Covid-19: Alvito e Barrancos concelhos “limpos” da infeção.


Passados quase oito meses desde o início da pandemia de covid-19 em Portugal, já só há quatro municípios do continente, que registam nenhum ou até três casos confirmados acumulados. Alvito e Barrancos estão entre o reduzido número.

Alvito, Barrancos, Fronteira e Castanheira de Pera, são os concelhos do território continental que contabilizavam entre zero e três casos confirmados acumulados de covid-19 até às 12 horas de sexta-feira passada, de acordo com a análise do mapa do ponto de situação atual em Portugal da Direção-Geral da Saúde.

De acordo com dados da Direção-Geral da Saúde (DGS) e das câmaras municipais, citados pelo Jornal de Notícias (JN), somente aqueles os concelhos do continente passaram a ser os que não tinham nenhum ou menos de três casos confirmados, uma vez que os restantes somaram três casos ou mais.

Assim, desde o início da pandemia até segunda-feira, dos 308 municípios portugueses, do Continente e Regiões Autónomas, eram 15 concelhos apresentavam entre zero e três casos confirmados acumulados do novo coronavírus.

Penedono, Mêda, Penalva do Castelo, Castanheira de Pera, Castelo de Vide, Fronteira, Monforte, Alvito e Barrancos no território continental e a estes, somam-se os seis da Região Autónoma dos Açores onde, até ao mesmo dia, também não houve casos de infeção ou houve até três: Lajes das Flores, Santa Cruz das Flores, Corvo, Lajes do Pico, Vila Franca do Campo e Vila do Porto. Na Região Autónoma da Madeira, todos os concelhos têm mais de três casos confirmados.

Como já explicou a Direção-Geral da Saúde, quando os casos confirmados são inferiores a três, por motivos de confidencialidade, os dados não são apresentados, havendo uma orientação “para divulgar apenas os concelhos com mais de três casos, tendo por base o respeito pelo segredo estatístico”.

Comportamento e isolamento de Alvito são fatores

Alvito, com cerca de 2400 habitantes, é o único dos 14 concelhos do distrito de Beja sem registo de qualquer caso confirmado de infeção. “O grande mérito, se há mérito, é da população, que compreendeu desde o início a gravidade da situação, e que vem seguindo, com mais ou menos rigor, as regras e tem tido os cuidados fundamentais para o concelho continuar nesta situação de virgindade em matéria de covid-19”, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara de Alvito, António Valério.

Segundo o autarca, o comportamento da população “talvez seja um fator decisivo”, mas “há outros fatores com peso”, como o concelho ser “muito pequeno”, estar “isolado e afastado das grandes vias de circulação” e ter “poucos habitantes e uma população envelhecida, o que por um lado é um risco, mas por outro lado [os idosos] têm mais preocupações e cuidados”.

Medidas tomadas pelo município, como suspensão de eventos potenciadores de ajuntamentos e contratação de serviços ao Centro Académico de Investigação e Formação Biomédica do Algarve para acompanhar as escolas, e o apoio da GNR, que “tem estado sempre presente com uma atitude muito pedagógica”, são outros dos “fatores com peso” apontados por António Valério.

Poucos habitantes e “aceitação de regras” em Barrancos

Com quase 1800 habitantes, Barrancos tem conseguido manter um baixo número de casos, apesar de fazer fronteira com Espanha e ter como “vizinho” o concelho de Moura, o segundo mais afetado pela pandemia no distrito de Beja com 167 infeções confirmadas. Poucos habitantes, a “aceitação muito grande” da população das regras de prevenção da covid-19 e medidas adotadas pelas autoridades locais podem “ajudar a explicar” o baixo número de infeções no concelho, disse hoje à Lusa o presidente da Câmara de Barrancos, João Serranito Nunes. A deteção precoce e o isolamento dos dois únicos casos confirmados e a rápida testagem de contactos diretos também “evitaram” possíveis cadeias de contágio e mais casos, frisou.

Também “o receio” da população e o fecho temporário do ponto fronteiriço entre Barrancos e Encinasola, “apesar de ter complicado a vida” a trabalhadores fronteiriços e empresários, tiveram “um efeito positivo: o de ter travado o corrupio habitual entre os dois lados da fronteira”, disse João Serranito Nunes. O autarca frisou que só há registo de um caso de infeção na localidade vizinha espanhola de Encinasola e a maioria dos trabalhadores fronteiriços de Barrancos trabalha no campo e, por isso, correm menos riscos de infeção em Espanha.


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