Agrupados em redor do Movimento Civil pela Agricultura (MCA) os agricultores não aceitam os subsídios anunciados pelo Governo e vão levar os cortes de estrada em frente. Há quem defenda a saída da direção da CAP.
No Alentejo, os agricultores vão deslocar-se para as fronteiras do Caia, no concelho de Elvas, e do Retiro, no concelho de Campo Maior, ambas perto de Badajoz, bem como para Olivença, Mourão e Ficalho (Baixo Alentejo). Em Alcácer do Sal, os agricultores preveem cortar a A2 e avançar para Pegões. E em Montemor, está em vista o bloqueio da A6 no nó de Montemor e a estrada que vai para Sines, para cortar o acesso ao porto.
Sob o mote “O nosso fim é a vossa fome”, o MCA justifica que os agricultores “vão para as estadas portuguesas com máquinas agrícolas e outras viaturas pesadas lutar pelo direito humano à alimentação adequada, por condições justas e pela valorização da atividade”, assegurando que os mesmos “estão unidos e preparados para se defenderem da tirania e ataque permanente à sustentabilidade, à soberania alimentar e à vida rural”, rematam.
A ministra da Agricultura e da Alimentação anunciou ontem a criação de uma nova linha de crédito de apoio à tesouraria no valor de 50 milhões de euros.
Várias medidas foram apresentadas, em conferência de Imprensa, onde estiveram a ministra da Agricultura e o ministro das Finanças, nomeadamente um apoio à produção de 200 milhões de euros para mitigar os efeitos da seca na agricultura, a criação de uma linha de crédito de apoio de 50 milhões de euros com taxa de juro a zero e a descida do imposto sobre o gasóleo agrícola, “de 4,7 cêntimos por litro para 2,1 cêntimos”.
Álvaro Mendonça, presidente da CAP, justificou que “o compromisso hoje assumido pelo primeiro-ministro, de pagar aos agricultores a totalidade das verbas devidas respeitantes às medidas agroambientais a que estes se candidataram no âmbito do Plano Estratégico da PAC, no valor global de 65 milhões de euros, dá razão às exigências da CAP e corrige o gravíssimo erro de gestão do Ministério da Agricultura, possibilitando que o setor agroflorestal invista nos modos de produção biológica e integrada”.
Entre os agricultores há quem defenda a exigência de “despedir a direção da CAP. Não nos representam, não tem razão de existir”, disse uma fonte ao Lidador Notícias.
O movimento de agricultores portugueses (MIC) promete, esta quinta-feira, bloquear estradas nas zonas de fronteira e em vários pontos do país para travar a entrada de alimentos vindos de fora de Portugal.
Os protestos só terminam, diz um dos porta-vozes do movimento ao JN, quando os agricultores “forem ressarcidos integralmente pelo Estado”. Em causa está o pagamento de apoios do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC). O JN sabe que há autoridades policiais de prevenção para as manifestações, dado o receio de “instrumentalização”, mas o movimento de agricultores garante que não haverá distúrbios ou violência.
Teixeira Correia
(jornalista)