Opinião de Rogério Copeto: “SER UM GNR”.


O “Grupo Novo Rock” (GNR), ainda sem Rui Reininho, lançaram no ano de 1981 uma música chamada “Sê um GNR”, com a seguinte letra: “Tens 18 anos e a 4ª Classe/És um jovem ambicioso/Vem ser um GNR/Procuras aventura e emoção/Uma farda e um boné/Vem ser um GNR/GNR, eu quero ser/GNR, eu quero ser, GNR/Vem ser um gordo da GNR”.

Roger Copeto_800x800Rogério Copeto

Tenente-Coronel da GNR, Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

Chefe da Divisão de Ensino/ Comando da Doutrina e Formação

O apelo dos “GNR” passados 34 anos foi respondido, este ano, por 13 628 cidadãos portugueses (homens e mulheres), que em 1981 ainda não eram nascidos e possivelmente nunca ouviram a música “Sê um GNR”.

No passado dia 8 de agosto, desses 13 628 candidatos, foram convocados 12 247, para realização da “Prova de Conhecimentos”, com o objectivo de preencher 450 vagas, para frequência do “Curso de Formação de Guardas 2015/2016” no Centro de Formação de Portalegre da GNR e cujos resultados foram conhecidos na semana passada, tendo 4 402 obtido uma nota superior a 9,5 valores.

Dos 4 402 candidatos aprovados na “Prova de Conhecimentos” foram agora convocados 1 223, para a realização das “Provas Físicas”, que se iniciaram ontem dia 24 de agosto, sendo aqueles que conseguirem superar todos os obstáculos das provas físicas, ainda serão sujeitos à “Avaliação Psicológica” e aos “Exames Médicos”.

Os 1 223 candidatos ainda em concurso são todos cidadãos portugueses e maiores de 18 anos e hoje todos têm de ter pelo menos o 11º ano de escolaridade ou equivalente, para além doutros requisitos, que um acesso ao “Portal de Recrutamento” da GNR poderá melhor esclarecer.

Todos concordarão que a imagem que um GNR tinha em 1981 junto da população portuguesa é muito diferente daquela que tem hoje, e não é de estranhar que a música dos “GNR” termine com “Vem ser um gordo da GNR”, que bem podia ser “Vem ser um gordo de bigode da GNR”, fato que não consideramos pejorativo, nem indicativo que o GNR da década de 80, era melhor ou pior profissional, por ser caricaturado dessa forma, porque tal como hoje, a GNR sempre teve no seu quadro excelentes profissionais, independentemente do seu aspecto físico.

Mas de certeza que o autor da letra da música “Sê um GNR” se a tivesse de escrever hoje, já não a terminaria da mesma forma, apesar de ainda existirem nos quadros da GNR militares com peso acima do ideal, para a sua altura, porque hoje, e passados 30 anos após o lançamento da referida música, a imagem que a população portuguesa tem da GNR é muito diferente, daquela que tinha no início da década de 80.

Não só a imagem que a população tem da GNR mudou, como também mudou a forma como os “GNR” agora liderados por Rui Reininho olham hoje para a GNR, e a prová-lo está o excelente concerto que tiveram o privilégio de dar com a Banda Sinfónica da GNR, em 2013, no Pavilhão Atlântico (assista ao Concerto e descubra se foi ou não tocada a música “Sê um GNR”).

Hoje os homens e as mulheres da GNR apresentam-se, quer em Portugal, quer no estrangeiro, nas diversas missões nacionais e internacionais, que têm desempenhado com eficácia e eficiência, aqui e em todos os cantos do mundo, com elevado profissionalismo, contribuindo dessa forma para a excelente imagem que a GNR mantem em Portugal e no estrangeiro, sendo reconhecidamente uma instituição moderna, humana, próxima e de confiança.

Para isso, muito têm contribuído os elevados níveis de exigência, com que os candidatos aos Cursos de Formação de Guardas são confrontados, tendo as provas atrás referidas um papel essencial na selecção dos futuros Guardas da GNR.

Aos 450 candidatos que conseguirem superar todas as provas, aguarda-lhes um “Curso de Formação de Guardas” (CFG) exigente qb (não é para super-homens), nas vertentes académica, militar, física e psicológica, o qual todos os formandos vão recordar, como os melhores tempos da sua carreira na GNR.

É verdade, que durante o curso, todos os formandos desejam que acabe depressa, mas no dia a seguir ao “Compromisso de Honra” (Cerimónia Militar que encerra o CFG e onde todos os Guardas Provisórios juram defender a pátria, mesmo com o sacrifício da própria vida), lembram-se com saudades dos momentos que passaram, em especial os mais difíceis e que conseguiram superar com sucesso.

Vão também recordar todos os seus camaradas, que tal como ele, conseguiram terminar o curso com espírito de sacrifício, passando a considera-los como “irmãos”. Os laços criados durante o CFG, apesar de não serem de “sangue”, conseguem ter a mesma força ou mais, chamando-se a isso “Camaradagem”, valor que a sociedade se refere como “Espírito de solidariedade” e que nós militares conhecemos muito bem, sendo essa “Camaradagem” que nos ajuda a cumprir todas as missões, para as quais a GNR é chamada, quer em território nacional, quer no estrangeiro.

Durante o CFG para a além da “Camaradagem” os formandos vão conhecer outros valores, já em desuso na sociedade civil e que só os militares ainda revelam, tais como a disciplina, a abnegação, a coragem, a lealdade, o sentido de responsabilidade, o espírito de sacrifício, a disponibilidade e o espirito de missão.

Ser um GNR não é ter uma profissão igual às outras, não quero com isto dizer que é melhor ou pior, é seguramente diferente, porque estamos sujeitos a todas as regras que qualquer cidadão está, para além daquelas que internamente nos regem, tais como o nosso estatuto, o nosso código deontológico e o nosso regulamento de disciplina, que nos obrigam a observar um conjunto de deveres e que nos limitam os direitos.

A GNR tem por isso para oferecer, a todos os 450 jovens cidadãos portugueses e maiores de 18 anos, que conseguirem entrar na instituição, para além de “aventura e emoção, uma farda e um boné” (agora uma boina), como a letra da música “Sê um GNR” refere, a certeza de poder desempenhar, no âmbito das suas diversas missões e valências, qualquer uma das muitas funções, tais como, militar, policia, professor, bombeiro, socorrista, cavaleiro, investigador, técnico forense, motorista, marinheiro, fiscal, assistente social, instrutor, tratador, treinador, atleta, músico, informático, fotógrafo, etc.

Os novos 450 militares da GNR também ficam a saber, que passam a pertencer a uma Força de Segurança que tem à sua responsabilidade 94% do território nacional, onde garante segurança a pessoas e bens, durante as 24 horas do dia, 365 dias por ano, faça chuva ou faça sol, nos dias, horas e condições em que o vulgar cidadão se recolhe no aconchego familiar, tendo como única recompensa o reconhecimento da população que serve e a consciência que desenvolve uma profissão essencial num estado de direito democrático, onde sem segurança, não pode existir liberdade, o primeiro dos direitos, sendo essa responsabilidade assumida todos os dias pelos militares da GNR.


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