Um movimento que tem como lema: “O nosso fim é a vossa fome” emitiu ontem um comunicado onde deixa um rol de reivindicações que pretendem ver satisfeitas, deixando outras reivindicações para o próximo Governo.
Fica na integra o comunicado dos agricultores portugueses, num momento em é cada vez maior o descontentamento dos “Homens da Terra”, existindo já quem fale em concentrações, marchas lentas e manifestações.
PAGAMENTO INTEGRAL DAS AJUDAS AOS ECO-REGIMES DE AGRICULTURA BIOLÓGICA E PRODUÇÃO INTEGRADA: Num momento em que o Governo anuncia um superavit orçamental em 2023, não faz sentido rasgar contratos com os agricultores, a 2 dias do cumprimento dos mesmos (pela parte do Governo) cortando em mais de ⅓ a verba com que inicialmente se comprometeu. Vivemos ameaçados pelas alterações do clima e não faz nenhum sentido penalizar os eco-regimes mais favoráveis ao ambiente, em detrimento de outros. Depois de dar indicações aos agricultores no sentido de um caminho mais sustentável e amigo do ambiente, são exatamente essas medidas onde o Governo corta os apoios. Ultrapassar o que o Governo estimou inicialmente deveria ser motivo de regozijo e não de penalização para o sector.
UNIFORMIZAR APOIOS ENTRE ESTADOS O QUE TOCA ÀS CATÁSTROFES NATURAIS: Não faz sentido numa Península com fronteiras abertas, um agricultor Português receber muito menos que o seu vizinho espanhol. A seca é a mesma, as fronteiras estão abertas e a concorrência é direta. O espaço Schengen fez-se para uniformizar, não para acentuar diferenças.
APOIAR O INTERIOR, MELHORANDO AS CONDIÇÕES PARA QUEM SE DEDICA À AGRICULTURA E PECUÁRIA DE SEQUEIRO: Além da pequena agricultura que o Governo soube apoiar e muito bem nesta PEPAC, há que acautelar a produção pecuária e agricultura de sequeiro, cuja viabilidade foi comprometida por um corte inicial de 30/40% em relação ao anterior PDR2020, e que além disso ainda leva agora um corte de 35% sobre os 70% que restavam… O sequeiro é a maior percentagem da Superfície Agrícola Útil e sem ele, o país terá ainda mais desertificação do interior, e muito mais incêndios. Aumento das ajudas aos cereais de sequeiro e à produção pecuária de Sequeiro.
CRIAR URGENTEMENTE CANAIS DE ESCOAMENTO PARA OS PRODUTOS AGRÍCOLAS E PECUÁRIOS: É inadmissível num momento em que a pecuária nacional se debatia com uma crise sanitária (febre hemorrágica) e com um embargo às exportações para Israel e da posterior eclosão da guerra no Médio Oriente que o Governo em vez de diversificar as nossas vendas não crie nem um canal alternativo de escoamento dos nossos produtos.
AS RESTANTES REIVINDICAÇÕES SERÃO APRESENTADAS AO PRÓXIMO GOVERNO: No entanto precisamos de um Ministério dirigido por quem efetivamente perceba de agricultura e que quer as Florestas quer o Desenvolvimento Rural voltem para onde nunca deveriam ter saído
Agricultores denunciam incompetência do Ministério da Agricultura e reivindicam o pagamento das ajudas comunitárias a que têm direito.
Sob o mesmo lema: “O nosso fim será a vossa fome”, os agricultores bloqueiam desde segunda-feira as entradas de Paris. Bloqueio das principais vias de entrada de Paris começou na tarde desse dia. Classe teme perder competitividade e está contra medidas da União Europeia. Mal-estar alarga-se a vários países europeus.
O “rastilho” do protesto francês pode a qualquer momento propagar-se a Portugal.
Teixeira Correia
(jornalista)