Odemira: Autarcas e eleitos exigem fim da cerca sanitária.


Trabalhadores barrados nas estradas. Autarquia quer levantamento imediato da cerca. Começou a testagem massiva à população da freguesia de Longueira-Almograve.

Mais de centena e meia de trabalhadores sazonais agrícolas e de outras profissões, de empresas com atividade no interior da cerca sanitária das freguesias de Longueira-Almograve e São Teotónio, concelho de Odemira, foram ontem (segunda-feira) impedidos de entrar naqueles espaços “por não apresentarem testes negativos à covid-19”, num dos quatro controlos montados pela GNR.

De acordo com fonte do Comando Territorial de Beja, entre as 05,00 e as 10,00 horas foram controlados 792 trabalhadores, sendo 689 agrícolas e 103 indiferenciados, tendo 155 desses cidadãos sido impedidos de entrar naquelas freguesias.

Numa fase inicial era proibido circular de e para as duas freguesias do Litoral Alentejano, mas na sexta-feira o Governo permitiu a saída e entrada de pessoas para o “exercício de atividades profissionais e apoio a idosos e outros, razões de saúde ou humanitárias”, dependente da apresentação de testes negativos.

Além das filas que os controlos da GNR têm gerado nas estradas, também à porta das farmácias, nomeadamente em Vila Nova de Milfontes, as pessoas acumulam-se para conseguir adquirir testes rápidos para aceder à freguesia de Longueira-Almograve, “que não dispõe de qualquer estabelecimento do género e onde não havia Centro de Testagem”, situação que foi confirmada por Glória Pacheco, presidente da Junta de Freguesia Longueira-Almograve, que todos os dias deixa a sua casa no interior da cerca, para trabalhar na freguesia vizinha de Milfontes.

Depois dos eleitos da Assembleia Municipal de Odemira terem aprovado por unanimidade uma petição a exigir o fim da cerca sanitária, foi José Alberto Guerreiro, presidente da Câmara de Odemira que se afirmou “mandatado” pelas duas instituições, a “exigir que o Governo decrete o fim imediato das barreiras físicas, porque há condições efetivas para tal suceder”, justificou.

O edil foi mais longe afirmando que iria telefonar ao Primeiro-ministro “para que a decisão tenha efeito imediato”, revelando que o concelho e as duas freguesias “estão abaixo dos 240 casos por 100 mil habitantes”, concluiu.

Por não existir farmácia nem Centro de Testagem na freguesia de Longueira-Almograve, utilizando o Pavilhão Multiusos desta última localidade, na tarde de segunda-feira a Cruz Vermelha Portuguesa começou a fazer estes em massa a toda a população, incluindo trabalhadores das empresas locais.

Em representação dos empresários do sector do turismo do concelho de Odemira, a Associação Casas Brancas, veio a público defender que o Governo decrete o levantamento imediato da cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e Longueira/Almograve e a passagem destas 2 freguesias ao nível de desconfinamento já aplicado às restantes 11 freguesias do concelho de Odemira, considerando a evolução da pandemia Covid-19 no concelho de Odemira e a recente renovação da cerca sanitária nas freguesias de São Teotónio e Longueira/Almograve.

A ACB sustenta que são 940 empresas em risco direto, são milhares de postos de trabalho, são famílias inteiras, investimentos de uma vida que só pedem para voltar a trabalhar.

Teixeira Correia

(jornalista)


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