Força Aérea: Major, capitães e sargentos detidos por suspeitas de corrupção. Não há na BA11.


Uma megaoperação por suspeitas de corrupção nas messes da Força Aérea, que terão lesado o Estado em dez milhões de euros, levou à realização de 180 buscas e seis detenções. Não foram detidos militares na Base Aérea 11, em Beja.

beja-ba11-pj_800x800Um major, dois capitães e três sargentos foram detidos na operação “Zeus”, que está a ser realizada esta quinta-feira pela Polícia Judiciária (PJ) em conjunto com a Polícia Judiciária Militar (PJM) e que investiga crimes de corrupção ativa e passiva para ato ilícito e falsificação de documentos no fornecimento de bens alimentares à Força Aérea.

O major e um capitão foram detidos no Estado-Maior em Alfragide, Lisboa, e dois sargentos foram detidos na Base Aérea de Monte Real, em Leiria, apurou o JN.

Há suspeitas de corrupção no fornecimento de géneros alimentares que são consumidos nas unidades da Força Aérea. A PJ indica, em comunicado, que o esquema que está a ser investigado há um ano e meio poderá ter lesado o Estado em dez milhões de euros.

No decurso das 180 buscas – efetuadas em simultâneo em 12 bases militares, em 15 empresas e em diversos domicílios – foram apreendidas elevadas quantias em dinheiro, que os investigadores presumem ser o produto da prática dos crimes. De acordo com a PJ, foram ainda apreendidos outros elementos de “grande relevância investigatória”.

Em nota à comunicação social, a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou, durante a manhã de ontem , que as buscas decorreram em equipamentos militares localizados na Grande Lisboa, em Beja e em Leiria.

Foram emitidos mandados de detenção, confirmou a PGR, sem revelar o número.

No inquérito investigam-se suspeitas de, pelo menos desde o ano de 2015, algumas messes da Força Aérea serem abastecidas com géneros alimentícios, cujo valor a pagar, posteriormente, pelo Estado Maior da Força Aérea, seria objeto de sobrefaturação.

De acordo com a PGR, “tal sucederia por acordo entre militares que trabalham nas messes, fornecedores dos géneros alimentícios e um elemento do departamento do Estado Maior da Força Aérea com funções de fiscalização das referidas messes”.

“Com a concordância destes intervenientes, os fornecedores de diversas empresas entregariam determinadas quantidades de alimentos, mas, o valor faturado no final de cada mês seria cerca de três vezes superior ao dos bens entregues na realidade. A diferença entre o valor faturado e o dos produtos efetivamente fornecidos seria dividida pelos elementos envolvidos”, explica a PGR.

Na operação “Zeus” participaram cerca de 330 investigadores e peritos da Polícia Judiciária, de diversas unidades orgânicas, acompanhados por cerca de 40 elementos da Polícia Judiciária Militar, bem como de 27 magistrados do Ministério Público.

O inquérito é titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa e envolve a Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da PJ.

O JN sabe que o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Manuel Teixeira Rolo, deu total cobertura à operação.

O porta-voz da Força Aérea, coronel Rui Roque, afirmou esta quinta-feira que a cadeia de comando do ramo teve conhecimento da operação e que está a prestar “toda a colaboração”, tal como fez “nas investigações preliminares”.

Rui Roque disse ainda que as ações de investigação desencadeadas, cerca das 10 horas, decorrem em unidades da Força Aérea no continente. Excetuam-se, disse, as unidades nos Açores e na Madeira e as três estações de radar do continente e o aeródromo número 1, em Ovar.

Beja, a maior base da Força Aérea. Não houve detidos.

Pelas 10.15 horas, saiu da Base Aérea de Beja um carro identificado com cinco militares da comissão central de investigação do Estado Maior da Força Aérea. Cerca de dez minutos depois entraram três viaturas da PJ e pelas 10.40 horas mais uma da mesma força policial.

Durante a tarde várias viaturas da PJ e PJM militar entraram e saíram da BA 11, mas pelo que foi apurado não se verificaram detenções.

A Base Aérea de Beja é a maior do país e aquela que costuma receber exercícios militares no âmbito da preparação das Forças Armadas, nomeadamente da NATO. Na semana passada, o primeiro-ministro António Costa esteve nesta base aérea a assistir ao exercício Lusitano 2016.


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