Mértola: Vaticano distingue Campo Arqueológico.
De acordo com a notícia divulgada já esta tarde pela edição online do Jornal da Notícias (JN), o Campo Arqueológico de Mértola, no Alentejo, recebeu o prémio deste ano das Academias Pontifícias do Vaticano,
O Campo Arqueológico de Mértola, no Alentejo, recebeu o prémio deste ano das Academias Pontifícias do Vaticano, dedicado aos primeiros séculos do Cristianismo, pelas campanhas arqueológicas dos últimos anos e pelos “extraordinários resultados obtidos”.
O prémio foi entregue durante a sessão pública das Academias Pontifícias que decorreu esta semana, no Vaticano, a sede da Igreja Católica, disse o arqueólogo e diretor do Campo Arqueológico de Mértola (CAM), Cláudio Torres.
Na mensagem enviada aos participantes da sessão pública, o Papa Francisco justificou a entrega do prémio “pelas campanhas arqueológicas conduzidas nos últimos anos e pelos extraordinários resultados obtidos” pelo CAM, no distrito de Beja.
“É uma honra” receber o prémio das Academias Pontifícias do Vaticano, que é “uma motivação extra e um reconhecimento importante do trabalho de muita investigação arqueológica” desenvolvido pelo CAM, disse Cláudio Torres.
O arqueólogo espera que o prémio “contribua para que seja retomado o apoio científico e financeiro fundamental” que a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) prestou ao CAM durante vários anos, sobretudo através de financiamento de bolseiros.
No entanto, “devido à descapitalização da investigação científica em Portugal, a equipa de 15 investigadores” do CAM “tem tido muitas dificuldades e sobrevivido mal com a falta de apoios da FCT”, referiu.
Cláudio Torres também espera que o prémio permita ao CAM “aprofundar e consolidar os laços de colaboração e de investigação científica e arqueológica” que tem com várias universidades para poder “abrir a investigação para outros campos, principalmente para o mediterrâneo”.
Segundo o arqueólogo, “há anos” que o CAM anda “a investigar um dos períodos mais negros da história de Portugal entre o mundo romano e o islão” e a encontrar, naquela vila, “uma quantidade impressionante e insuspeita de vestígios de época paleocristã”, nomeadamente necrópoles, basílicas, mausoléus e batistérios.
Mértola “era uma cidade portuária importante no mundo antigo e tardo antigo e estamos a encontrar fenómenos fortíssimos e importantíssimos de continuidade que eram desconhecidos” e as descobertas têm “modificado completamente a maneira como vemos as civilizações e a passagem do mundo antigo para o moderno”, disse.
As descobertas revelam que “uma parte importante do mundo cristão é que se converteu ao islão e que a história não foi feita por invasões, mas sim por conversões”, disse.
No princípio, “as duas religiões, o paleocristianismo e o islamismo, eram muito parecidas entre si e, portanto, há uma grande conversão de cristãos de várias outras seitas que não eram os católicos ao islão”.
A história “é um bocado diferente daquilo que se poderia imaginar” e o que Campo Arqueológico de Mértola tem descoberto “é o resultado de um trabalho de muita investigação arqueológica, porque a arqueologia, habitualmente, fala mais verdade do que os livros”, rematou.