Ourique: Câmara previne cheias de inverno na Ribeira de Garvão. Evitar intempéries de 1997.


Câmara de Ourique faz trabalhos de limpeza na Ribeira de Garvão, visando a defesa da segurança das populações. Na memória viva das populações estão os doze mortos das intempéries de 5 de novembro de 1997.

ourique-limpeza-ribeiras_800x800Na sequência de uma reunião com a população da Funcheira, em que o estado da Ribeira de Garvão suscitou preocupação, prontamente constatada pelo Presidente da Câmara Municipal de Ourique em visita ao local, Marcelo Guerreiro, assumiu o compromisso de intervir para erradicar o evidente risco existente, em caso forte precipitação pluvial.

Assim, decorrem neste momento trabalhos de limpeza, de desobstrução e de regularização de troço na Ribeira de Garvão, destinados a assegurar a recuperação do leito da ribeira, preparando-o para a modelação dos caudais, e a evitar a inundação das suas margens.

Embora a responsabilidade deste tipo de intervenções seja, nos termos da legislação em vigor, dos proprietários e da Agência Portuguesa do Ambiente-Administração Regional Hidrográfica do Alentejo, não existindo qualquer tipo de financiamento que concorra para estas intervenções de manutenção do território, ponderada a salvaguarda da segurança das pessoas e bens, o Município de Ourique assumiu a responsabilidade de intervir com recursos próprios, através da realização de trabalhos orçados em cerca de 30 mil euros.

Uma vez mais, face ao risco existente e ao trágico histórico das cheias de 1997, o Município de Ourique colocou-se do lado das soluções, em vez de sublinhar o problema ou remeter responsabilidades para outros.

Em breve, os trabalhos deverão estar concluídos, as condições de segurança das populações estarão melhor salvaguardadas e o território estará em melhores condições para enfrentar os desafios que o outono e o inverno encerram.

Perante o avanço dos trabalhos, Marcelo Guerreiro sublinhou a importância da realização das intervenções de manutenção que concorram para a redução dos riscos existentes no território. “Esse é um desafio de todos. Aqui na Ribeira de Garvão, pela trágica memória do passado e pela palavra que dei numa reunião com a população da Funcheira, achámos prudente intervir para melhorar as condições de segurança. A segurança das pessoas e dos seus bens é uma preocupação permanente do Município”.

Catástrofe de 5 de novembro de 1997 (Texto do jornalista Carlos Pereira)

Doze mortos, dezenas de feridos, centenas de famílias desalojadas e, numa avaliação ainda incompleta, milhões de contos de prejuízos – tal é o balanço do temporal que assolou o Alentejo na noite de quarta-feira, dia 5. As zonas mais atingidas foram as de Beja, Mértola, Aljustrel, Ourique, Castro Verde e Odemira, no distrito de Beja, e Mourão, no distrito de Évora, mas houve estragos em 28 concelhos de toda a região.

Enquanto se socorre as vítimas, se procede às primeiras limpezas e reparações e se inventaria os danos, o país mobiliza-se numa campanha de solidariedade e os autarcas exigem ao Governo maiores e mais céleres apoios e a declaração de estado de calamidade pública nas áreas afectadas.

Chuvas torrenciais e ventos fortes provocaram na quarta-feira, em poucas horas, uma autêntica catástrofe no Alentejo, causando mortes e feridos e deixando um rasto de destruição em vários concelhos. Registaram-se 12 vítimas mortais em Ourique (6, em Garvão, Funcheira e Santana da Serra), em Aljustrel (4, em Carregueiro), em Moura (1, em Sobral d’Adiça) e em Serpa (1, na estrada entre Serpa e Brinches), além de mais de meia centena de feridos.

Mas o temporal, que desabou entre as 18 e as 24 horas, período em que se verificaram elevadas precipitações, como por exemplo em Beja, onde choveu mais de 100 litros por metro quadrado -, causou também inundações, incluindo de muitas habitações, o desmoronamento de casas, o derrube de árvores e postes, o corte de estradas e caminhos, a destruição de pontes e pontões, a interrupção das comunicações telefónicas e do abastecimento de energia eléctrica e de água, o arrastamento de viaturas, o alagamento dos campos de culturas, a morte de centenas de cabeças de gado e outros gravíssimos danos materiais, ainda não calculados.


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