The end of a dream


Began to germinate in my dreams the creation of a museum space about Beja, that focused on the history of the city, especially in the last two centuries and, apart, Having a special focus on the history and life of Mariana Alcoforado.

Bruno Ferreira

Texto retirado da sua página de Facebook

Publicado no dia 3 July

Mas também de todas as figuras históricas de especial destaque e relevância, nascidas na antiga Pax Julia. Um espaço que se dedicasse a um passado mais recente da cidade, que urge não ser perdido. Foi um encantamento bonito que me consumiu com ilusão e energia durante anos. Primeiro na aquisição do espólio, depois na procura do local certo na cidade, que não poderia deixar de ser no seu tão rico quanto carente Centro Histórico. Talvez essa escolha tenha sido o primeiro erro desta aventura que agora chega ao fim.

Encontrado o espaço que, pelas características de que necessitava, como é fácil de compreender, não foi adquirido de forma acessível, senti-me mais perto de concretizar esta ambição de vários anos. O Largo de São João, a Rua Dr. Brito Camacho e a Travessa do Cêpo, no prédio onde em tempos funcionou a discoteca Karas, iriam ganhar nova vida. Sabemos que o rendimento auferido por um equipamento cultural como uma colecção visitável, mesmo com o valor simbólico de uma entrada, não poderia suportar todas as despesas, como pelo menos um posto de trabalho criado, seguros, consumos energéticos, security, maintenance, entre tantos outros compromissos.

These form, e para fazer face à viabilidade financeira do projecto, propus-me a construir três apartamentos no piso superior, bem como a reabilitar a loja que dá para a Rua Dr. Brito Camacho. Era, so, de um complexo que se tratava este projecto: 3 apartamentos e um espaço comercial destinados a arrendamento, e um centro expositivo cultural financiado pelas 4 rendas. Tudo isto num edifício há demasiados anos devoluto na zona nobre de Beja, perto do Museu Regional, do Núcleo Museológico do Sembrano, do Teatro Pax Julia, e mesmo em frente à casa onde nasceu, e viveu durante 12 year old, Mariana Alcoforado. Não poderia desejar mais. Era o local perfeito. Fiquei igualmente feliz pela evolução do projecto, por ter a certeza de que que todas estas valências ajudariam, also, a trazer vida para um Centro Histórico cada vez mais deserto, aumentando a oferta cultural, comercial e habitacional da zona nobre de Beja.

Seguiram-se os projectos de arquitectura, que considero deliciosos, quer do espaço museológico, quer dos apartamentos e do espaço comercial. Foram meses de trabalho intenso com o Arquitecto Pedro Alves Ruivo, da NR.C Arquitectos. O resultado foi espantoso, e o meu entusiasmo crescia de dia para dia, adquirindo cada vez mais espólio, muito dele comprado, outro tanto gentilmente oferecido por tantas pessoas amigas, e por muitas que passei a conhecer por esse mesmo motivo.

Mas não quis ficar por aí. Sabendo-se que o local do edifício estará, surely, sobre vários testemunhos do passado, romanos e de outros povos mais ancestrais, propus-me a fazer uma escavação com vista a descobrir se esses registos arqueológicos ainda ali permanecem, na esperança de que não tivessem sido violados em obras anteriores. Para isso contei com a preciosa ajuda da Arqueóloga Professora Maria Conceição Lopes, num projecto altamente profissional, e muitíssimo bem estruturado, que ajudaria a deixar expostas, através de vidros no chão, essas descobertas, conferindo um valor acrescentado ao espaço museológico.

Paralelamente contratei uma empresa especializada de assessoria, com elevados créditos na área, para me ajudar na candidatura de fundos europeus que me ajudassem na obtenção de verbas que viabilizassem o investimento, elaborou-se o plano de negócios, o desenvolvimento de contactos e consultas com advogados especializados na aérea da cultura e museologia, muitas reuniões, viagens de trabalho, elaboração de documentos, elevada burocracia diária, Serviços de Finanças, the House, notários, muitas visitas a museus, etc. Tudo foi sendo gerido de forma paralela, o que me ocupou anos de intenso trabalho tendo acrescentado, by last, a fase de engenharia de especialidades, com outra empresa creditada, e iniciado os pedidos de orçamento para as obras, a estruturação do espaço expositivo, que se desdobraria entre aspectos importantes da vida da cidade em tempos passados, como o desporto, the education, politics, religion, trade, culture, vida social, imprensa local, archeology, monuments, Institutions, figuras pacenses, entre vários outros aspectos.

