Opinião (Rogério Copeto/ Oficial da GNR): SEM SEGURANÇA NÃO HÁ TURISMO!
Numa altura em que tanto se fala em Turismo, existindo inclusive quem não ache piada ao exponencial crescimento no número de turista que as principais cidades portuguesas têm registado, especialmente em Lisboa, abordamos esta semana a relação entre Segurança e Turismo.
Tenente-Coronel da GNR
Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna
Chefe da Divisão de Ensino/ Comando de Doutrina e Formação
No último programa da RTP “Prós e contras”, denominado “Portugal, Porque Te Quero!” e emitido no dia 05 Junho de 2017, a jornalista Fátima Campos Ferreira juntou um painel de peritos, para tentar responder à pergunta “O que é Portugal tem, que está atrair tantos estrangeiros, que mais do que fazer turismo, pretendem instalar-se no nosso país?”, tendo a mesma apresentado um conjunto de acontecimentos, que têm colocado Portugal nas bocas do Mundo, tais como o facto do melhor futebolista do Mundo ser português, o Secretário-Geral da ONU ser português, termos ganho o EURO 2016 de futebol, termos ganho o EuroFestival, entre outras.
Verificamos que tudo isso é verdade, mas a única razão, para que Portugal esteja atualmente nos radares de todos os cidadãos estrangeiros é a falta de segurança que se sente na generalidade dos países, especialmente nos países do Norte de Africa e na maioria das principais cidades do Mundo, em particular da Europa, por motivo dos constantes ataques terroristas.
É também verdade, que de acordo com a “Global Peace Index 2017”, Portugal é o terceiro país mais pacifico do mundo, logo a seguir à Islândia e à Nova Zelândia, mas no ano passado ocupava a quinta posição e sempre foi considerado um dos países mais seguros do Mundo, pelo que são os outros países, que estão mais inseguros e por isso Portugal tem beneficiando dessa insegurança, para atrair os cidadãos estrangeiros, não sendo essa atração motivada pelo facto de Portugal, se ter tornado num país diferente do que era há vinte cinco anos trás.
Portugal continua a ter as melhores condições climatéricas da Europa, as melhores praias e ondas do Mundo, não foi o Garrett McNamara que descobriu o “Canhão da Nazaré”, ele sempre lá esteve, tal como a nossa gastronomia e os nossos vinhos são dos melhores do mundo, o nosso património cultural é dos mais antigos e temos várias cidades que são património da humanidade, sem esquecer o fado, o cante alentejano e a arte chocalheira, que também o são.
Tudo isso tem contribuído para que Portugal seja um destino turístico de excelência, há já muito tempo, mas nos últimos anos temos verificado que todos os meses, reputadas revistas internacionais da especialidade, colocam Portugal, as suas cidades e as suas regiões no topo dos destinos a visitar, e referindo só as mais recentes, damos como exemplo o prémio “European Best Destination 2017”, atribuído à cidade do Porto, que também recebeu em 2012 e 2014 e mais recentemente o Alentejo foi distinguido como um dos dez melhores destinos europeus para o próximo Verão, pelo guia Lonely Planet na sua compilação “Best in Europe”.
E apesar de não ser um prémio, importa referir que o jornal inglês Huffington Post colocou Portugal no topo das preferências, para quem quisesse “fugir” do novo presidente norte-americano, Donald Trump, porque “Portugal está na moda entre os viajantes mais jovens e reformados. Especialistas defendem que nesta costa soalheira existe um custo de vida bastante mais baixo do que no resto dos destinos europeus. É mais fácil para um adulto mudar-se para este país já com um emprego em vista: aqueles que o fizeram dizem que existem muitas oportunidades na indústria ligada ao turismo”, colocando por isso Portugal em 2ª posição a seguir ao Canadá. Provavelmente terá sido esta sugestão do Huffington Post, que levou a cantora Madonna a pensar mudar a sua residência para Portugal.
Toda esta visibilidade tem contribuído para o aumento do Turismo nacional, pelo que o Banco de Portugal, no início do ano divulgou que o Turismo é o sector exportador mais importante de Portugal, representando 16,7% das exportações de Bens e Serviços e 48% das exportações de Serviços, sendo o Turismo o principal sector económico exportador do País.
