Pomarão/ Mértola: Ponte fechada afasta espanhóis do Festival do Peixe do Rio.


Celebrar o rio Guadiana, valorizar o seu peixe e conseguir uma mais-valia económica para os empresários locais, são os grandes objetivos que norteiam a realização do Festival do Peixe do Rio, que decorre entre hoje e amanhã, na localidade do Pomarão, concelho de Mértola.

Organizado pela Câmara Municipal da “Vila Museu”, a edição de 2017 viu reduzida a presença de visitantes estrangeiros vindos de Espanha, de El Granado, Puebla de Guzman, Villanueva de los Castillejos, El Almendro e Tharsis, da Província de Heulva, localidades próximas da fronteira, em virtude de há quatro meses a ligação entre os dois países estar interrompida a cerca de 100 metros do tabuleiro da Ponte Internacional do Baixo Guadiana. Um deslizamento de terras na HU-6400, do lado de “nuestros hermanos, arrastou para a rodovia várias toneladas de pedras e terra, que barraram aquela via por completo.

O presidente da Câmara de Mértola já reuniu com o secretário de Estado das Infraestruturas para que este interceda junto do Governo espanhol, para que sejam efetivadas as obras e remoção de terras, que permita abrir a via e a ponte. “O Governo Português está à espera da marcação de uma reunião”, disse ao JN, Jorge Rosa, autarca mertolense. “As razões para as obras não terem sido feitas são várias. Uma das quais se deve a desentendimentos políticos entre o Governo Central que é do PP e o autonómico que é do PSOE, sobre quem é a responsabilidade da obra. Certo, certo é que não há trânsito há três meses”, concluiu.

A Ponte Internacional do Baixo Guadiana foi inaugurada em 26 de fevereiro de 2009 e significou um investimento que rondou os 2,3 milhões de euros. A Câmara de Mértola e a Diputación Provincial de Huelva investiram 572 mil euros e os restantes 1,7 milhões de euros do FEDES, através do Projeto HUBAAL-Interreg IIIA.

No entanto, muitos foram aqueles que “ignoraram” as placas que assinalam o corte de estrada e

Chegaram junto ao aluimento, deixaram as viaturas e fizeram a pé, cerca de 300 metros, para chegarem ao local onde decorre o festival e degustarem as iguarias do rio Guadiana. Os automobilistas contam com a “ajuda” da Guardia Civil, tem fechado os olhos à situação, que conjuntamento com a GNR faz um patrulhamento misto em Portugal.

Juan Romero, 55 anos, empresário agrícola, residente Villanueva de los Castillejos, que dista cerca de 30 quilómetros do Pomarão, assumiu um misto de sensações “feliz por estar aqui mais um ano, triste pela interrupção da estrada, que nos priva de virmos mais vezes ao Alentejo”, justificou.

Apesar de tudo a autarquia mostra-se satisfeito com a realização do certame e a presença de público. “Sabíamos que teríamos menos espanhóis, daí que fizemos uma grande divulgação do evento nos concelhos vizinhos para atrair mais pessoas e a aposta foi ganha”, disse ao JN, Jorge Rosa.

Lampreia, enguias e muge, são alguns dos peixes que são servidos pelas diversas coletividades do concelho, convidadas pela autarquia. O cante alentejano é outro dos atrativos do certame, que termina amanhã no Pomarão, antigo porto mineiro que servia as Minas de São Domingos, há muitos anos desativas.

Três autocarros da Câmara, fazem o transporte gratuito das pessoas entre Mértola e o Pomarão, para que quem conduz se possa divertir de forma segura e retire carro do local do festival.

Teixeira Correia

(jornalista)


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