Cerca de uma centena de timorenses, que vieram para a região aliciados com contratos de trabalho, sem habitação e sem comida.
Cerca de uma centena de cidadãos timorenses, homens e mulheres, foram nos últimos trinta dias, despejados por proprietários e outros tiveram que abandonar as casas onde residiam por se encontrarem a viver em condições habitacionais indignas.
O último caso ocorreu na quarta-feira na freguesia de Pias, concelho de Serpa, quando a Segurança Social (SS) levou a cabo uma ação inspetiva às condições em viviam 24 imigrantes timorenses, 20 homens e 4 mulheres, tendo-se feito acompanhar por elementos do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), Guarda Nacional Republicana (GNR), CLAIM-Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes, Junta de Freguesia de Pias e Proteção Civil Municipal de Serpa.
Nenhum dos imigrantes timorenses, trabalhadores agrícolas, tinha contrato de trabalho e encontravam-se a viver numa habitação em condições desumanas, acabando por ser realojados temporariamente.
Em comunicado a Câmara Municipal de Serpa, fez saber que “respondeu a uma situação de emergência e a solicitação da SS assumiu a responsabilidade de realojamento temporário daqueles cidadãos, garantindo ainda a entrega de alimentação, enquanto for necessário”, justifica a edilidade serpense.
O oficial do Gabinete de Relações Públicas da GNR de Beja, confirmou a deslocação ao local para “confirmar a falta de condições da habitação. As quatro mulheres foram para o Algarve, por eventualmente terem trabalho, e os homens ficaram à responsabilidade de uma entidade terceira”, justificou o Major Rui Fernandes.
Expulsões das habitações em Cabeça Gorda
Menos de um mês depois, o cenário voltou a viver-se em Cabeça Gorda, concelho de Beja. No passado sábado quarenta trabalhadores timorenses, 39 homens e 1 mulher, foram despejados da casa onde habitavam, por eventual falta de pagamento da renda. O imóvel é propriedade de um empresário do Paquistão, que contrata e arrenda casas aos imigrantes, no distrito de Beja, desde 2018.
Depois de conhecer a situação a Segurança Social encaminhou os cidadãos para a antiga Casa do Estudante, gerida pela Cáritas Diocesana de Beja (CDB). Quando ainda estavam alojadas na aldeia de Cabeça Gorda as refeições, almoço e jantar, eram transportadas pela junta de freguesia, mas fornecidas pela Cáritas, agora em Beja, as quatro dezenas de timorenses vão comer à instituição.
No dia 29 de julho, 28 imigrantes de Timor-Leste, que vieram para Alentejo, com a promessa de trabalho regulamentado e devidamente remunerado, acabaram por ter que deixar as habitações onde viviam por ordem do mesmo empresário paquistanês. Foram acolhidos pela Junta de Freguesia tendo ficado alojados durante algum tempo nas instalações da antiga Casa do Povo, onde também faziam as refeições.
SEF e Embaixada de Timor atentos
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e a Embaixada das República Democrática de Timor Leste, estão atentas a este grave problema social que os cidadãos timorenses estão a viver e já foram feitas ações de sensibilização a quem chega a Portugal. No passado dia 16, realizou-se uma reunião entre a Conselheira da Embaixada e o Diretor Nacional Adjunto do SEF, para abordar e aprofundar a parceria em curso.
Agressões violentas entre cidadãos asiáticos no concelho de Beja
Na noite do passado sábado um cidadão paquistanês de 40 anos, que esfaqueou um companheiro de trabalho, na noite de sexta-feira, num monte a cerca de 10 quilómetros de Beja. O caso aconteceu no Monte das Alcaçarias de Cima, na freguesia de Nossa Senhora das Neves, na sequência de uma discussão que envolveu agressor e vítima de 41 anos, que ainda se encontra internada no Serviço de Urgência do Hospital José Joaquim Fernandes, em Beja, com prognóstico reservado. O agressor ficou em prisão preventiva.
Na noite do passado dia 18 de agosto, diversos cidadãos indianos residentes em Baleizão, também no concelho de Beja, envolveram-se em agressões físicas, das quais resultaram quatro feridos que foram transportados para o Hospital José Joaquim Fernandes, na cidade alentejana.
Teixeira Correia
(jornalista)
Foto: DR