Não aceitou que a namorada o tivesse trocado por outro. Foi de São Matias (Beja) a Vidigueira e fez três disparos de caçadeira e ferindo a mulher e ma amiga. Depois tentou suicidar-se.
Paulo Duarte, 54 anos, foi ontem condenado por um Coletivo de Juízes do Tribunal de Beja a 14 anos de prisão, em cúmulo jurídico, por dois crimes de homicídio um qualificado e outro simples, ambos na forma tentada e agravados e, um de violência doméstica.
O arguido foi condenado nas penas parcelares de 10 anos pela tentativa qualificada, 5 anos pela tentativa simples e 2 anos pela violência doméstica.
O indivíduo teve ainda como penas acessórias o pagamento de indemnizações às duas vítimas que se constituíram assistentes no processo no valor de 70 mil euros, 50 mil a uma e 20 mil a outra e, à Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo e ainda a proibição de contatar com a ex-namorada durante cinco anos e a frequência de programas específicos de prevenção da violência doméstica.
Na madrugada de 27 de fevereiro do corrente ano, Paulo Duarte, residente em São Matias, concelho de Beja, fez cerca de 13 quilómetros até um lar em Vidigueira e ai tentou matar a ex-namorada e uma amiga com três tiros de caçadeira à queima-roupa e pelas costas.
Depois colocou-se em fuga, rumando à sua habitação onde ingeriu uma substância química para desinfestação de locais de animais. Como se recusava a sair, a GNR foi forçada a entrar em casa, transportando o individuo para o Hospital de Beja já em estado de inconsciência.
Os crimes foram cometidos dentro do período de cumprimento de uma pena suspensa de 2 anos e 6 meses, pelo crime de violência doméstica.
Na leitura do acórdão, o presidente do Coletivo de Juízes, Vítor Maneta, lembrou que durante o julgamento o arguido “não mostrou arrependimento, antes pelo contrário, insensibilidade pelo valor da vida humana”, acrescentando que “para si o trabalho está feito só que não foi como você o pensou e desejou”, rematou.
Num registo bastante duro, o magistrado verberou o comportamento do arguido dizendo que “a pena não lhe faz grande moça. Na cadeia pode andar de cabeça erguida”, deixando bem patente que a pena seria bem mais dura: “não me posso alongar, porque se fosse como nos Estados Unidos da América que as penas são às mãos cheias, tinha tido outro castigo”, rematou.
Teixeira Correia
(jornalista)