BEJA: Militar da BA 11 desertou
Mário Nunes, deixou a Força Aérea e partiu para o Curdistão para lutar contra o Estado Islâmico.
Segundo a edição de sábado do Jornal de Notícias (JN), soldado da Base Aérea 11 (BA11), sediada em Beja, dado pela Força Aérea Portuguesa (FAP), como em “situação de ausência ilegítima”, desde o dia 14 de Fevereiro, passou a partir da passada terça-feira a ter o “estatuto” de desertor.
Pelas inserções fotográficas e de texto na sua página de facebook, o militar revela que partiu para o Curdistão e ingressou no YPG, uma organização armada que luta contra o Governo Sírio, do presidente Bashar al-Assad e o Estado Islâmico.
Mário Nunes, que adotou o nome de “Havel Kadel”, 21 anos, deveria ter-se apresentado ao serviço, na Messe da BA 11, no sábado, dia 14, depois de um período de férias, mas tal não aconteceu. Todos os contactos feitos para o telemóvel, a fim de o tentar localizar, foram infrutíferos. Só dois dias depois e após acederem à página do militar, na BA 11 perceberam que este tinha deixado a FAP e ingressado no YPD.
No dia 10 de Fevereiro, Mário partilhou que deixara a Força Aérea e que ingressara como soldado do YPG, inserindo algumas fotografias de homens armados empunhando a bandeira amarela da organização.
De imediato surgem comentários de estupefação por parte de colegas e uma mensagem assinada por um amigo, Kader Kadandir que se diz “orgulhoso” pela atitude do português. No dia 11 de Fevereiro, Mário coloca uma mensagem onde diz: “juntem-se na luta contra o Estado Islâmico”.
Antes de ir de férias, aos colegas da tropa, Mário Nunes disse que ia para a Alemanha, enquanto à avó materna afirmou ir para Sagres, onde estava a mãe, mas nunca mais ninguém, militares, família e amigos, lhe soube do rasto.
Em 2014, Mário esteve na Turquia e no Iraque e num dos braços trouxe uma tatuagem em árabe onde se lia “morte aos americanos”. Questionado por colegas militares, disse estar contra o Islamismo e a tatuagem era “para despistar”. Aquando do ataque ao jornal francês Charlie Hebdo, o militar teve diversas manifestações de revolta contra os islamitas e ameaçou que “um dia os matava a todos”, contou um colega.
Ao JN e questionada sobre o desaparecimento do soldado, a Força Aérea, através do seu porta-voz, coronel Rui Roque, confirmou que o militar estava em “situação ilegítima de ausência desde 14 de Fevereiro”, acrescentando que foi “instaurado” um processo, no sentido de “apurar” as circunstâncias da ocorrência. No documento a FAP acrescentou que passados 10 dias, cabe “proceder à notificação das autoridades competentes” no caso a Polícia Judiciária Militar, dado que passava a ser considerado desertor.
Natural de Portalegre, Mário Nunes, era tido como um individuo “desequilibrado” vivendo no seio de uma família desestruturada, já que os pais estão separados há alguns anos. A mãe vive em Sagres, é doente e está desempregada, vivendo a avó e o pai é militar da GNR em Portalegre, vivendo uma segunda situação de separação. O militar tem uma irmã que estuda na Universidade de Pan Pablo, em Madrid.
Em Sagres, sobe anonimato, uma mulher que conhece a família e disse que a mãe de Mário sofre de “graves problemas de saúde”, tendo a avó deixado de trabalhar num restaurante local, onde era ajudante de cozinha, para ajudar a filha. “O Mário há muito que não aparece por estas bandas” contou a mulher.
Através de um colega da GNR, foi possível saber que o pai de Mário o tem tentado contactar, mas este não atende o telemóvel. A mãe de Mário, via telefone, ligou a chorar para a BA 11, para saber do paradeiro do filho.
O caso está a ser tratado pelo General José Pinheiro, Chefe do Estado Maior da Força Aérea (CEMFA), e aos militares da BA11, já foi pedida a “máxima discrição” nos comentários sobre o caso.
Teixeira Correia
(jornalista)