Opinião (Rogério Copeto/ Oficial da GNR): “OPERAÇÃO FÁTIMA”.


Portugal recebeu a visita de Sua Santidade o Papa Francisco nos dias 12 e 13 de maio e a GNR cumpriu a missão com elevados níveis de segurança, merecendo rasgados elogios, de todos aqueles que estiveram no Santuário de Fátima.

Rogério Copeto

Tenente-Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

Chefe da Divisão de Ensino/ Comando de Doutrina e Formação

De acordo com o comunicado da GNR que apresentou os “Resultados finais das Operações de Fátima”, foram empenhados entre os dias 1 e 14 de maio, nas três grandes operações que realizou, denominadas “Operação Peregrinação Segura”, “Operação Fronteira Vigiada” e “Operação Centenário” cerca de 17.336 militares, 4.505 viaturas, 260 cavalos e 238 cães.

As três operações atrás referidas foram executadas com eficácia e eficiência, sendo o dado mais relevante, o baixo número de crimes registados no Santuário de Fátima, onde foram denunciados 18 furtos de carteira, um furto em veículo, quatro furtos de outra natureza e seis crimes diversos, no total de 29 crimes, assim como a ausência de acidentes ou incidentes que tenham envolvido peregrinos na sua deslocação em direção a Fátima, muito tendo contribuído a distribuição de 50 mil coletes refletores e 300 mil folhetos com conselhos de segurança e a criação da aplicação móvel para smartphones denominada “APPeregrinos”, assim como o acompanhamento de cerca de 117.500 peregrinos pelos militares da GNR durante o seu deslocamento para Fátima.

Outro dado a ter em conta foi a constante fluidez do trânsito rodoviário, nos acessos à cidade de Fátima, incluindo a A1, não se verificando qualquer fila de veículos, nem nos momentos de maior fluxo, pelo que o planeamento foi correctamente executado, levando a que tenham ocorrido unicamente cinco acidentes, dos quais só resultaram danos materiais.

Sem surpresa foram os resultados alcançados decorrentes da reposição do controlo de pessoas e mercadorias na fronteira externa, onde foram detidas 63 pessoas e apreendidos 708 mil euros em numerário,  36,35 kg de haxixe, 8 veículos, 46 armas e 40 munições.

Estes resultados tiveram eco em todos os órgãos de comunicação social, tendo os números referidos tido destaque no Correio da Manhã na peça “Números da Segurança na Operação Fátima 2017”, assim como na Rádio Renascença na peça de 14 de maio referido “’Operação Fátima’. GNR apreendeu dezenas de armas e quilos de droga”. E após as declarações da Secretária Geral do Sistema de Segurança Interna, Procuradora Geral Adjunta Drª Helena Fazenda no dia 15 de maio, foi a vez da Rádio Comercial que referiu “Operação Fátima: ‘Correu tudo bem’”, o Público destaca a serenidade com que foi realizada a operação no artigo “Governo destaca serenidade na operação de segurança em Fátima” e a RTP salienta que a operação também decorreu conforme o planeado na peça “Operação de segurança em Fátima decorreu conforme planeado”.

A vertente do socorro é destacada pelo Jornal de Noticias no artigo “Operação Fátima correu bem e deixa legado para o futuro” (sem link disponível), onde é referido que “entre os dias 10 e 14 de maio o dispositivo, composto por bombeiros, operacionais da Cruz vermelha e do Instituto Nacional de Emergência Médica, assistiu 1.539 peregrinos e respondeu a 395 emergência pré-hospitalares”. Nas palavras do Comandante Operacional da Autoridade Nacional de Proteção Civil “o dispositivo respondeu muitíssimo bem, o que mostra que o planeamento foi adequado” atribuindo o sucesso da operação á articulação entre as entidades envolvidas.

Outra vertente importante nestes eventos são as comunicações, e tendo em conta a ausência de referências às comunicações usadas pelas entidades responsáveis pela segurança e pelo socorro, estamos em crer que o SIRESP (Sistema Integrado das Redes de Emergência e Segurança de Portugal), terá funcionado plenamente e respondido às necessidades. No entanto as comunicações usadas pelos peregrinos não deixam também elas de ser um factor de segurança para os próprios, pelo que todas as operadoras reforçaram os respectivos sinais conforme a TSF deu destaque, em 10 de maio, na peça “Operadoras reforçam sinal de telemóvel em Fátima”.

Por esse motivo veio agora a Vodafone fazer o balanço desses trabalhos de reforço, e através da Tribuna da Madeira no artigo “Balanço da operação Vodafone em Fátima” ficámos a saber que a Vodafone aumentou em 94% a sua capacidade em relação aos anos anteriores, registando nos dias 12 e 13 de maio, mais de 1 milhão de minutos de voz e processados mais de 5 terabytes de dados. Se multiplicarmos estes dados pelo número de operadoras, ficamos a conhecer a real dimensão das comunicações realizadas por todos os que estiveram no Santuário de Fátima, onde também se incluem todas as entidades envolvidas na segurança e no socorro, porque também elas fazem uso de telemóveis.

Para quem esteve no Santuário de Fátima durante a visita de Sua Santidade o Papa Francisco, reconhece que do ponto de vista da segurança tudo correu bem e que foi um factor de tranquilidade, tendo esse ponto de vista sido referido pelos “vaticanistas” (jornalistas de vários países que acompanham os diferentes Papas nas suas viagens), e que acompanharam o Papa Francisco nesta viagem a Portugal, conforme é referido pelo Diário de Noticias na sua edição de 16 de maio no artigo “’O Silêncio em Fátima’ e segurança impressionam vaticanistas”, onde é referido que “Os jornalistas estrangeiros ficaram impressionados, tal como se surpreenderam com o dispositivo de segurança, por ser discreto”. Tendo inclusive a jornalista mexicana Valentina Alazraki, que já realizou 142 viagens papais declarado que “Esperava mais nervosismo por parte das autoridades policiais, mais medidas de segurança. Tive a sensação de que tudo correu com grande tranquilidade. Aliás, comentámos isso entre os jornalistas, que a segurança foi muito discreta, não foi ostensiva nem para os peregrinos nem para nós. Atuou sem se dar por ela”.

Para quem já realizou 142 viagens papais referir que a segurança foi discreta, é sem dúvida um enorme reconhecimento do trabalho realizado pela GNR, sabendo que estiveram no santuário e nas suas imediações, cerca de 17.336 militares, 4.505 viaturas, 260 cavalos e 238 cães durante os dias da “Operação Fátima”, de modo a responder às 14 ameaças identificadas pela GNR, conforme referido pelo Diário de Noticias, no seu artigo de 11 de maio, denominado “GNR identifica 14 tipos de ameaças possíveis na visita do Papa”, onde constam como ameaças identificadas, as situações de pânico, o atropelamento em massa, os bombistas suicidas, os atiradores furtivos, os sequestros, os ataques com drones, os atentados com material nuclear, radioativo, biológico ou químico, os engenhos explosivos, os objetos suspeitos, os bloqueios da circulação rodoviária, as falhas nos sistemas informáticos, as falhas nas telecomunicações, as queda de estruturas e a retirada de altas individualidades que corram risco.

Pelo exposto, resta-nos em nome de todos aqueles que se deslocaram a Fátima (onde também me incluo), agradecer a todos os militares da GNR, pelo profissionalismo (apesar de alguns constrangimentos provocados por menos boas condições de alojamento), com que executaram a missão de garantir segurança a todos os que estiveram no Santuário de Fátima, contribuindo para que a GNR seja identificada em Portugal e no estrangeiro como “Uma Força Humana, Próxima e de Confiança”.


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