Da parte da Câmara Municipal de Beja senti sempre interesse no projecto, nunca o dificultaram, e o mesmo posso dizer da CIMBAL. Mas eis que chegou a vez da CCDR Alentejo e do Instituto Público do Património Cultural. Estas entidades, que teriam como missão, justly, o desenvolvimento do Alentejo nas suas diversas vertentes, apresentam-se como férrea força de bloqueio a este projecto. Após reuniões na CCDR, Evora, sempre acompanhado pela empresa de assessoria, architect, etc., tudo foi feito para que o mesmo fosse ao encontro das exigências da CCDR Alentejo, até porque antes dessa entidade, o mesmo teve de ser auditado pela CIMBAL, que o aprovou com distinção, enviando-o para a entidade de decisão última. Mas quer a CCDR, quer o IPPC não tiveram o mesmo entendimento. O projecto foi sendo sucessivamente reprovado, com explicações várias, aleatórias e confusas, inviabilizando a candidatura aos fundos comunitários.

Recorremos através de um relatório prévio de arquitectura, esmiuçando todos os aspectos que suscitavam o indeferimento das referidas entidades. Depois quiseram mais fotografias, que foram enviadas; mais dúvidas que foram satisfeitas; e os chumbos e indeferimentos seguiram-se à razão dos recursos que fomos apresentando.

Fui encarando estes acontecimentos com resiliência, sabendo que estamos em Portugal, e que a burocracia e as diversas camadas dos poderes de decisão, que se sobrepõem umas às outras, com critérios dispares e muitas vezes aleatórios, dificultam qualquer tipo de concretização ideia ou projecto levado a cabo por privados. Fui caindo, e levantando-me, à medida que chegava mais uma carta registada, mais um e-mail, com sucessivas reprovações do projecto. As alegações eram sempre diversas, fosse o CAE do projecto, umas vezes, as alçadas da arquitectura, others, as janelas, os vãos, até mesmo o questionar de qual a utilidade do projecto, dando cada vez mais a nítida sensação que o mais importante era chumbar a viabilidade do projecto, fosse qual fosse o argumento.

Sempre considerei que a ideia valeria por si, por isso nunca quis recorrer à tão costumeira prática lusa da cunha. Mas chegou um momento em que o desalento se foi apropriando de mim, e decidi falar com algumas pessoas e entidades – elas sabem quem são – para tentar perceber o que poderia ser feito, e se existiria alguma forma de poder apresentar o projecto de outra maneira. Apesar desse interesse e ajuda, que muito agradeço, por parte dessas pessoas e entidades, os chumbos da CCDR e IPPC continuaram a chegar.

Postas as coisas nestes termos, e para tentar atenuar a perda do investimento parado que tudo isto foi provocando ao longo dos últimos anos, e ainda que contrariado, decidi avançar com a obra nos apartamentos, on the first floor, deixando o espaço museológico e o comercial para uma segunda fase, quando as entidades responsáveis, acreditava eu, acabassem por aprovar o projecto (o ponto quente era o do “museu”) depois de tantos recursos da nossa parte aos seus indeferimentos. Só que nem isso me foi permitido, e ontem recebi nova carta registada com mais uma infinidade de novas anomalias, entretanto detectadas, desta vez não pela CCDR Alentejo, mas pelo Instituto Público do Património Cultural, que inviabilizam o início das obras. Foi a gota de água.

