Portel: Grupo de Cantares Regionais celebrou 40 anos.
Quando na noite de 5 de janeiro de 1976, uma dezena e meia de jovens percorreu as ruas de Portel entoando o “Cante dos Reis”, estavam longe de saber que davam os primeiros passos para a criação do Grupo de Cantares Regionais, que hoje celebra 40 anos.
Para trás fica um percurso de grande atividade, com espetáculos por todo o país a gravação de vários discos em vinil, as quais extintas cassetes e depois alguns CD’s e centenas de idas à televisão. Esse período áureo, foi mesclado com algumas interrupções, que de tempos em tempos se repetem.
Falar-se do Alentejo e do cante, ainda que acompanhado por instrumentos, à memória vem duas grandes canções, que celebrizaram os “regionais” como são conhecidos em Portel: “Eu ouvi um passarinho” e Senhora cegonha”. Dos quinze “magníficos” que percorreram as ruas de Portel, o grupo cresceu e chegou a ser composto por 33 elementos.
Na década dos anos 80 e “à revelia do grupo” a editora grava um single (disco em vinil pequeno), onde o “Passarinho” é uma das modas”, lembra Norberto Patinho, antigo presidente da Câmara e uma das grandes vozes do grupo. “Estivemos sete semanas do top de vendas em Portugal. Inédito e histórico para o Alentejo e a música tradicional”, lembra orgulhoso o cantador.
Do bolso dos cantadores saiu o dinheiro para a compra dos instrumentos e a gravação de umas cassetes.
“O primeiro instrumento, um acordeão, foi oferecido por um senhor do Norte, gerente bancário na vila”, lembra Bernardo Calabaça, o alto do grupo. O antigo cantoneiro, uma das vozes mais conhecidas e apreciadas do Alentejo, revela que “o edifício da sede, era uma antiga taberna, também ela cedida graciosamente por uma família portelense”.
Pelo Grupo de Cantares Regionais de Portel, passaram várias gerações de famílias. “Mais de uma centena e meia de vozes já passaram pelo grupo”, atira Bernardo. Ainda hoje, volvidas quatro décadas, falar de Portel e do seu cante, é sinónimo de se trautear “Eu ouvi o passarinho”. Hoje na noite de “Cante dos Reis”, as tabernas e as ruas de Portel, voltam a ser cenário para recordar o nascimento dos “Regionais”.
Teixeira Correia
(jornalista)