CENSOS SÉNIOR: FAZER O QUE MAIS NINGUÉM FAZ.


A GNR realizou no passado mês de outubro a “Operação Censos Sénior 2023”, com o objetivo de combater a solidão e o isolamento dos idosos, e prevenir situações de perigo, tendo sido feito o respetivo balanço na semana passada, na qual foram registados 44.114 idosos a viver sozinhos ou isolados na zona de ação da GNR, que ocupa 94% do território nacional.

Rogério Copeto

Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

O trabalho que a GNR desenvolve durante a “Operação Censos Sénior”, nasceu da necessidade de combater o isolamento e a solidão da população idosa, procedendo a GNR desde 2011 à sinalização de idosos isolados e sozinhos, encaminhando as situações de maior perigo, para as instituições de apoio aos idosos, tendo nesse ano sinalizado 15.596 idosos em todo o território nacional à responsabilidade da GNR.

A GNR para além de sinalizar os idosos, realiza ações de sensibilização e informação sobre os procedimentos de segurança a observar em situações de maus-tratos, assalto ou burla, bem como a forma como poderão denunciar os crimes de que são vítimas, disponibilizando para o efeito os números de telemóvel dos militares da GNR, criando-se assim laços de confiança entre a GNR, os idosos e seus familiares.

Mas, o que esteve realmente na origem da Operação Censos Sénior foi o facto de em fevereiro de 2011 ter sido encontrada sem vida, uma idosa residente em Rinchoa, concelho de Sintra, na sua própria residência, e que alegadamente estaria morta há 9 anos, sem que ninguém tivesse feito nada, durante esse tempo todo, pelo que como consequência dessa mesma ocorrência, a GNR levou para o terreno a primeira edição da Operação Censos Sénior nesse mesmo ano, para que idosos isolados ou sozinhos não fossem encontrados mortos, sem que ninguém lhes prestasse socorro, porque nenhum ser humano deve morrer sem assistência, muito menos um idoso.

Assim, o principal objetivo da Operação Censos Sénior é registar todos os idosos que residam sozinhos e isolados, mantendo com os mesmos contactos frequentes e referenciar junto das instituições de apoio à terceira idade, aqueles que se encontrem em situações de maior vulnerabilidade.

Para isso a GNR vale-se da sua implantação em todo o território nacional, desde as zonas urbanas até às zonas mais recônditas do nosso país, com recursos humanos formados e motivados, tendo a GNR registado um crescente número de idosos, desde 2011, muito por culpa do aumento constante da população idosa no nosso país, constituindo-se já um dos mais envelhecidos do mundo.

A todos os idosos registados é efetuada uma avaliação do risco, sendo que nas situações em que o idoso revela especial situação de vulnerabilidade, o mesmo é sinalizado às instituições respetivas, tendo sido já as centenas de idosos sinalizados e alguns foram literalmente salvos de uma tragédia iminente.

É também recolhida um conjunto de informação nomeadamente a idade, sexo, estado civil, coordenadas GPS da sua residência, se tem telefone, se tem família, o estado de saúde e nível de autonomia, se recebe apoio, qual a regularidade desse apoio e apoio recebido.

A informação recolhida é confidencial, sendo usada só para os fins a que se destina, que é garantir melhor segurança aos idosos sozinhos ou isolados, para que se sintam protegidos, reforçando dessa forma a sua própria segurança, tornando-se a GNR, por esse facto, na instituição com mais informação sobre a temática do isolamento e solidão dos idosos.

Na posse desta informação, a GNR torna-se na instituição com mais informação sobre a temática do isolamento e solidão dos idosos, sendo por isso com frequência solicitada a dar conta do trabalho que realiza com os idosos no âmbito da Operação Censos Sénior, em diversos fóruns, onde a temática é a proteção de idosos.

Apesar da GNR desenvolver esta atividade, no âmbito desta problemática, esta constitui-se como entidade de primeira linha, articulando-se com as instituições de resposta, não se substituindo a estas, conseguindo por isso uma enorme visibilidade e consequente reconhecimento, junto das entidades que trabalham com idosos, tendo por isso a Operação Censos Sénior sido reconhecida como uma Boa Prática Nacional no estudo encomendado pelo Conselho Económico e Social (CES) denominado “O Envelhecimento da População: Dependência, Ativação e Qualidade” e da autoria do Centro de Estudos dos Povos e Culturas de Expressão Portuguesa, da Faculdade de Ciências Humanas, da Universidade Católica Portuguesa.

A Operação Censos Sénior também suscitou grande interesse, ao nível governamental, onde se incluem o Ministério da Solidariedade e Segurança Social (MSS) e o Ministério da Administração Interna (MAI), que levou a ambos os ministérios a assinar um “Protocolo de Cooperação” em 1 de fevereiro de 2013, conforme noticiou o DN no artigo com o título “Assinado protocolo para combater solidão”, com o objetivo de garantir “uma melhor articulação entre os organismos que atuam nesta área, de forma a promover um aumento da qualidade de vida e do sentimento de segurança dos cidadãos mais idosos”.

Neste “Protocolo de Cooperação”, o MAI e o MSS comprometem-se a fortalecer as parcerias locais com os serviços de segurança social, e a garantir uma estreita articulação entre as forças de segurança e a linha nacional de emergência social (linha 144), bem como se responsabilizam em “garantir a partilha de informação entre as forças de segurança e os serviços sociais do Instituto da Segurança Social (ISS) e, no caso de Lisboa, a Santa Casa de Misericórdia (SCML), por forma a permitir uma eficaz intervenção conjunta no combate ao isolamento e à solidão dos idosos e ao sentimento de insegurança”.

No artigo do DN ficamos a saber que a “assinatura do protocolo insere-se num conjunto de iniciativas que têm sido desenvolvidas pelo MSSS e pelo MAI no sentido de combater o sentimento de isolamento e insegurança dos cidadãos mais idosos”, onde é referido que “a GNR realiza a Operação Censos Sénior anualmente, tendo na primeira vez em 2011, sido identificados 15.596 idosos, número que cresceu no ano de 2012 para 23.001”.

Também o Ministério da Saúde (MS) mostrou interesse no trabalho desenvolvido pela GNR no âmbito da 1ª edição da Operação Censos Sénior, tendo por isso o Instituto Nacional de Saúde – Dr. Ricardo Jorge protocolado com a GNR, a parceira no estudo “Envelhecimento e Violência” e apresentado publicamente na Fundação Calouste Gulbenkian no dia 25 de fevereiro de 2014.

Também todos os anos os órgãos de comunicação social locais e nacionais dão eco ao trabalho que a GNR realiza no âmbito da Operação Censos Sénior, comprovando-se facilmente, através de uma pesquisa no Google pelas palavras “Censos Sénior”, de onde resultam centenas de páginas com notícias, desde a 1º edição realizada há 12 anos.

Conclui-se assim, que a GNR realiza um papel preponderante na proteção dos idosos mais vulneráveis, constituindo-se a Operação Censos Sénior como prova bastante de que a GNR cumpre a missão a que está obrigada, indo muito para além do que lhe é exigido, e que só o grande humanismo de todos os militares envolvidos faz com que esta operação seja um sucesso ano após ano, sendo também a confirmação de que a GNR se constitui na face do Estado, que mais próxima e visível está da população mais idosa, e que faz o que mais ninguém faz.


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