Esta caminhada, que já vai longa, tem sido pautada entre o sonho e a frustração; a ilusão e a decepção; a esperança e a resignação. And, como noutras coisas na vida, talvez tudo o que nos tem acontecido seja um sinal. Tenho estado resistente, levanto-me sempre que caio, e temos caído sempre, mas invariavelmente uma noite de sono bem dormido tem servido para me acalentar o espírito, e voltar à luta. However, confesso que meu objectivo com este projecto não era o de travar a batalha de uma vida; era apenas e tão só cumprir um sonho, ainda que sabendo que iriam aparecer muitas contrariedades e dificuldades. However, as a matter of fact, as contrariedades tem sido, unfortunately, a regra em toda a linha neste processoo projecto tem um custo pecuniário enorme, subtraído das poupanças de quase 30 anos de trabalho, de que dispus depois da minha mulher aceitar que embarcasse neste sonho. E ali está, years ago, tudo parado, cortesia dos impedimentos da CCDR Alentejo e do IPPC. E tenho de assumir que a motivação, após todo este desenrolar de factos, também já não é a mesma. A motivação, por mais acalorada que seja, também se definha; também se esvazia.

Pensei muito se deveria desistir. Cheguei à conclusão que desistir não é a expressão mais certa. Não desisti nem à primeira contrariedade, nem à segunda, ou terceira. Mas entendo que ao fim de tantas dificuldades que a entidade gestora do projecto me tem colocado, seja a hora de parar. Não é desistir, é perceber o contexto, e agir de forma inteligente. No entanto só tenho a agradecer o trabalho e dedicação a esta aventura de tanta gente, das empresas e profissionais com quem me fui cruzando ao longo deste trajecto.

A CCDR e o IPPC levaram a melhor; já eu perco o sonho e o projecto de uma vida, que gostaria muito de levar a cabo para valorizar a cidade que tanto amo, que o meu Pai me ensinou a amar, amor que, later, o Florival Baiôa me ajudou a tornar mais consistente. Recordo-me de conversar com o Dr. Pacheco Pereira a propósito deste projecto, em comparação com a sua Biblioteca e Arquivo Cultural Ephemera, e de receber apoio e energia por parte dele. Comecei por lhe dar o nome de Beja Mater; concluí que seria melhor Pax Pop. Não quero, of everything, cingir-me ao papel de vítima. Até porque na minha posição estão, que eu conheça, vários outros empreendedores que investiram no Centro Histórico, exactamente com as mesmas expectativas, precisamente com as mesmas dificuldades, originadas pela mesma instituição. Durante muito tempo fui-lhes dizendo para não desistirem, para lutarem, porque se fossemos muitos teríamos mais força. Uns já desistiram, outros estão a vender os espaços, decepcionados. Eu fui continuando. Até hoje. It seems that, after all, eram eles que estavam certos.

Eu perco isso, esse espaço que me tem ocupado os pensamentos e vontades durante estes últimos anos, o deixar-me dormir a pensar em tudo o que queria fazer; o que tinha de fazer, o uso de multimédia, o ter um espaço que também serviria para apresentação de livros e eventos culturais, com biblioteca para consulta, pequeno espaço de venda de produtos do Concelho, exposições temáticas, tanta coisa… custa-me acabar assim. But, once again, tenho de ser inteligente e parar de tentar lutar contra quem nunca irá permitir que isto aconteça. Cá continuarei com o gosto de fazer o que posso e consigo por Beja, seja colaborando com o Movimento de Cidadãos Beja Merece Mais, envolvendo-me, na medida do que consigo, the Defense Association of Heritage Beja, escrevendo sobre as proeminentes figuras bejenses n’O Atual, ou a prosseguir com o livro de investigação sobre a história do lendário Café Luiz da Rocha. Isso ninguém me pode tirar.

A todos os que tão simpaticamente me fizeram ofertas, tantas delas sentimentais, com o propósito de poderem ser preservadas no arquivo e expostas no espaço museológico, terei o maior gosto em devolvê-las; as outras, que fui comprando ao longo dos últimos anos, ficarão comigo; preservadas na mesma, sem serem deitadas fora como acontece diariamente em tantos casos que vou conhecendo.

A cultura deveria ser valorizada e acarinhada. Os problemas deveriam ser fáceis de resolver. A lei não deveria perseguir os privados que querem investir. Quando se fizerem listas de espaços e edifícios abandonados no Centro Histórico, que se tenha consciência de que muitos deles estão assim, e assim irão continuar, pelas dificuldades que são infligidas pelas entidades que deveriam ser as principais interessadas em facilitar a concretização dos projectos. Mas é o que temos. O edifício será em breve colocado à venda. E eu vou à minha vida.


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