Quarta-feira, Novembro 19, 2025

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Baixo Alentejo: População longe do acesso aos serviços de saúde. Eurostat diz que Por­tu­gal está ao nível de paí­ses de Leste.

Em sete regi­ões do país, nomeadamente, da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL) a esmagadora maioria da popu­la­ção vive a mais de 15 minu­tos de uma uni­dade de saúde, con­clui rela­tó­rio do Euros­tat. Em alguns con­ce­lhos, a dis­tân­cia a per­cor­rer é supe­rior a uma hora, como acon­tece em Bar­ran­cos (90 minu­tos),

O Anuário Regional de 2025 do Eurostat, o serviço de estatística da União Europeia (UE), revela que no acesso aos serviços de saúde, o Alentejo é a região mais desfavorecida da EU, em que as populações vivem a mais de 15 minutos de um hospital.

Por seu turno, um estudo do Instituto Nacional de Estatística (INE) publicado na quinta-feira mostra que a sub-região do Baixo Alentejo apresenta a maior disparidade de tempo de acesso da população residente a estabelecimento hospitalar, superiores a uma hora no acesso.

Um dos casos mais gritantes da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (CIMBAL), que agrupa 13 dos 14 concelhos do distrito de Beja, exceção feita a Odemira, é o de Barrancos, que dista uma centena de quilómetros da unidade hospital bejense. Por estar na raia com Espanha, muita das vezes a população recorre aos serviços de saúde de “nuestros hermanos”.

De acordo com o estudo do Eurostat, seja no acesso de carro particular ou de ambulância, ao hospital com Serviço de Urgência ou com serviço de Maternidade, Barrancos é o mais prejudica em Portugal Continental.

Emílio Domingues, recém-eleito presidente da Câmara Municipal de Barrancos, relembra que o estudo «traduz uma realidade há muito vivida pelos barranquenhos. Estamos a 100 quilómetros dos hospitais de Beja e Évora, que nos prejudica no acesso aos serviços de saúde. Nada melhorou apesar dos alertas ao Ministério da Saúde”, justifica.

O edil dá como exemplo negativo o Serviço de Urgência Básica (SUB) de Moura “que não responde cabalmente nem aos seus munícipes, quanto mais aos utentes de outros Municípios”, acrescentando que para ultrapassar o problema “recorremos aos Centros de Saúde de Espanha e para resolver a questão. É triste, mas é uma realidade”, rematou.

Barrancos nos últimos censos de 2021, tinha uma população de 1.438 habitantes na freguesia e no município, o que representa uma perda significativa entre 2011 e 2021, com uma descida de cerca de 21,8%. 

Por seu turno, António José Brito, presidente da CIMBAL e da Câmara Municipal de Castro Verde, começa por justificar que “o Baixo Alentejo tem (entre outras) duas dificuldades complexas: o território é muito extenso e a população está muito envelhecida. A par disso, tal como todo o país, sofre as consequências trágicas do progressivo enfraquecimento do SNS. Esse declínio, que parece não ter inversão à vista, tem contribuído ao longo dos anos para tornar cada vez mais complexo o acesso das pessoas aos serviços de saúde”.

O autarca aponta o dedo ao Governo “que agravou o problema, porque a saída do prof. Fernando Araújo da direção do SNS foi um erro colossal, porque nessa altura havia um rumo que foi quebrado. E que se seguiu tem sido muito mau, como está à vista de todos! Por isso, é preciso um “pacto no país” para salvar o SNS”, rematou.

Falando sobre a região, o presidente da CIMBAL, justificou que “no Baixo Alentejo, e no caso concreto dos SUB, a nosso ver, a estabilidade em Beja, Castro e Moura é fundamental para acudir na emergência, mas, também, para dar confiança e tranquilidade às pessoas. Isso só se resolve com uma política capaz de atrair e fixar profissionais, assente numa estratégia competente que supere tantos percalços”, lembrando que os Municípios “estão sempre do lado das soluções e, por isso, apoiam financeiramente a fixação e os transportes de médicos, indo muito além das suas responsabilidades e competências. Fica bem claro que as câmaras municipais estão prontas para prosseguir esta cooperação, eventualmente alargá-la e, desse modo, estar ao lado de boas soluções”, concluiu.

No rela­tó­rio, o Euros­tat sustenta que “Por­tu­gal com­para mal com o cen­tro da Europa e está ao nível da Gré­cia e de paí­ses do Leste no que toca à dis­tân­cia que os uten­tes têm de per­cor­rer até che­gar a uma uni­dade de saúde hos­pi­ta­lar”, justificando que iguala paí­ses do Leste no tempo que se demora a che­gar a um hos­pi­tal. Olhando para a man­cha ter­ri­to­rial, Por­tu­gal está ao nível de paí­ses de Leste, como a Romé­nia, Cro­á­cia, Poló­nia e Eslo­vé­nia.

Teixeira Correia

(jornalista)

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