(Exclusivo) Beja: Comando da GNR investigado por irregularidades em pagamentos.
Uma guerra de secretaria que envolve divisas (graduações), escalas, patrulhas e pagamentos indevidos, no Comando Territorial de Beja (CTBeja) da GNR, pode ter levado à abertura de um enorme alçapão no seio da Guarda a nível nacional.
Será prática comum há muitos anos, o pagamento de suplementos de escala e de patrulha a militares adstritos a serviços de secretaria, que não eram efetuados.
O caso foi despoletado por uma carta anónima remetida ao Ministério Público (MP) de Beja, que dava conta da prática das irregularidades no Destacamento de Trânsito, onde era revelado que o militar responsável pela efetivação das escalas de serviço, “incluía o seu nome, não fazia o serviço e recebia os honorários”.
O denunciante terá sido colocado em patrulhas que não lhe agradavam, o que terá levado a fazer a denúncia, onde envolvia o responsável pela elaboração das escalas, um militar com menor graduação.
O MP considerou a situação como muito grave e remeteu o processo para a Inspeção da Guarda (IG), que de imediato veio para o terreno, e começou a investigar os mapas das escalas enviados pelos diversos destacamentos para o Comando. A investigação ao CTBeja visa apurar eventuais irregularidades no pagamento de suplementos de escala e patrulha a militares adstritos a serviços de secretaria, procurando também saber desde quando existia esta prática e que valores estarão envolvidos.
Dezenas de militares terão recebido mensalmente verbas pelos dois serviços que não efetuaram e que terão lesado o erário público em milhares de euros pelo pagamento indevido dos referidos suplementos. A situação “rebentou” no Destacamento de Trânsito, mas rapidamente “alastrou” aos Territoriais.
No interior do Comando Territorial de Beja, o caso “caiu como uma bomba”, tendo o autor da carta sido rapidamente “identificado”. A autoria do documento foi apontada a outro militar do Destacamento de Trânsito, também ele adstrito ao serviço de secretaria, que também terá sido remunerado por serviços não efetuados.
Apesar de não existir qualquer suspensão, a situação gerou um forte “mal-estar” entre os militares ligados aos serviços de secretaria e as ondas de choque levaram a que o presumível autor da denúncia tenha dado entrada com uma baixa médica.
Para procurar esclarecer o assunto, o Lidador Notícias (LN) colocou diversas questões à Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), tendo o Subinspetor-Geral, Paulo A. Ferreira, referido que “não corre na IGAI qualquer processo que tenha como objeto a matéria em causa”.
Por seu turno o Ministério Público de Beja, onde corre o processo não deu qualquer resposta às perguntas presentadas.
Já o Comando Geral da GNR, através do Chefe de Divisão de Comunicação e Relações Públicas, Tenente-coronel Hélder Barros, confirmou a existência da situação descrita, justificando que “o assunto exposto, está a ser analisado pelo Ministério Público e, internamente, pela Inspeção da Guarda”, não adiantando outros pormenores.
Teixeira Correia
(jornalista)