Carta de protesto da Comissão Política Distrital de Beja do PSD para enviar à Direção Nacional do partido, através do secretário-geral, não foi assinada e “ficou na gaveta”. Todos discordaram da estratégia de Rio, mas ninguém o afrontou. Conhecida lista de candidatos.
Após a reunião da Comissão Política Distrital (CPD) foi enviado aos seus membros um mail contendo uma carta de protesto (leia o documento publicado na totalidade no final da notícia) pela forma como o PSD conduziu o processo de nomeação do cabeça de lista pelo distrito de Beja, documento que depois de assinado seria enviado a José Silvano, secretário-geral do partido, mas acabou por “ficar na gaveta”.
Lista de candidatos pelo Círculo de Beja, aprovada no Conselho Nacional, em Évora: Efetivos/ 1º- Henrique Silvestre Ferreira, 2º- Inês Isabel Mota Batista e 3º- José Pinela Fernandes. Suplentes/ 1º- Gonçalo Lourenço Palhinhas, 2º- Andreia Calvário Graça Guerreiro e 3º Maria do Céu Velez.
Ao Lidador Notícias (LN) fonte ligada ao processo afirmou que “houve falta de coragem e demasiados jogos táticos”, lamentando que o que foi uma posição de protesto “assumido por palavras, depois caiu quando foi preciso colocar o nome”, revelou o interlocutor.
Na missiva a que o LN teve acesso era comunicado a José Silvano que não foi aprovada qualquer lista de candidatos pelo facto de todos os presentes “manifestaram de forma muito clara e veemente, o seu mal-estar e desconforto” pela decisão que foi comunicada sobre a escolha da personalidade para encabeçar esta lista.
Assumindo que não se trata de colocar em causa a legitimidade estatutária da Direção Nacional, mas “a consciência de ir ao encontro e respeitar a vontade das estruturas locais e regionais”, que visava que o PSD recuperasse o deputado que perdemos no distrito, mas face da posição de Rui Rio “esta disposição e este ânimo foram claramente abalados por esta decisão unilateral que foi tomada sem respeitar todos aqueles que nos momentos melhores e menos bons, dão a cara pelo Partido”, justificam.
Defendendo que a voz do PSD na região “não tem tido a representação que merece e não podemos cometer erros”, o documento que o secretário-geral deveria ter recebido era defendido que “se existir uma lista forte e equilibrada, respeitadora da vontade maioritária dos militantes, transportando o conforto e a mobilização que são necessários”, concluíam.
Garantindo à Direção Nacional que respeitando o nome indicado, Henrique Silvestre, a carta que seguiria da CPD de Beja sustentava que aquele “não é a melhor opção para liderar esta candidatura”, afirmando esperar dos órgãos nacionais do partido “seja revertida esta decisão e tomada uma outra mais consentânea com a região e a vontade expressa da maioria dos militantes”, terminava a missiva que acabou por não deixar o edifício da Praça da República, em Beja.
Por esta decorre em Évora o Conselho Nacional do PSD onde vão ser aprovadas as listas completas para todos os círculos eleitorais com vista às Eleições Legislativas de 30 de janeiro de 2022.
Teixeira Correia
(jornalista)
Documento da CPD de Beja
Companheiro José Silvano
Secretario Geral:
Terminou por volta das sete horas da tarde de hoje uma reunião da Comissão Política Distrital de Beja, que tinha como ponto único da ordem de trabalhos a aprovação da lista de candidatos às eleições legislativas de 30 de janeiro.
Esta reunião que começou às quinze horas não conseguiu aprovar qualquer lista de candidatos pelo facto de que todos os presentes manifestaram de forma muito clara e veemente, o seu mal-estar e desconforto pela decisão que nos foi comunicada sobre a escolha da personalidade para encabeçar esta lista.
Não se trata de por em causa a legitimidade estatutária da Direção Nacional de indicar o cabeça de lista nos diversos círculos eleitorais, mas a consciência de que o deve fazer, em condições normais, o que é o caso, de forma a ir ao encontro e respeitar a vontade das estruturas locais e regionais.
No Distrito de Beja, como em outros Distritos, houve posições diferentes no apoio aos nossos companheiros que se candidataram a Presidente do Partido, mas consumado o ato eleitoral, rapidamente se ultrapassaram as divergências criadas e em nome do reforço do nosso Partido e do interesse nacional, estamos juntos e unidos para termos Rui Rio como Primeiro-Ministro de Portugal e recuperarmos o deputado que perdemos no nosso Distrito.
Esta disposição e este ânimo foram claramente abalados por esta decisão unilateral que foi tomada sem respeitar todos aqueles que no dia-a-dia, nos momentos melhores e menos bons, dão a cara pelo Partido e pelas suas posições e mais do que isso amam a sua terra e querem o seu progresso e desenvolvimento.
O nosso Distrito tem sido sistematicamente esquecido pelo poder central, a voz do PSD não tem tido a representação que merece e não podemos cometer erros.
Sabemos hoje, pela proliferação de partidos políticos à direita do PSD, que a situação é mais difícil e exige muito trabalho e empenho de todos e essa tarefa será facilitada se existir uma lista forte e equilibrada, respeitadora da vontade maioritária dos militantes, transportando o conforto e a mobilização que são necessários.
Respeitamos quem foi indicado para encabeçar a lista, não estão em causa as suas qualidades pessoais, mas pelo conhecimento que temos, e pelas circunstâncias atuais, pensamos que não é a melhor opção para liderar esta candidatura.
Pelos factos apresentados e por constituir nosso dever de lealdade para com a Direção Nacional, estamos a dar conta do que sentimos e a solicitar que, sem por em causa as orientações estabelecidas, seja revertida esta decisão e tomada uma outra mais consentânea com a região e a vontade expressa da maioria dos militantes.
Beja 4 de dezembro de 2021
