“Operação Espelho”: Nove dos catorze arguidos, seis em prisão preventiva, pediram abertura de instrução.


Visando não serem pronunciados para julgamento, na sequência da “Operação Espelho” levada a cabo pela Polícia Judiciária em 21 de novembro de 2023, nove dos catorze arguidos, seis dos quais em prisão preventiva, pediram abertura de instrução do processo. Foram designados os próximos dias 20 e 21 de março, para a realização dos atos instrutórios.

Tal como o Lidador Notícias (LN) revelou na passada segunda-feira, vinte e um arguidos, catorze pessoas e sete sociedades comerciais, foram acusados pelo Ministério Público do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Évora, pela prática de 35 crimes, sendo trinta de tráfico de pessoas, um de auxílio à imigração ilegal, um de associação de auxílio à imigração ilegal, um de branqueamento de capitais, um de falsificação ou contrafação de documento e um de detenção de arma proibida.

De acordo com o despacho da Juíza Adriana Martins, da Juízo de Competência Genérica de Ferreira do Alentejo, tendo em conta a excecional complexidade dos autos, o facto dos arguidos estarem presos há 16 meses e a acusação ter sido deduzida à quatro meses, foram designados os próximos dias 20 e 21 de março, para a realização dos atos instrutórios.

A abertura de instrução foi pedida pelos seis arguidos, cinco homens e uma mulher, que estão em prisão preventiva, todos de nacionalidade romena, dois espanhóis e uma portuguesa, uma técnica e gerente de uma empresa de contabilidade, que segundo a acusação, auxiliava e facilitava a entrada ilegal de vítimas imigrantes angariados.

O modus operandi do grupo liderado por Florentin Stinga, foi o mesmo de outras situações idênticas, que passou pelo aliciamento e exploração de trabalhadores na Moldávia, Roménia, Colômbia, Perú, Venezuela, Espanha e Marrocos, que dependendo das culturas sazonais, eram colocadas a trabalhar, em várias zonas do Alentejo, Lisboa e Espanha. Viviam em condições desumanas e degradantes e recebiam entre 50 euros por semana por casal ou 50 euros quinzenalmente por pessoa, quando por uma jornada diária de dez horas de trabalho lhes eram prometidos 1.200 euros por mês.

A atividade dos arguidos desenvolveu-se entre 2019 e 2023, que lhes gerou milhares de euros de lucro, que o MP quer reverter para o Estado, e que se traduzem na perda de vantagem de 9.143.089,03 euros, de dez viaturas e quatro motas 4×4 apreendidas. Na operação levada a cabo pela PJ, nas residências dos arguidos foram ainda apreendidos 4.060 euros em numerário.

Dado o número de arguidos, as sessões vão decorrer no edifício do antigo Governo Civil de Beja, seguido do respetivo debate instrutório.

Teixeira Correia

(jornalista)


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