Prisões: Guardas em vigília contra afirmações sobre fuga de Caxias. Beja sem fugas há 35 anos.


O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional convocou uma vigília para quarta-feira em protesto contra as declarações do diretor-geral dos serviços prisionais sobre a fuga de três detidos da cadeia de Caxias. Beja sem fugas há 35 anos. Guardas têm uma greve marcada para os dias 21, 22 e 23 deste mês.

Em causa as declarações de Celso Manata ao jornal Expresso, no dia 25 de fevereiro, causaram mal-estar entre os guardas prisionais “porque só apontava para as hipóteses de a fuga ter sido possível por ter havido corrupção, dolo ou negligência dos guardas” do Estabelecimento Prisional de Caxias, em Oeiras.

Quanto a Estabelecimento Prisional de Beja (EPB), de acordo com informações que o Lidador Notícias apurou junto de uma fonte ligada ao EPB desde 1982, há 35 anos, quando um cidadão estrangeiro se evadiu, que não não há uma fuga.

A unidade prisional de Beja, que foi durante muitos anos classificado como “regional”, foi já durante a segunda década do ano 2000, reclassificado pela Direção Geral dos Serviços Prisionais como de “media complexidade”.

No dia 19 de fevereiro, três reclusos, dois chilenos e um português, fugiram na madrugada do EP de Caxias através da janela da cela que ocupavam, tendo dois sido capturados em Espanha. O recluso português continua fugido das autoridades.

Na entrevista, o diretor-geral de Reinserção e Serviços prisionais referiu que “houve uma denúncia de corrupção que pode explicar a fuga”, podendo ter havido “uma atuação dolosa ou negligente, por ação ou omissão, da parte do pessoal”.

A fuga mereceu a instauração de um processo de averiguações, a cargo do Serviço de Auditoria e Inspeção da Direção-Geral, mas segundo Jorge Alves “duas semanas após o ocorrido nenhum guarda prisional que estava de serviço em Caxias foi ouvido”.

A diretoria de Lisboa da Polícia Judiciária também está a investigar o caso. Nos últimos cinco anos fugiram 52 reclusos das cadeias portuguesas.

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional tem agendada uma greve para os dias 21, 22 e 23 deste mês.

Outros casos no Estabelecimento Prisional de Beja

Novembro de 2016: Recluso puxa fogo à cela disciplinar fica gravemente ferido.

Maio de 2015: Um guarda do Estabelecimento Prisional Regional (EPR) de Beja, está desde ontem de baixa domiciliária, a ser tratado e medicamentado, depois de lhe ter sido diagnosticado tuberculose.

Novembro de 2014: A PSP deteve sete pessoas, seis mulheres e um homem, com idades entre os 23 e 65 anos, todos de nacionalidade portuguesa, por suspeitas de tráfico de droga e apreendeu 525 doses de haxixe que se destinavam a ser introduzidas no Estabelecimento Prisional Regional de Beja.

Junho de 2014: Uma rede, composta por seis elementos, cinco homens e uma mulher, que operava a partir de Évora e introduzia estupefacientes no Estabelecimento Prisional de Beja, foi desmantelada pela GNR, PSP e Guarda Prisional. Pai e filho, apontados como os mentores do esquema, foram julgados e condenados a penas de prisão.

Novembro de 2013: Um recluso de 22 anos suicidou-se, através de enforcamento, na sua cela no Estabelecimento Prisional de Beja.

Agosto de 2013: Três mulheres arquitetaram um plano para meter droga na cadeia. Uma delas introduziu quatro embalagens de haxixe com 82,39 gramas na vagina, mas foi apanhada dentro do estabelecimento. As outras duas tinham PSP à espera no portão da saída.

Março de 2013: Agressão entre dois presos do Estabelecimento Prisional de Beja, ocorrida em 2013 e julgada ontem no Tribunal da cidade, condenada com 6 meses de prisão, mas convertida em trabalho comunitário.

Teixeira Correia

(jornalista)


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