Beja: Parque de campismo tem 19 utentes, a maioria com mais de 70 anos.
“As pessoas estão assustadas”, diz o presidente da Câmara de Beja, sobre a obrigatoriedade de deixar os parques de campismo até amanhã. Autarquia contra saída de utentes.
“Não tenho o direito de escorraçar pessoas cuja única alternativa é o parque de campismo”, disse ao Lidador Notícias (LN) o presidente da Câmara Municipal de Beja, quando confrontado com o cumprimento do despacho do Governo que regulamenta a situação dos utentes dos parques de campismo e caravanismo e áreas e serviço de autocaravanas.
Paulo Arsénio, revelou que “temos 19 utentes, a maioria com 70 e mais anos, sendo que 15 são estrangeiros. Dez deles residem no parque há alguns anos e os restantes entraram em fevereiro e março”, acrescentando que no total “estamos a falar de 13 autocaravanas”, concluiu.
Em termos de números, o edil concretizou no parque “estão cidadãos de seis nacionalidades, entre os quais quatro casais. Há 6 holandeses, 5 britânicos, 4 portugueses, 2 belgas, 1 sueco e 1 alemão”, sustentando que destes “o cidadão sueco e um britânico procuram casa, mas com a situação que se vive, onde e como encontram”, pergunta o autarca bejense.
Recorde-se que documento aprovado pela secretaria de Estado do Turismo, que entrou em vigor no sábado, obriga à saída até à próxima sexta-feira dos utentes que à data da declaração de emergência “não residam a título permanente”, naqueles estabelecimentos turísticos.
Paulo Arsénio defende que “o parque está fechado e é o local mais seguro. Ao tempo que lá estão todos fizeram a quarentena e ninguém está doente”, justificando que “as pessoas estão muito assustadas. Vamos ver como tratar disto, é um assunto muito delicado”, rematou.
O edil bejense lembra que as fronteiras fechadas e questiona: “como vão para os seus países ?. Se o nosso governo ou dos seus países de origem fizerem voos de repatriamento estamos disponíveis para ajudar no seu transporte em viaturas da autarquia”, sustentou.
Paulo Arsénio revelou ainda que “um cidadão alemão que vive no Luxemburgo e uma cidadã holandesa procura regressar à Holanda para casa de uma irmã. Estão a tentar adquirir passagens aéreas”, concluiu.
O parque de campismo encerrou no passado dia 19 de março e, apesar de não existir ainda uma decisão do Executivo da edilidade bejense, Paulo Arsénio não coloca de lado a possibilidade de “o parqueamento deixar de ser pago, limitando-se os custos à luz e água”, justificando que “existe uma sala de recolha e as instalações são desinfetadas todos os dias”, aguardando que o Governo possa clarificar o despacho e “deixar margem às autarquias para ajudar e não decidir as vidas das pessoas”, concluiu.
Residentes podem permanecer nos parques de campismo, mas restantes têm de sair.
Os parques de campismo e de caravanismo têm que organizar a “saída ordeira e tranquila” dos utentes até sexta-feira, segundo um despacho do Governo publicado no domingo, que permite a permanência dos campistas residentes.
“Os utentes dos parques de campismo e de caravanismo que, no momento da declaração de estado de emergência efetuada pelo Decreto do Presidente da República 14-A/2020, de 18 de março, residam a título permanente nestes estabelecimentos turísticos, podem neles permanecer para assegurar a resposta à necessidade habitacional”, esclarece a secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, no despacho publicado no domingo em Diário da República e assinado no sábado.
A governante determina que a “organização da saída ordeira e tranquila dos utentes dos parques de campismo e de caravanismo, bem como dos utentes das áreas de serviço de autocaravanas, deve ser realizada no prazo de cinco dias úteis”, contados a partir da data de publicação do despacho, no domingo.
Teixeira Correia
(jornalista)