Beja: Carmelo encerra 68 anos após a restauração.


As duas últimas irmãs foram deslocadas ontem para local desconhecido. Bispo de Beja tinha anunciado o fecho do Carmelo há três anos, quando este celebrava os 65 anos da Restauração.

Sessenta e oito anos após a restauração, o Carmelo do Sagrado Coração de Jesus, em Beja, o primeiro convento feminino da Ordem do Carmo em Portugal, foi ontem encerrado com a saída das duas últimas Irmãs Carmelitas, Madalena e Luísa, cujo novo destino é ainda desconhecido.

No passado mês de agosto, Inês a terceira das religiosas tinha deixado o Carmelo, deixando o Convento entregue às duas últimas “sobreviventes” da Congregação no espaço. As carmelitas viviam em clausura, sendo as regras da Ordem do Carmo.

O processo de encerramento do Carmelo de Beja começou em 12 de julho de 2019, quando a Santa Sé assinou o decreto que tornava definitiva a medida, uma decisão que só foi tornada pública três meses depois pelo bispo de Beja, D. João Marcos. A decisão da Santa Sé foi justificada pela falta de religiosas, tendo o responsável máximo da Diocese de Beja justificado que “o mosteiro é uma comunidade e para existir comunidade pelas normas da Santa Sé, têm que haver pelo menos sete pessoas”, explicou o bispo.

No dia 28 de abril de 2019, quando o Carmelo celebrou os 65 anos da sua Restauração, a Eucaristia foi presidida pelo Vigário da Diocese Padre Rui Carriço, uma vez que o D. João Marcos se tinha ausentado para o estrangeiro, tendo dois meses depois sido conhecida a decisão da Santa Sé em encerrar o convento.

O Carmelo do Sagrado Coração de Jesus foi fundado em abril de 1954 pelo D. José do Patrocínio Dias, natural da Covilhã, que foi Bispo de Beja entre 1922 e 1965, tendo sido uma figura determinante na restauração da Dioceses de Beja. Para refundar o Carmelo, naquela data vieram de Sevilha seis carmelitas, quatro portuguesas e duas espanholas, entre as quais a Madre Priora.

Quando há três anos foi tornado público o encerramento do Carmelo, o Bispo de Beja referiu que “brevemente uma nova comunidade irá habitar entre nós”, mas volvido todo esse hiato de tempo, a única realidade conhecida é que o convento fechou. Uma pergunta que se faz desde aquela data em Beja, é qual será o destino a dar ao edifício, instalado uma propriedade com cerca de 7.700 metros, localizada na principal entrada da cidade, no acesso de e para Lisboa.

O terreno onde foi edificado o Mosteiro foi cedido por um casal de Beja, Maria e Francisco da Cruz Martins, podendo os herdeiros dos doadores vir a pedir a reversão do mesmo, depois do encerramento do espaço.

Teixeira Correia

(jornalista)


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