(Atualizada) Operação Zeus: Capitão da BA 11, em Beja, entre os doze presos preventivos.

Nov 10, 2017

O Capitão Nuno Neves, é o único implicado da Base Aérea 11, em Beja, entre os 40 acusados da “Operação Zeus”, que investigou o esquema de corrupção das messes da Força Aérea. Publicadas escutas feitas ao oficial a falar com a mulher, no dia da operação.

De acordo com a edição de ontem do CM, o oficial é um dos 12 militares da Força Aérea Portuguesa (FAP) que se encontram em prisão preventiva no Presidio Militar de Tomar, dos 40 acusados (lista no final da notícia) de corrupção passiva agravada, falsificação de documento, falsidade informática e associação criminosa.

Segundo aquele periódico, a sobrefaturação de 12 messes da FAP é de 2.552.436,55 euros, sendo que da messe da Base Aérea 11, o valor é de 332.468,37 euros, sendo que na divisão constante da acusação “a parte militar” foi de 232.724,66 euros, enquanto que aos empresários “coube a parte” de 99.745,61 euros.

Em caixa, o CM revela ainda que havia “suspeitas em Beja desde 2009”. No diário é afirmado que “desde 2009 que havia indícios de sobrefaturação na messe de Beja. Um processo disciplinar foi minimizado pelo Coronel Lima, nomeado instrutor do processo. O “fundo secreto” acabou arquivado sem punições”.

Recorde-se que na primeira fase da Operação Zeus, realizada 3 em novembro de 2016, foram detidos cinco homens por corrupção ativa e passiva para ato ilícito e falsificação de documentos, num “esquema fraudulento que poderá ter lesado o Estado em cerca de dez milhões de euros”.

Na edição de hoje, o CM publica as escutas feitas pelo PJ ao Capitão Nuno Neves, quando este falava com a mulher, no dia da Operação Zeus, quando soube que os inspetores estavam no terreno, onde o oficial dizia, “eu não sei o que eles vão fazer … fala em detenções” e falando em código manda guardar coisas, “da minha cómoda e da tua, na última gaveta, guarda a roupa … percebes aquilo que eu quero dizer ?”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) informava que no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público, em investigação no Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, estavam em curso mais de 80 buscas domiciliárias e 25 buscas não domiciliárias, designadamente em equipamentos militares localizados na Grande Lisboa, em Beja e em Leiria.

A Polícia Judiciária realizou buscas nas bases aéreas e instalações da Força Aérea devido a suspeitas de corrupção nas messes que envolvem oficiais. O Lidador Notícias esteve no terreno (foto da PJ a entrar na BA11).

Numa segunda fase, em julho passado, participaram 130 elementos da PJ e 10 procuradores do Ministério Público, tendo sido realizadas 36 buscas nas áreas dos distritos de Lisboa, Porto, Santarém, Setúbal, Évora e Faro, das quais 31 domiciliárias e cinco não domiciliárias.

A 3 de novembro de 2016, o Jornal de Notícias (JN) revelava que a investigação estava em curso havia cerca de dois anos e as buscas estavam a ser efetuadas por inspetores da Policia Judiciária e elementos da Policia Judiciária Militar.

MILITARES ACUSADOS

Direção de Abastecimento e Transportes (DAT): Major-General Raul Carvalho/PP*, Coronel Jorge Lima/L, Coronel Alcides Fernandes/PP*, Tenente-coronel Luís Reis/L e Capitão Luís Oliveira/PE, Base Aérea 5 (Monte Real): Major Rogério Martinho/PE, Tenente-coronel Virgílio Ribeirete/L, Sargento-ajudante Jorge Gonçalves/L, Sargento Ajudante António S.Paulo/PE e Sargento António Gouveia/PP, Base Aérea da Ota/Centro de Formação Militar e Técnica da Força Aérea (CFMTFA): Tenente-coronel Rui Oliveira/L, Major Arlindo Pinheiro/PE, Major Paulo Sousa/L, Capitão António Pinto/L, Sargentos António Mateus, António Rego e José Alves/L, Base Aérea 1 (Sintra): Capitão Carlos Dias/PP, Sargento-ajudante Joaquim Pinela/PE*, Sargentos José Prata e César Sanches/L, Base Aérea 4 (Açores): Capitão Manuel Nunes/L, Base Aérea 6 (Montijo): Tenente-coronel Jacques Tiago/L, Major José Costa/L e Capitão Bruno Prazeres/PP, Base Aérea 11 (Beja): Capitão Nuno Neves/PP, Aeródromo Trânsito 1 (Figo Maduro/ Lisboa): Sargento-ajudante Rui Dias/PP e Sargento Francisco Garcia/L, Aeródromo de Manobra 1 (Ovar): Capitão João Mesquita/L, Hospital da Forças Armadas (Lisboa): Major António Calado/L, Sargentos Luís Ferreira e Carlos Vicente/L, Complexo de Alverca: Sargento-ajudante José Barbacena/PP*, Messe de Alfragide: Major António Botão/PP e sargento José Coelho/L, Base de Monsanto (Lisboa): Tenente-coronel Rui Coroa/PP, Sargento Vítor Lourenço/PP e Sargento Sérgio Bravo/L e Campo de Tiro de Alcochete: Sargento-mor Paulo Pequito/PP e Sargento António Polido/L.

(Significa das siglas e sinais: PP-Prisão Preventiva, PE-Pulseira Eletrónica, L-Liberdade e *na reserva).

Teixeira Correia

(jornalista)