Puxou de uma arma para um guarda que multara a mulher. Foi condenado uma pena de 1 ano e 2 meses de prisão e só 15 meses depois a GNR o condenou a 2 meses de suspensão, num segundo processo interno.
O sargento-ajudante do Comando Territorial de Beja (CTBeja) da GNR condenado pelo Juízo Central Criminal de Lisboa, com intervenção do Tribunal Coletivo Militar, a uma pena de prisão 1 ano e 2 meses de prisão, foi punido com 60 dias de suspensão, o que não implica a sua saída da Guarda.
Nuno F., de 46 anos, foi condenado no dia 1 de outubro de 2021, a 1 ano de prisão pelo crime de abuso de autoridade por outras ofensas e a 7 meses de prisão pelo crime de uso ilegítimo das armas, no que resultou a pena global de 1 ano e 2 meses de prisão, suspensa na sua execução pelo mesmo período e sujeição a regime de prova, mediante plano de reinserção social.
Em despacho do comandante do CTBeja datado do passado dia 11 de novembro e publicado na Ordem de Serviço interna na passada sexta-feira, o militar foi punido com a pena de sessenta dias de suspensão e de acordo com o documento a que o Lidador Notícias (LN) teve acesso, “por violação do dever de autoridade e o dever de proficiência”, tendo cumulativamente o militar “baixado à 3ª classe de comportamento”.
Tal como foi revelado no passado mês de novembro pelo LN, houve um primeiro processo interno em que o inquiridor, por entender que se tratava de uma infração muito grave, defendeu a pena de separação de serviço, ou seja, a demissão definitivo como militar da GNR. No entanto o documento acabou por ficar na gaveta do Comando do CTBeja, porque o arguido solicitou a alteração do oficial instrutor do processo, que terminou nas mãos de outro oficial, que apôs a conclusão do mesmo, propôs a pena de suspensão de 60 dias, que agora se confirma. Esta condenação fica dentro do limite dentro das competências do comandante do CTBeja, o que restringiu o seu envio para o Comandante Geral da Guarda ou para o Ministro da Administração Interna.
Os factos ocorreram no dia 31 de agosto de 2020, quando o sargento-ajudante se deslocou do Destacamento Territorial de Moura (DTMoura), onde prestava serviço, ao Posto Territorial de Vila Nova de São Bento, a 30 quilómetros de distância, para tirar satisfações de um guarda, que tinha multado a sua mulher. Agastado com o facto de um guarda ter passado o auto de contraordenação e alegadamente ter proferir algumas palavras injuriosas, o graduado puxou da arma de serviço, uma pistola Glock 19, e apontou-a ao corpo do subalterno. Os atos foram praticados no exterior das instalações da GNR em Vila Nova de São Bento, concelho de Serpa.
O militar estava colocado no Núcleo de Gestão Documental do Destacamento de Intervenção, em Beja e segundo apurou o LN, quando regressar ao serviço deverá ser colocado no Destacamento Territorial de Moura, mais perto da sua residência, e onde se encontrava quanto cometeu o crime, o que nos corredores do CTBeja é visto “como uma promoção” face aos ilícitos cometidos e à punição aplicada.
Teixeira Correia
(jornalista)