Palavras-Chave: Liderança militar, gestão de expectativas, reconhecimento institucional, carrière, cultura organizacional.
Colonel de la GNR, Master en droit et de la sécurité intérieure et de sécurité vérificateur
Dirigente da Associação Nacional de Oficiais da Guarda
Nas instituições militares, a hierarquia é sagrada, onde as estrelas, os galões e as divisas simbolizam não apenas autoridade, mas a confiança depositada em quem os ostenta, par lequel, sob a rigidez das estruturas de comando, esconde-se uma verdade frequentemente ignorada: promover um militar de posto sem alinhar expectativas, reconhecimento e recompensa é como entregar um mapa sem bússola.
Pode-se ascender na carreira, mas sem a direção clara, o entusiasmo definha, a lealdade esvai-se e o futuro institucional compromete-se.
Promover um militar sem o correspondente aumento de responsabilidades é uma ilusão da promoção sem propósito, porque a ascensão a um novo posto, pede uma liderança que inspire, oriente e valorize, pelo que quando um soldado, sargento ou oficial é promovido e cujas responsabilidades se mantêm, há uma incompreensão das expectativas associadas ao cargo, sentindo que o seu esforço não é reconhecido e não vislumbra que essa recompensa esteja alinhada com o seu sacrifÃcio, perdendo sentido a promoção.
O militar passa a ocupar uma maior posição, mas não de influência, porque a ausência de clareza gera frustração, e a falta de reconhecimento mina a motivação intrÃnseca, aquela que move um lÃder a dar o exemplo mesmo quando ninguém está a olhar.
Para que uma promoção seja legÃtima e sustentável, ela deve estar ancorada em expectativas claras e transparentes, onde um lÃder militar eficaz não delega tarefas, compartilha missões, exigindo comunicar não apenas o que deve ser feito, mas por que e como deve ser feito, dando como exemplo: um capitão promovido a major precisa entender que o seu papel agora transcende a execução de ordens, ele deve tutelar os seus subordinados, antecipar riscos estratégicos e representar os valores da instituição, porque sem essa clareza, o militar sente-se perdido na sua própria patente, tornando-se um gestor de protocolos e não um lÃder de pessoas.
A promoção deve também ser um reconhecimento que motive, porque nas instituições militares, medalhas e condecorações são simbólicas, mas o verdadeiro reconhecimento vai além do metal e do tecido e está na valorização do esforço invisÃvel: um sargento que dá formação aos seus militares após o expediente; uma tenente que media conflitos internos sem procurar crédito; um soldado que mantém a disciplina em situações caóticas; pelo que reconhecer publicamente essas ações, seja em forma de elogio, oportunidades de capacitação ou inclusão em projetos estratégicos, reforça que a instituição vê, ouve e valoriza os seus membros.
E as recompensas alimentam o futuro, tendo em conta que, recompensar é investir no crescimento integral do militar através de cursos de especialização em áreas de interesse, participação em missões de prestÃgio e outros, pelo que quando a recompensa está desvinculada das ambições pessoais do militar, ela perde significado, onde um cabo que sonha em tornar-se instrutor de tiro, par exemple, não será motivado por uma transferência para a área administrativa.
As consequências dessa desconexão, residem na ignorância, que expectativas, reconhecimento e recompensa, andam de mãos dadas, e cujos efeitos são devastadores, tais como a erosão do entusiasmo, onde os militares se tornam funcionários burocráticos, cumprindo horários sem paixão, fuga de talentos, porque os mais competentes procuram instituições ou carreiras onde se sintam verdadeiramente valorizados e a fragilidade institucional, uma vez que uma cadeia de comando fraca abre espaço para a desordem, insubordinação e perda de credibilidade institucional.
Mas como construir lideranças que transformam? A solução está em repensar a cultura organizacional, nomeadamente através do diálogo contÃnuo, para alinhar expectativas e aspirar metas, pelo reconhecimento personalizado, devendo-se perceber o que cada militar valoriza, o que poderá ser um elogio formal ou missão desafiadora e por um sistema de recompensas flexÃvel, oferecendo opções, desde a progressão na carreira até especializações, ou cargos internacionais.
Liderar é cultivar, en d'autres termes, nas instituições militares, a verdadeira liderança não se mede pelo número de estrelas no uniforme, mas pela capacidade de criar pontes para o crescimento, onde promover alguém sem oferecer sentido, reconhecimento e recompensa é como plantar uma árvore sem a regar, mesmo que cresça, jamais dará frutos.
Aos comandantes que ousam liderar com humanidade e visão estratégica, cabe lembrar, um militar motivado não segue ordens, ele abraça missões, sendo nesse abraço que reside o futuro das instituições que juraram proteger.
note: O texto constitui a opinião exclusiva e única do seu autor, que só a este vincula e não refletem a opinião ou posição da instituição onde presta serviço.