Alentejo: A seca e o abastecimento às populações obriga a remoção de peixes em barragens no Alentejo.


Eram 06,00 horas quando quatro pescadores de Moura, lançaram as redes na albufeira da barragem da Vigia, concelho de Redondo, para darem início à operação de retira de carpas, pimpão e peixe-gato.

Em causa está a manutenção da qualidade de abastecimento da qualidade da agua, aos cerca de 7.000 habitantes daquele concelho.

A próxima albufeira a ser intervencionada, amanhã ou quarta-feira é a barragem do Monte da Rocha, em Ourique e na próxima semana as barragens Pego do Altar (Alcácer do Sal) e Divor (Arraiolos).

Ao todo vão ser retiradas 150 toneladas de peixes, numa operação que envolve um custo de 120 mil euros, suportados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e coordenada pela Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA).

Em causa está a seca extrema que se vive em Portugal, em particular na região Alentejo, levou as autoridades ambientais a intervir nas albufeiras cuja cota é reduzida, tendo como principal objetivos prevenir a mortalidade de peixes e a degradação da qualidade da água.

Um dos casos mais preocupantes é o da barragem da Vigia, que nesta altura está a 13% do total do armazenamento, sendo a primeira a sofrer a intervenção de remoção piscícola, de onde deverão ser retiradas 30 toneladas de peixes.

De acordo com Vítor Catita, responsável técnico da EDIA, o que se pretende com esta operação “é evitar que o peixe morra dentro de água, consuma oxigénio e degrada a qualidade da mesma”, revelando que todos os exemplares retirados das albufeiras “têm três destinos: fabrico de farinha de peixe, isco para a pesca e alimentação à mão para animais”, concluiu.

Homens experimentados na pesca em águas paradas, quatro pescadores de Moura, chegam todos os dias às seis da manhã, estendem as redes e tiram tudo o que fica nas malhas. “É um trabalho duro face ao sol, mas é aliciante porque também percebemos que estamos a faze-lo em prol da comunidade. Com um inverno com chuva, não seria necessária esta operação”, justificou Vítor Apolo, 37 anos de idade e 12 de atividade piscatória.

A própria EDIA já deu início ao processo de remoção de peixes em algumas das albufeiras do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), nomeadamente nos Álamos (Portel), Penedrão (Ferreira do Alentejo) e Pisão (Beringel/ Beja), de onde já foram retiradas 14 toneladas de peixes, que poderiam afetar “a transferência de água para os perímetros de rega confinantes, dada a redução do volume armazenado.

Segundo o GRPC, “as espécies predominantes nas albufeiras são o achigã e a carpa. Os peixes removidas para uma empresa incineradora, onde serão triturados e destinados ao fabrico de rações para animais”, justificou.

O Sistema Global de Alqueva, compreende 69 barragens e reservatórios, uma área de 120 mil hectares de regadio em explorações e garante o abastecimento aos aproveitamentos hidroagrícolas confinantes, casos do Roxo (Aljustrel), Odivelas (Ferreira do Alentejo, Campilhas (Santiago do Cacém) e Vigia (Redondo).

Teixeira Correia

(jornalista)


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