“Corda Bamba”: Advogado Hugo Machado absolvido. Há 13 condenados a prisão.
Advogado Hugo Machado foi absolvido no processo “Corda Bamba”. O acórdão foi lido esta tarde no Tribunal de Monsanto. Treze dos 26 arguidos foram condenados a penas efetivas de prisão.
Hugo Machado, 43 anos, advogado com escritório em Beja, detido, em 4 de novembro de 2016, por inspetores da Unidade Nacional de Contra Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ), no âmbito do processo conhecido como “Corda Bamba” ouviu ontem o juiz do Coletivo do Tribunal de Monsanto absolve-lo de um crime de associação criminosa e trinta e cinco crimes do tráfico de pessoas.
O causídico viria a ser libertado em 16 de março de 2017, depois do Juiz de Instrução Criminal (TIC) do Tribunal de Sintra ter alterado a medida de coação. Ficou então proibido de contactar com arguidos e testemunhas, mas podia continuar a exercer a profissão.
O Coletivo de juízes do Tribunal de Monsanto aplicou penas de efetivas de prisão a 13 dos 26 arguidos, entre 0s 6 e os 16 anos de reclusão. Outros dois arguidos foram condenados por lenocínio, um outro com pena suspensa e um último a pena de multa. Os restantes nove arguidos foram absolvidos, estando entre eles o advogado Hugo Machado.
Após conhecer a decisão, e entrevista à TVI24, Hugo Machado, mostrou-se triste e agastado com “o estado da justiça”, justificando que sobre a absolvição “não estou aliviado, nem contente. Mais do que o meu processo estou triste pelas penas aplicadas. O meu processo é de somenos importância”, sustentou.
Hugo Machado foi crítico para com a Ordem dos Advogados justificando que “desde 4 de novembro de 2016, daí em que fui preso e até ao dia de hoje não deu (a Ordem dos Advogados) despacho ao meu pedido de apoio judicial”, justificou.
Quando questionado sobre se deixaria a profissão, Hugo Machado garantiu que “não há razões para deixar de ser advogado”, rematou.
Mário Barão e José Horta, ambos residentes em Serpa e Ricardo Moreira, residente em Cabeça Gorda (Beja), foram também absolvidos das acusações que sobre eles pendiam.
Recorde-se que a investigação do processo teve início em dezembro de 2015, titulado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP)-4ª secção do Ministério Público (MP) de Sintra e resultou da extração de uma certidão de um outro processo também dirigido pela 4.ª secção do DIAP de Sintra, em colaboração da UNCT, e esteve na origem da operação “Corda Bamba”.
A ação policial levou à detenção de dezoito pessoas, treze homens e cinco mulheres, depois de mais de 30 buscas realizadas durante toda a manhã do dia 17 de novembro de 2015, em vários pontos do território, mas sobretudo na zona Oeste, mais concretamente em Óbidos e na Ericeira, no litoral alentejano, em especial em Santiago do Cacém, Vila Nova de Milfontes, Odemira e São Teotónio, e ainda em Serpa e Cabeça Gorda.
Na altura das detenções ocorridas no dia 17 de novembro, Hugo Machado patrocinou cinco dos indivíduos detidos, entre eles o arguido, tido como líder do grupo, Victor Bambaloi.
A Operação “Corda Bamba”, que investigou e acusou 26 pessoas dos crimes de associação criminosa e 35 de tráfico de pessoas, 16 romenos, 5 búlgaros, 4 português, entre eles o advogado bejense Hugo Machado, um cidadão de Cabeça Gorda e dois de Serpa, e 1 ucraniano, dos quais 16 encontram-se em prisão preventiva.
As autoridades detiveram os suspeitos que consideram “implicados numa rede”, liderada pelo clã Bambaloi, de origem romena, que se dedicava a “explorar” de compatriotas nos trabalhos agrícolas, a maioria nos campos do Alentejo.
Teixeira Correia
(jornalista)