Guadiana: Água vai ser transferida para barragem no Algarve. Decisão da APA levanta dúvidas.


O objetivo é ajudar a combater a escassez de água e ajudar ao abastecimento da região algarvia. Mas estão previstos impactos tanto na natureza, como nas povoações atravessadas pelo canal de transvase.

Agência Portuguesa do Ambiente (APA) autorizou a transferência de água do rio Guadiana, em Mértola, para barragem de Odeleite, no Algarve. A ideia á ajudar no abastecimento da região algarvia, mas levanta muitas dúvidas sobre o custo e a eficácia. Teme-se também que prejudique o equilíbrio ecológico do rio.

Será com uma conduta com perto de 40 quilómetros, a partir do Pomarão, que a água chegará até à barragem de Odeleite.

Na aldeia ribeirinha do concelho de Mértola termina a margem esquerda portuguesa do Guadiana e até Vila Real de Santo António é o leito que separa os dois países.

A tomada de água visa mitigar a carência crónica no Sotavento Algarvio. O projeto teve luz verde por parte da Agência Portuguesa do Ambiente, mas tem levantado dúvidas. A primeira é a nível ecológico, para a fauna e flora. Depois, há a questão visual e sonora para os moradores da Formoa, pequeno lugar vizinho do Pomarão, que ficará diante do sistema de captação.

Município de Mértola exigiu contrapartidas

O parecer da APA é condicionado às exigências do município de Mértola, que, perante a iminência da aprovação, exigiu contrapartidas locais pela participação na solução.

As salvaguardas já garantidas pelo Ministério do Ambiente passam pela implantação da rede de abastecimentos às localidades de Espírito Santo e Mesquita, dependentes de furos hertzianos, que nem sempre têm disponibilidade, chegando muitas vezes a ser abastecidas por autotanques.

A navegabilidade do Guadiana até Mértola, um desígnio antigo da vila, é outra das contrapartidas em cima da mesa.

O destino da água retirada no Pomarão é a Barragem de Odeleite, em Castro Marim. É daqui que bebe o Sotavento Algarvio. Os hectómetros provenientes do Guadiana ajudarão a garantir níveis muitas vezes no limite. Destinam-se ao consumo humano e ao garante de grande parte da atividade económica do Algarve, mas a solução é vista como uma simples gota de água para as necessidades e a um preço demasiado elevado.

Falta o “sim” de Madrid

Para o projeto avançar falta o acordo com Espanha. Há uma reunião marcada ainda para este mês, em Madrid. Só falta conhecer as exigências do país vizinho para se aplicar mais um golpe no rio.

Contas feitas, o transvase do Pomarão para Odeleite custa à volta de 60 milhões de euros, totalmente financiados pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Um penso rápido, mas que não vai sarar uma ferida com tendência a alargar, devido às alterações climáticas e ao avanço da desertificação física.

Para colmatar em definitivo a falta de água do Algarve, várias entidades apontam para outro tipo de soluções.

As associações ambientalistas e alguns municípios do Algarve também já se mostraram contra esta solução da transferência de água do Guadiana para Odeleite, devido aos impactos previstos quer na natureza, quer nos locais atravessados pelo canal de transvase.

Notícias: Lidador Notícias/ SIC Notícias


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