Os treze concelhos do distrito de Beja, exceção a Odemira, sobre alçada do Comando Sub-Regional de Emergência e Proteção Civil do Baixo Alentejo, estão sem meios aéreos de asa rotativa, leia-se helicópteros, de combate a incêndios, da responsabilidade da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC).
Desde o passado dia 1 de junho, início da operacionalidade do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) 2025, que os heliportos de Ourique e Moura, estão vazios e as aeronaves de ataque inicial a incêndios.
A situação é tanto mais grave quando no distrito já arderam 632 hectares, só na terça em Serpa a área ardida foi de 129 hectares, num total de 96 incêndios. Estes valores são assustados comparativamente com o mesmo período do ano passado: área ardida é superior em 46% e o número de incêndios supera 2024, com mais 33% de ignições.
Em seis dos treze concelhos, Beja, Serpa, Mértola, Ferreira do Alentejo, Ourique e Moura, arderam 622 dos 632 hectares, sendo que no concelho capital de distrito, a área ardida é de 216 hectares, muito por culpa do incêndio que atingiu o Perímetro Florestal de Cabeça Gorda e Salvada, por falta de meios aéreos de ataque início ao fogo que esta foi detectado.
No incêndio de anteontem que deflagrou em Serpa, na zona da Malhada da Palmela, que consumiu 129 hectares de pasto e azinheiras, foi combatido por 126 operacionais, apoiados por 46 veículos e cinco meios aéreos, todos de asa fixa, estacionados em Beja e Ponte de Sôr.
Mário Batista, comandante dos Bombeiros Voluntários de Ourique, ouvido pelo Lidador Notícias (LN), justificou que “com o ataque inicial dos meios aéreos a área ardida era bem menor. Eles (meios aéreos) não apagam fogos, mas complementam o trabalho nos operacionais no terreno. É um constrangimento muito grande. No incêndio de Serpa um meio aéreo tinha sido decisivo”, concluiu.
Quem não se conforma com a situação, são os autarcas de Ourique, Marcelo, Guerreiro e de Moura, Álvaro Azedo, uma vez que sempre disponibilizaram à ANEPC todos os meios humanos, materiais e monetárias para a receção das aeronaves nas suas instalações e agora sentem-se abandonados, tendo já dado conta desse protesto ao Ministério da Administração Interna (MAI) e Proteção Civil.
Em comunicado o autarca de Ourique mostrou o seu desagrado com a situação, justificando que “nos últimos dias recebi um telefonema do Comandante Nacional da ANEPC a dar conta que o meio aéreo chegará com um mês de atraso”, exigindo a colocação da aeronave o mais rápido possível.
Por seu turno, o edil de Moura, numa publicação nas redes sociais, escreveu que foi informado pelo presidente da ANEPC que “o concurso do qual fazia parte o lote respeitante ao meio aéreo para Moura ficou deserto” e que tão breve quanto possível” a Força Aérea iria “abrir novo concurso”, rematou preocupado.
Quem veio a público foi a Federação dos Bombeiros do Distrito de Setúbal, que criticou a de helicópteros, nomeadamente em Grândola e Ourique (distrito de Beja) e exigiu a “colocação imediata” de meios aéreos naqueles locais.
Estes meios que reforçam a capacidade de resposta no combate aos incêndios, deviam estar operacionais desde 1 de junho” resume a federação.
O LN questionou a ANEPC sobre as razões para a falta dos meios aéreos em Ourique e Moura e quando estariam os mesmos operacionais, até ao fecho desta edição não nos remetida qualquer resposta.
Teixeira Correia
(jornalista)