Beja: Mãe perde bebé e acusa que houve negligência médica no hospital.
Aos 33 anos, era a quarta vez que Susana Mestre estava grávida, mas acabou por perder o bebé. A mulher deu à luz um nado morto, com o cordão umbilical à volta do pescoço.
O caso ocorreu no passado dia 5 de março, depois da parturiente ter passado várias vezes pelo Serviço de Urgência do Hospital de Beja (SU-HB) e ter sido repetidamente enviada para casa, em virtude de “não estar em trabalho de parto ativo”, começou por contar ao Lidador Notícias (LN).
Entre a primeira ida de ambulância de Susana Mestre, residente em Vale de Vargo, concelho de Serpa, ao Centro de Saúde desta cidade, e posteriormente reencaminhamento para a unidade hospitalar bejense, e o parto passaram quase 2 semanas, sem que fosse detetada qualquer anomalia na gravidez. Numa das presenças no SU-HB fez uma Cardiotografia (CTG), exame que não revelou qualquer anomalia.
Com novas dores, a 3 de março Susana Mestre regressa ao hospital, segue-se mais uma CTG e duas horas depois um novo regresso a cama. “Deram-me como justificação que não ficava internada porque não havia vagas. Com as dores que eu tinha e os dois centímetros de dilatação, se tivesse ficado no hospital, o parto podia ter sido provocado e hoje tinha o bebé no colo”, diz revoltada.
Mas na tarde de 5 de março, com 39 semanas e 6 dias de gestação, dá-se o desenlace fatal. Regressa ao hospital, volta a fazer nova CTG, onde já não são detetados os batimentos cardíacos do bebé. “De manhã ainda senti o meu menino. Depois do exame fui levada para a sala de partos, perguntei o que sucedera e as respostas foram evasivas”, acusa a parturiente, que soube depois que deu à luz o bebé morto, acrescentando que “tinha o cordão umbilical à volta do pescoço”, remata.
O feto foi levado do Gabinete Médico-Legal de Beja para o Hospital Egas Moniz, em Lisboa tendo sido autopsiado na terça-feira, tendo o funeral sido realizado ontem (quarta-feira) no cemitério de Vale de Vargo.
“Ainda não temos resultado da autopsia. Apresentamos uma reclamação por escrito na Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA) sobre todo o processo que conduziu a este triste desfecho, mas ainda não há qualquer explicação”, rematou Susana Mestre.
A administração da ULSBA confirmou a entrada da reclamação, mas “por se tratar de um assunto delicado, através de um inquérito interno vamos recolher todos os elementos para prestar à família todos os esclarecimentos”, remataram.
Teixeira Correia
(jornalista)