores encontraram em casa dos três dirigentes, 2.290 euros em numerário, que acreditam ter sido proveniente da cobrança de uma quota suplementar aplicada meses antes aos sócios caçadores da coletividade.
Durante a investigação a PJ, vasculhou as contas bancárias do clube e dos implicados, apanhando o rasto de vários depósitos em numerário e cheques, durante os 4 anos a que diz respeito a denúncia. Os investigadores chegaram também à conclusão que um dos arguidos, Francisco F., utilizou as contas do filho, da filha e do genro, para “depositar dinheiro do clube”, estando os três indivíduos indiciados do crime de recetação.
O processo é constituído por 10 volumes e 11 apensos, onde consta diversa documentação bancária, tem 67 testemunhas, arroladas como acusação, além de uma perita financeira da Polícia Judiciária.
Ironia do destino, dois dos arguidos celebram o aniversário hoje, dia em que se sentam no banco dos réus, na primeira das treze sessões já agendadas do julgamento.
Teixeira Correia
(jornalista)