Manuel Narra, antigo presidente da Câmara Municipal de Vidigueira, foi esta tarde condenado no Tribunal de Beja a uma pena de cinco anos de prisão pelo crime de peculato.
O autarca, foi ainda condenado a 60 dias de multa à taxa diária de 20 euros dia no total de 1.200 euros.
A execução da pena de prisão por igual período, fica condicionada ao facto de Manuel Narra proceder ao pagamento e comprovar o pagamento mensal de 708,48 euros, no total de 42.508,80 euros, ao Município da Vidigueira, por conta do pedido cível feito pela instituição.
Na prática a devolução das verbas que o edil receber ao longo de quatro anos, entre 2013 e 2017, como subsídio de transporte, entre a Vidigueira e o seu domicílio fiscal no Monte da Caparica. O autarca foi absolvido do crime de falsificação do documento.
Após o conhecimento do acórdão do Coletivo de Juízes, Manuel Narra revelou que vai “ler o acórdão com o advogado para possível recurso para a Relação”, justificando que a única vez que ouviu falar de que “um autarca não tinha direito ao pagamento das viagens foi no tribunal”, acrescentando que se ouve crime “foi com base no que me comunicou o Chefe de Serviços da autarquia”, concluiu.
Questionado se vai abdicar do mandato de vereador para que foi eleito nas últimas Eleições Autárquicas, justificou que apesar de tal não ter sido colocado em causa pelo tribunal, assegurou que “vou reunir com a força partidária para analisar a situação e ficar a exercer funções ou apresentarei o pedido de demissão”, rematou.
Colocado perante este processo ter sido uma vingança política, Manuel Narra apontou baterias a quem o substituiu na autarquia e ao partido com quem entrou em rotura no último ano do seu mandato, sempre eleito pela CDU entre 2005 e 2017: “há gente dentro do PCP que tem que perceber que “job for boys” aprovados por mim enquanto fui presidente da Câmara da Vidigueira, não. Há outros que querem colocar as mulheres, seja como for, em empresas públicas”, atirou.
Para justificar a medida da pena aplicada, o presidente do Coletivo de Juízes sustentou que “é uma situação que gera grande atenção da comunidade e é precisa uma resposta do tribunal”, e falando para o arguido disse: “a confiança de quem votou em si acaba por ficar frustrada nas expectativas que tinham”, rematando o magistrado que “ao arguido, justiça seja feita, que ainda que não admitisse alguns factos, teve uma postura colaborante e não tive, como outros uma atitude arrogante”, concluiu.
Teixeira Correia
(jornalista)