Beja: Rede de Évora que “operava” do exterior para o interior da prisão de Beja em julgamento


Começou ontem no Tribunal da Comarca de Beja o julgamento de uma rede, composta por seis elementos, que operava a partir de Évora e introduzia estupefacientes no Estabelecimento Prisional de Beja. Pai e filho, são apontados como os mentores do esquema. O julgamento tem três dezenas de testemunhas.

BEJA- Rede drogaA_800x800jpgO alegado líder de uma rede de tráfico de droga de 6 pessoas, cinco homens e ma mulher, que atuava desde Évora com o objetivo de introduzir estupefacientes no Estabelecimento Prisional de Beja (EPBeja), desmantelada pela GNR, PSP e Guarda Prisional em junho de 2014, não quis prestar declarações ontem no Tribunal de Beja na primeira audiência de julgamento.

“Para já não quero falar. Só quero refutar o fato de se dizer que não tinha profissão, fui carpinteiro até ao dia em que fui preso”, justificou o principal suspeito ao coletivo de juízes José C. (de azul na foto de cima), que atuava com o filho, Fábio C. (de laranja na foto de baixo), preso no EPBeja.

BEJA- Rede drogaB_800x800O “fornecedor” da droga, Carlos M (de branco, meio encoberto, na foto de cima), falou mas não incriminou nenhum dos elementos do grupo, enquanto que Luís T (de preto na foto de baixo), o preso que atuava como “correio”, teve um discurso tão distorcido que levou o Procurador a inquirir se estava “bem de saúde”.

Dos 6 arguidos, dois cumprem pena de prisão por outros processos, dois estão em prisão preventiva, um com apresentações trissemanais e a mulher com TIR. Quatro dos detidos estão acusados, em co-autoria, do crime de tráfico de droga agravado, o quinto de um crime de tráfico de estupefacientes e um crime de detenção de arma proibida e o último de um crime de tráfico de estupefacientes.

Faltaram ao julgamento a mulher acusada e três testemunhas, tendo o coletivo emitido um mandado de detenção para condução a tribunal.

Segundo a acusação o grupo foi formado no exterior por José C., para meter droga no EPBeja, onde o seu filho Fábio controlava a venda no interior da cadeia, junto de outros reclusos.

Para fazer entrar a droga na cadeia sem correr riscos, José utilizava familiares ou companheiras de reclusos, como foi o caso de Maria E., arguida no processo, a quem entregava o produto e o fazia chegar a Fábio. Em outros casos foram também utilizados reclusos que beneficiavam de saídas precárias, como foi o caso de Luís T., que foi apanhado com sete bolotas no regresso à prisão.

Diretamente dos familiares dos reclusos ou através de vales de correio, José recebia o dinheiro da droga que era vendida no interior da cadeia de Beja. O indivíduo viria a ser detido à porta deste estabelecimento em 29 de junho de 2014, quando pretendia fazer uma visita ao filho, transportando bolotas de haxixe. Horas depois, na madrugada do dia seguinte, Carlos M., o “fornecedor” de José, foi detido e na viatura tinha quase 1 quilo de haxixe e na sua casa tinha mais 35 gramas e uma arma de fogo, com dois canos, de calibre 6,35 mm, dissimulada como porta-chaves.

O processo conta com quase três dezenas de testemunhas, entre investigadores, consumidores, familiares e presos e guardas do EPBeja.

Teixeira Correia

(jornalista)


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