Beja: Maioria dos arguidos da rede de tráfico de pessoas em silêncio no julgamento.


Catorze dos dezassete arguidos ligados a uma rede de cidadãos de Leste acusados do tráfico de seres humanos, que ontem começou a ser julgada em Beja, remeteram-se ao silêncio. Como primeiras consequências, resultaram que a sessão da tarde tivesse durado apenas meia hora e as duas agendadas para hoje fossem adiadas.

Ion C., faltou sem justificação, o que levou a presidente do Coletivo de Juízes do Tribunal de Beja a emitir um mandado de detenção para condução a julgamento. Quatro outros arguidos e uma empresa não foram notificados, pelo que ficaram fora desta primeira fase do julgamento, que no total tem 51 arguidos.

Desmantelada pela Polícia Judiciária (PJ) em novembro de 2022, a rede era controlada por um casal romeno, Nicosur e Romana, e todos os arguidos estão acusados de um crime de associação criminosa, existindo depois diversos tipos de crimes, como tráfico de pessoas, branqueamento de capitais e detenção de arma proibida.

Oito dos implicados estão em prisão preventiva e quatro em obrigação de permanência na habitação com recurso a meios de vigilância eletrónica (ophve),

Mariana I. e Nicolai I., mãe e filho, os dois primeiros a falar, rejeitaram “qualquer ligação e tipo de negócio” com os restantes arguidos, endossando a responsabilidade para o marido e pai, entretanto já falecido. Assumiram que tinham trabalhadores a laborar para eles, com contratos de trabalho assinados onde constava “que os dias em que não trabalhavam eram descontados e pagavam a renda do monte onde viviam”, remataram.

George V., começou por dizer que trabalhava para Romica, um dos quatro com maior implicação nos crimes apontados à rede, mas, depois de confrontado com documentos apreendidos pela PJ, assumiu “gerir” uma empresa da mulher, mas que a acusação defende que “era fantasma e servia de fachada”, para encobrir os negócios do seu pretenso patrão.

A sessão da manhã de amanhã começa com a audição de dois inspetores da Unidade Nacional de Contraterrorismo da PJ, responsáveis pela megaoperação levada a cabo no dia 23 de novembro de 2022, onde participaram cerca de quatrocentos operacionais, num inquérito tutelado pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, e liderado no terreno pelo juiz Carlos Alexandre.

Teixeira Correia

(jornalista)


Share This Post On
468x60.jpg