Beja: Proposta de Referendo Municipal sobre a demolição do Depósito de Água discutida hoje.
Proposta de Referendo Municipal, situação inédita no Alentejo, discute-se hoje na Assembleia Municipal. Em causa a demolição do Depósito de Água de Beja. Maioria CDU deve inviabilizar a consulta pública.
A Assembleia Municipal (AM) de Beja discute e vota hoje (quarta-feira) uma proposta de resolução do Grupo do Partido Socialista (PS), que defende a realização de um Referendo Municipal sobre a demolição do antigo Depósito de Água, situado no Centro Histórico e que ainda abastece às zonas altas da cidade.
A situação é inédita em todo o Alentejo, onde em 40 anos de Poder Autárquico, nunca em nenhum dos 47 municípios da região, se chegou ao ponto de propor um Referendo Municipal, para discutir qualquer matéria, incluindo os “escaldantes” tempos da Reforma Agrária.
O edifício foi construído em meados dos anos 40, do século passado, é propriedade da Empresa Municipal de Águas e Saneamento (EMAS), detida pela Câmara Municipal de Beja, cujo Maioria, eleita pela Coligação Democrática Unitária (CDU), defende a sua demolição.
Os eleitos do PS defendem que é necessário ouvir a população do concelho sobre o futuro a dar ao edifício, considerando que o assunto “não está cabalmente esclarecido”.
Os socialistas fizeram chegar ao presidente da AM um projeto de resolução onde defendem a consulta pública, mediante a seguinte pergunta: “Concorda com a demolição do Depósito de Água sito na Rua da Moeda, em Beja?”.
O PS lembra que no anterior mandato, sob liderança do seu militante Jorge Pulido Valente, foi adjudicado em 2013, um projeto com um custo aproximado de 230.000 euros que previa “a reabilitação do Depósito”.
Com a derrota dos socialistas o regresso ao Poder dos comunistas, liderados pelo carismático João Rocha, ex-autarca de Serpa, o projeto foi abandonando, porque este o edifício está “inativo e com deficiências estruturais e para recriar e exaltar o património histórico” da cidade, existente no local.
Num antigo edifício, situado na Praça da República, num espaço contiguo ao Depósito e onde existem achados arqueológicos, está a ser remodelado para nele instalar o Centro de Arqueologia e Artes de Beja, um investimento de cerca de dois milhões de euros.
A autarquia editou no passado mês de outubro um folheto, onde explica a razões da sua opção, onde apresenta as opiniões de diversas figuras da região, desde o arquiteto José António Falcão aos arqueológos Cláudio Torres, Conceição Lopes e Suzana Correia, que defendem a demolição.
Lopes Guerreiro, antigo vereador da Câmara de Beja, proprietário do blog “Alvitrando”, referiu que “a grande discussão é o seu derrube sem estar deviamente fundamentado”, justificando que mais do que “deitar abaixo, é preciso explicar”, justificando que face a todos os argumentos, “tendo a cair para a manutenção do Depósito”, continuando a defender um “grande debate” sobre o assunto, sustentou.
Pese embora todos os argumentos apresentados no Projeto de Deliberação dos socialistas, este deve ser chumbado, já que os comunistas têm a Maioria na Assembleia Municipal de Beja.
Teixeira Correia
(jornalista)