A SEGURANÇA DO PAPA

Ago 2, 2023

Sempre que sua Santidade o Papa viaja para fora do Vaticano, a segurança é uma preocupação fundamental e diversas são as entidades envolvidas para garantir a proteção do líder da Igreja Católica.

Rogério Copeto

Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

A Guarda Suíça (Guardia Svizzera Pontificia) e a Gendarmeria do Vaticano (Corpo della Gendarmeria) são as duas instituições responsáveis pela proteção e segurança do Papa e do Vaticano, sendo as mesmas distintas e com funções e características diferentes.

A Guarda Suíça fundada em 1506, é uma das forças militares mais antigas ainda em atividade no mundo e tem a responsabilidade de proteger o Papa e o Vaticano, sendo os seus membros recrutados entre os jovens suíços com idade entre 19 e 30 anos, com o serviço militar concluído, que depois de passarem por uma rigorosa formação, ficam responsáveis pela segurança do Papa e dos edifícios do Vaticano, além de participarem nas cerimónias oficiais, cujo o seu distinto e colorido uniforme, se constitui como uma das características mais reconhecidas em todo o mundo.

A Gendarmeria do Vaticano é a força policial do Vaticano, sendo responsável pela segurança interna do Vaticano, cujas atribuições são a prevenção e investigação da criminalidade, a segurança rodoviária e a manutenção da ordem pública. Enquanto a Guarda Suíça é composta por militares, a Gendarmeria é composta por civis de diferentes nacionalidades.

Ambas as forças trabalham em conjunto para garantir a segurança e a proteção do Papa, dos visitantes e dos edifícios do Vaticano, sendo a Gendarmeria mais conhecida por desempenhar um papel mais amplo na segurança interna do Vaticano e a Guarda Suíça pela sua função cerimonial e de proteção do Papa dentro do Vaticano, apesar de também ajudar na segurança durante as suas viagens ao estrangeiro.

Durante as viagens ao estrangeiro, a segurança do Papa envolve uma combinação de esforços entre a Guarda Suíça, a Gendarmeria do Vaticano e as autoridades de segurança locais do país visitado, sendo o planeamento prévio e a coordenação entre todas essas entidades fundamentais para garantir a segurança do Papa e dos participantes nas diversas atividades públicas realizadas durante as suas visitas.

Quando o Papa visita outros países, as policias locais desempenham um papel fundamental na sua segurança, trabalhando em estreita colaboração com a Guarda Suíça e a Gendarmeria do Vaticano na coordenação e execução das medidas de segurança.

Antes de qualquer viagem Papal, há um extenso planeamento de segurança, que inclui a identificação de possíveis ameaças, percursos seguros e a mobilização dos recursos necessários e suficientes para garantir a proteção adequada do Papa durante as suas atividades públicas.

A gestão das multidões é uma preocupação essencial durante as viagens do Papa, devendo as instituições de segurança trabalhar em conjunto para garantir que os locais onde se realizarão os eventos públicos estejam controlados e seguros.

Dependendo do país e do contexto, podem ser implementadas medidas de segurança especiais, como revistas de segurança, bloqueio de vias e até mesmo a restrição de acesso a locais específicos.

A Guarda Suíça e a Gendarmeria do Vaticano desempenham papéis específicos na segurança do Papa Francisco durante as suas viagens ao estrangeiro, sendo a primeira responsável pela segurança pessoal direta ao Papa, tanto no estrangeiro como no Vaticano, devendo durante as sua viagens, acompanhar o Papa nos eventos públicos, missas, audiências, encontros oficiais e outras atividades, garantindo a sua segurança em todas as ocasiões, bem como a proteção das residências e locais de estadia do Papa, garantindo a segurança das instalações e arredores.

A Gendarmeria do Vaticano deve trabalhar em estreita colaboração com as autoridades de segurança locais dos países que o Papa visita, garantindo uma coordenação eficiente para a segurança em território estrangeiro, nomeadamente sendo responsável por garantir a segurança do perímetro dos locais onde ocorrem eventos públicos com a presença do Papa, bem como acompanhar as movimentações das multidões, para além de poder auxiliar na segurança rodoviária e na organização logística dos eventos, a fim de garantir a segurança e o bom funcionamento das atividades planeadas

As polícias locais dos países visitados pelo Papa desempenham um papel importante na segurança durante a sua visita, cujas responsabilidades podem variar de acordo com os protocolos de segurança estabelecidos, a legislação local e as circunstâncias específicas de cada país, incluindo quase sempre o controle das multidões, que se reúnem para ver e interagir com o Papa durante suas atividades públicas, garantindo que a movimentação do público seja organizada e segura.

As polícias locais têm ainda a responsabilidade de ajudar na proteção dos lugares onde ocorrerão eventos públicos com a presença do Papa, como missas, audiências e encontros oficiais, realizando a segurança do perímetro e o controlo de acessos, através da verificação da identificação dos participantes, em locais onde isso se torne necessário.

As autoridades policiais locais trabalham ainda em conjunto com a Guarda Suíça e a Gendarmeria do Vaticano na coordenação dos esforços de segurança, na partilha de informações, garantindo uma abordagem unifica na execução da missão de segurança ao Papa.

As polícias locais têm também a responsabilidade de fornecer escoltas e garantir a segurança dos percursos utilizados pelo Papa nas suas deslocações entre os diferentes locais durante a visita e dependendo das ameaças e dos riscos identificados, as polícias locais podem implementar medidas de segurança adicionais, como revistas de segurança em locais específicos ou restrições de acesso a certos locais.

A resposta a emergências ou incidentes que possam ocorrer durante a visita do Papa e a tomada das medidas adequadas para garantir a segurança e o bem-estar de todas as pessoas envolvidas, é outra das áreas para que as polícias locais devem estar preparadas para lidar.

Em resumo, na segurança do Papa as policias locais têm um papel complementar e colaborativo na sua segurança durante as viagens ao estrangeiro, devendo trabalhar em conjunto com a Guarda Suíça e a Gendarmeria do Vaticano, ajudando a garantir que as atividades do Papa sejam realizadas num ambiente seguro, acreditando que a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa será um sucesso e se constituirá como um exemplo a seguir, no que diz respeito à segurança do Papa e de todos os seus participantes.