Quase 1,2 milhões de votos não serviram para eleger deputados, são apontados como votos “atirados para o lixo”. No caso do distrito de Beja 48,4% estão entre os votos que não serviram para eleger deputados.
O Círculo Eleitoral de Beja é o segundo do país onde se desperdiçaram mais votos, com 48,4%, só tendo sido ultrapassado por Portalegre com 49,5%.
Dos 76.998 validamente expressos no distrito de Beja, 37.265 votos “foram para o lixo”, por não existir um Círculo de Compensação.
Segundo um estudo do matemático Henrique Oliveira, do Instituto Superior Técnico (IST), mais de 1.166.263 votos sem representatividade no país, somando os restos de todos os círculos eleitorais analisados (20 correspondentes ao território nacional). Corresponde a 19,5% dos votos válidos”, indica a análise.
De acordo com a análise aos resultados, o PS foi o partido mais eficiente porque elegeu em todos os círculos até este momento, ficando com restos de apenas 7,6% da sua votação, tendo uma taxa de conversão de 92,4% dos votos em mandatos, seguido de perto pela AD. No outro extremo, o PAN apenas consegue converter 20,6% dos seus votos em mandatos.
Henrique Oliveira destaca o caso da votação obtida pela coligação AD (PSD, CDS e PPM) no distrito de Portalegre, onde os 14.132 votos que obteve não serviram para eleger um deputado.
“Note-se que os círculos recordistas da percentagem de restos face à sua votação são Portalegre com 49,5%, seguindo-se Beja com 48,4%, o círculo da Guarda vem em terceiro lugar com 38,7%, círculos com três ou menos mandatos atribuídos”, refere. A Madeira “tem elevados restos face à votação” (39.1%) devido ao partido Juntos Pelo Povo, que é um fenómeno regional, indica ainda o estudo.
De acordo com o estudo, as principais forças políticas viram desperdiçados — sem contarem para a eleição de deputados – mais de 100 mil votos cada: mais de 144 no caso da AD, 132 mil no PS, 103 mil no Chega, 124 mil na IL, 155 mil no BE, 107 mil na CDU, 105 no Livre e 94 mil no PAN.