Ferreira do Alentejo: Piloto morreu, mas a sua ação terá salvado os sete paraquedistas.
Jerome Louis Vanoutryve, o piloto da avioneta que na tarde de domingo caiu em Canhestros, concelho de Ferreira do Alentejo, morreu, mas terá sido a sua ação na manobragem do aparelho após a avaria, que permitiu aos sete paraquedistas saltarem e sobreviverem.
O cidadão belga, de 27 anos, um homem muito experiente na pilotagem do Pilatus PC-6 Porter, manobrou a aeronave, de matrícula alemã, de modo a que “todos os tripulantes deixassem a mesma e ainda colocasse o seu paraquedas”, revelou ao Lidador Notícias(LN), fonte dos bombeiros de Ferreira do Alentejo, segundo as explicações de alguns dos feridos. Versão confirmada pelo Tenente-coronel Rosa da GNR de Beja.
A fonte dos bombeiros ouvida pelo nosso jornal, justificou que a morte do piloto terá ocorrido na sequência da queda de parte da avioneta que o terá atingido. “Tinha o cárneo desfeito. O osso parietal estava à vista e a massa encefálica espalha no chão”, concluiu.
Tal como o LN revelou na edição de ontem, Jerome tinha o paraquedas colocado, mas o mesmo não abriu, acabando por morrer, ao contrário do que se passou com os sete paraquedistas que sobreviveram.
A aeronave caiu no domingo cerca das 19,00 horas, na Herdade do Outeiro, a de cinco quilómetros de Canhestros, pouco depois da descolagem do aeródromo daquela localidade, que é gerido pelo grupo 7Air, detentora da empresa de paraquedismo Skyfall e da companhia aérea Aero Vip, concessionária das linha aéreas regionais que ligam Bragança a Portimão e Porto Santo ao Funchal.
Por motivos ainda desconhecidos, a avioneta que fazia o primeiro voo depois da manutenção feita em Espanha, de onde regressou na passada quinta-feira, desintegrou-se no ar, não se tendo registado qualquer explosão. “Há destroços, que estão espalhados num perímetro de cinco quilómetros”, revelou António Gomes, comandante dos Bombeiros de Ferreira do Alentejo.
Dois dos feridos, de 40 e 45 anos, respetivamente, em estado considerado “grave, mas, clinicamente estáveis” foram transportados por dois helicópteros do INEM, que aterraram no local do acidente, para o Hospital de São José, em Lisboa, onde estão internados.
Um destes paraquedistas esteve muito tempo desaparecido e só foi localizado pelos ocupantes de uma aeronave que descolou do aeródromo de Canhestros com o objetivo de localizar o ferido, o que veio a suceder.
Para os serviços de urgência do Hospital de Beja foram transportadas duas mulheres, uma de 37 anos, de Alhos Vedros e outra de 48 anos, de Lisboa. Considerados como feridos ligeiros, tiveram alta cerca das 23,45 horas.
Os restantes três feridos foram assistidos do local e levados para o aeródromo tendo depois sido transportados para as suas residências.
Ontem (segunda-feira), estiveram no local técnicos do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronave (GPIAA) para fazer as peritagens à aeronave, tendo sido chamados dois peritos do fabricante suíço da avioneta, a Pilatus Aircraft, o que deverá acontecer durante o dia de hoje (terça-feira).
Álvaro Neves, o diretor do GPIAA, revelou que “não há vestígios de incêndio ou explosão, questão totalmente posta de parte. Como os destroços da aeronave estão espalhados pelo terreno, a desagregação deve-se a um problema estrutural”, justificou.
“Não foi ainda encontrada a cauda do aparelho, parte fundamental para apurar ou perceber as causas do que pode ter sucedido. Depois da vistoria dos técnicos da Pilatus, os destroços serão recolhidos e levados para o nosso hangar em Viseu, para peritagem”, rematou.
Quanto ao piloto, Álvaro Neves, confirmou que este “tinha o paraquedas. Abriu o cinto, mas deve ter ficado inconsciente e já não teve reação para abrir o paraquedas. Deve ter sido cuspido na parte final do voo, o cockpit estava 300 metros do corpo”, rematou.
No domingo, as operações de socorro evolveram 56 operacionais dos Bombeiros de Ferreira do Alentejo, Beja, Aljustrel e Cuba, GNR e Proteção Civil, apoiados por 22 por viaturas, entre elas a VMER do Hospital de Beja e dois helicópteros do INEM.
Jerome Louis Vanoutryve
Nasceu a 3 de maio de 1989, há 27 anos, em Nessancy Wolkrange, na província da Wallonia, na Bélgica. Piloto desde abril de 2015, da Pink Aviation Services, sedeada na Aústria, há alguns meses que voava em Portugal.
Antes e durante um ano e um mês esteve na Tailândia, trabalhando para a Thai Sky Adventure. Jerome tem 900 horas de voo no Pilatus PC6 Porter, num total de 1400 horas de voo na carreira.
Teixeira Correia
(Jornalista)