Serpa: Acusação de exploração laboral e associação criminosa.


Cinco pessoas e uma empresa foram acusados pelo Ministério Público de exploração laboral e associação criminosa.

Cinco cidadãos do Industão, dois dos quais com nacionalidade portuguesa, e uma empresa, gerida por estes dois seguidos, foram acusados pelo Ministério Público de Serpa da prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas e associação criminosa.

A  acusação resulta de uma investigação iniciada pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em 2021, na sequência da detenção, em 30 de junho daquele ano, dos dois cidadãos luso/industanicos, de 33 e 53 anos, na zona da grande Lisboa.

O grupo de arguidos tinha dezenas de compatriotas que realizavam trabalhos agrícolas na zona de Serpa, distrito de Beja, cobrando-lhes elevadas quantias pelos alojamentos, sem condições de habitabilidade, exigindo ainda o pagamento de alegadas prestações sociais e impostos.

Na altura da detenção dos dois seguidos, estes foram presentes ao Tribunal de Serpa, ficando em prisão preventiva, tendo o SEF continuado com a investigação que terminou agora com a acusação.

Denúncia de escravatura

A denúncia que existiriam cerca de duas centenas de trabalhadores a serem escravizados, foi feita, no Twitter, por Catalin Schitco, estudante universitário de 20 anos, de origem moldava e residente em Portugal há mais de 18 anos. “Fui abordado por uma moradora de uma aldeia em Serpa, avó de uma amiga próxima, que me contou a história. Falou comigo pela notoriedade que sabe que tenho aqui e na política”, explicou o jovem ao i, adiantando que a mulher conseguiu comunicar com um imigrante que sabe italiano.

O Lidador Notícias (LN) contatou por mail o Comando-Geral da GNR que justificou que “não tem registo de denúncias ou de ocorrências relacionadas com o descrito, na zona de Serpa”, acrescentando que “a Guarda teve conhecimento de uma publicação de uma rede social com factos idênticos à questão colocada no email, sendo a mesma objeto de envio ao Ministério Público”, concluiu a instituição.

A Câmara Municipal de Serpa reagiu em comunicado à revelação feita há alguns dias por um estudante moldavo, de que existia naquele concelho “um grupo de 200 moldavos escravizados”, assegurando que não conhecimento do facto.

Inquéritos por crimes ligados à exploração de imigrantes no Alentejo

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) tem a decorrer 29 inquéritos no Alentejo, quase um terço em Odemira, no total são 19 no distrito de Beja, por suspeitas de crimes relacionados com exploração de imigrantes, como tráfico de pessoas.

Os inquéritos-crime decorrem em nove comarcas e sob investigação estão 44 pessoas e 26 entidades patronais, referiu o SEF, precisando que estão em causa 17 crimes de auxílio à imigração ilegal e 12 de tráfico de pessoas.

A comarca de Odemira, no distrito de Beja, é a que tem mais inquéritos a decorrer, num total de 10, sendo oito pelo crime de auxílio à imigração ilegal e dois pelo de tráfico de pessoas.

Os restantes 19 inquéritos decorrem nas comarcas de Évora (cinco), Beja (quatro), Serpa (três), Grândola e Portalegre, com dois cada, e Elvas, Ferreira do Alentejo e Ourique, com um cada.

Teixeira Correia

(jornalista)


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