Numa altura em que a segurança é cada vez mais o principal factor de decisão na escolha do destino de férias, Portugal tem verificado um enorme crescimento do Turismo, não por ter mais segurança ou se ter tornado num país com melhores paisagens, mas sim pela falta de segurança noutros destinos turísticos. É do senso comum que ninguém escolhe ir de férias para a Síria, considerado o país menos pacífico do Mundo, apesar de já ter sido considerado um dos mais belos países do Médio Oriente, assim como Beirute já foi considerada a “Paris do Oriente”, mas infelizmente, já não são um destino de férias para ninguém, sem falar noutros destinos como a Turquia ou o Egito, que diminuíram drasticamente o número de turistas, e tudo por falta de segurança.
Para manter os atuais níveis de segurança em Portugal e nomeadamente na zona do país mais turísticas, como é o Algarve, foi apresentado na semana passada o programa “Algarve Seguro 2017”, conforme noticiado pela TVI no dia 6 de junho na peça “’Algarve Seguro’ vai reforçar a segurança no verão” ou na peça da TSF também de 6 de junho denominada “Reforço da segurança no Algarve ‘bastante substancial’ este verão”, onde foi referido pela Ministra da Administração Interna, que a linha estratégica comum das várias entidades responsáveis e envolvidas no programa “Algarve Seguro 2017” visa a prevenção e a resposta rápida e eficaz aos diferentes tipos de ocorrências ligadas à segurança e à proteção civil.
Na apresentação do programa “Algarve Seguro 2017”, a GNR anunciou que o Comando Territorial de Faro será reforçado com mais 193 militares para assegurar as necessidades permanentes e pontuais durante o período estival, assim como no âmbito da cooperação internacional vai continuar a contar com a colaboração da Guardia Civil espanhola e pela primeira vez com a Gendarmerie Nationale francesa, sendo para o efeito constituídas equipas mistas de militares da GNR e da Guardia Civil para patrulhamento das praias e zonas de restauração localizadas em Quarteira, Altura, Montegordo, Ayamonte, Isla Cristina e Lepe.
Como principal inovação foi anunciada pela GNR a abertura do primeiro “Posto de Atendimento a Turistas” no centro turístico de Albufeira, porque o Algarve é uma região dominada pela atividade turística, apostando a GNR na qualificação do apoio a turistas nacionais e estrangeiros.
Mas esta aposta da GNR na segurança e apoio aos turistas, não é de agora, existindo essa preocupação desde 2006, ano em que nasceu o Programa Especial de Policiamento de Proximidade “Apoio ao Turista – Tourist Support Patrol”, com o objetivo de garantir a segurança de pessoas e bens nos locais de maior concentração de pessoas, nomeadamente concertos, festas e romarias e zonas Turísticas, proporcionando o necessário sentimento de segurança e proximidade, em demonstração plena de uma Guarda moderna, colaborante e pró-ativa, através de equipas especializadas e formadas que devido às suas caraterísticas de equipas mistas (Auto, Ciclo, Moto e Apeado) podem atuar praticamente em todos os locais e com uma versatilidade assinalável.
O “Tourist Support Patrol” teve a sua origem no 2º Esquadrão, do ex-Regimento de Cavalaria, que procedeu à formação dos primeiros militares, onde não faltou a formação em língua estrangeira, tendo sido empenhados pela primeira vez na “Operação Verão Seguro 2006”, operação que a GNR executa todos os anos entre junho e setembro, em todo o território nacional, com a missão de intensificar as ações de patrulhamento, apoio e fiscalização, dando particular relevo aos locais de veraneio mais frequentados da orla marítima, principais eixos rodoviários, festas, romarias e eventos de grande dimensão, como os concertos de verão.
Verifica-se assim, que Portugal beneficia atualmente da falta de segurança nos principais países da Europa e do Norte de Africa, destinos turísticos de milhões de pessoas, que estão a escolher outros destinos mais seguros, onde Portugal se inclui, por boas e variadas razões, por isso a GNR continua a inovar, para que os elevados níveis de segurança se mantenham, nomeadamente na região mais turística do país, onde é sua a responsabilidade da maioria desse território, gerindo de forma eficaz e eficiente os recursos materiais e humanos que tem à sua disposição.