IR A PÉ A FÁTIMA


São muitos os portugueses que têm como um dos objetivos de vida, ir a pé a Fátima, seja sozinho ou em grupo, ainda que com motivações diferentes, mas unidos pela fé que todos têm na Nossa Senhora de Fátima, sendo o presente artigo sobre um desses grupos de peregrinos.

Rogério Copeto

Coronel da GNR

Mestre em Direito e Segurança e Auditor de Segurança Interna

Todos os anos por esta altura, milhares de pessoas deslocam-se a pé até ao Santuário de Fátima, com o objetivo de chegarem à Cova da Iria no próximo domingo, dia 12 de maio, onde irão manifestar a sua fé à Nossa Senhora de Fátima e assistir às cerimónias religiosas do dia 12 e 13 de maio.

São tantos os milhares de pessoas, que todos os anos por estes dias se deslocam a pé em direção a Fátima, que a Guarda Nacional Republicana (GNR) realiza todos os anos, desde 2008, a “Operação Peregrinação Segura”, com o objetivo de garantir a segurança de todos os peregrinos, que a pé ou de carro se deslocam pelas estradas que se dirigem ao Santuário de Fátima e àqueles que assistem às cerimónias religiosas.

Mas o presente artigo não é sobre o papel que a GNR desempenha na segurança de todos os que se dirigem a Fátima pelas estradas e dos que estão no Santuário de Fátima, onde a GNR tem revelado elevada competência e profissionalismo.

Este artigo é sobre um grupo de cerca de 25 homens e mulheres de Évora, que desde 2019 (exceto 2020 e 2021 por motivo da pandemia de COVID-19) se organizam para irem a pé até Fátima, tendo em comum a fé em Nossa Senhora de Fátima, apesar das diferentes motivações, que vão desde agradecer uma bênção ou cumprir uma promessa, tal como será com todos os peregrinos e que foi retratado no filme “Fátima”.

Por esta altura, dia 8 de maio, o grupo, que se autodenomina “Caminhar com Dom Bosco até Maria” encontra-se a realizar a segunda etapa, de um percurso que totaliza cerca 200 km, entre Évora e o Santuário de Fátima, onde chegarão no próximo domingo dia 12 de maio, tendo a partida sido ontem de manhã, após uma missa na Igreja de Nossa Senhora Auxiliadora, nos Salesianos de Évora, cuja imagem as irá acompanhar durante todo o caminho.

O momento da partida foi ontem pelas 09H30 e testemunhado em direto pela TVI e CNN, tal como já tinha feito em 2019, na reportagem “Peregrinos partem de Évora com rumo a Fátima para as celebrações do 13 de maio”.

Mas para que este grupo de homens e mulheres possam cumprir o desejo de irem a pé até Fátima, foi necessário muito tempo antes, que a Elsa Lima, responsável pelo Grupo, tenha planeado e organizado, toda a logística necessária, como são a definição das etapas, e dos locais de alojamento e de alimentação.

Para além da responsabilidade de encontrar o melhor percurso e os locais para comer e dormir, a Elsa tratou ainda de arranjar apoios e patrocínios, que vão aparecendo em forma de garrafas de águas, fruta e viatura de apoio, com respetivo condutor, cedida pelos Salesianos de Évora, que garante todo o apoio necessário ao grupo durante o percurso.

Depois de planeado todo o apoio logístico necessário, foi ainda imprescindível garantir que os integrantes do grupo reunissem as condições mínimas, para conseguirem, do ponto de vista físico, cumprir os 200 km, necessários para chegarem ao seu destino, sem lesões graves, porque bolhas e dores musculares são normais, pelo que foram realizados diversos treinos, com o objetivo de se prepararem fisicamente para o desafio, porque mentalmente, já todos estão preparados. 

Após alguns treinos, sempre ao domingo, sendo uns de uma etapa só de manhã e outros de manhã e à tarde, porque esses treinos são o mais próximo da realidade, tendo em conta que as etapas diárias que os levam a Fátima, também são constituídas por dois percursos, um de manhã, com paragem para almoço e outro à tarde, até ao local onde irão pernoitar.

Após os treinos, o grupo terá percorrido várias centenas de quilómetros, pelos caminhos e estradas em redor de Évora, com o objetivo de se prepararem para caminhar até Fátima, pelo que as bolhas, as dores nos pés, nas pernas, nas costas, nas ancas e as mãos inchadas já não serão surpresa, estando no entanto acautelada o apoio sanitário pelos voluntários da Ordem de Malta, que todos os dias no final de cada etapa, realizarão as massagens e os tratamentos das pequenas lesões, que vão surgindo pelo caminho, como são as “bolhas nos pés”, que todos, uns mais que outros, irão  fazer.

Para melhor compreender este grupo sugiro uma leitura ao artigo que tive a oportunidade de escrever no dia 13 de maio de 2022, para O’Digital com o título “Caminhar até Fátima”, onde refiro que “Tod@s chegam ao destino, porque a chegada, é recompensa suficiente para o sacrifício que se enfrentou durante o percurso e ninguém fica para trás.

À chegada há choro, risos, abraços, beijos e palmas, muitas palmas, sendo obrigatório os peregrinos que já estão no Santuário aplaudir os que vão chegando. E no final, entre tod@s foram criados laços de amizade, tal e qual como acontece na recruta e que ficam para a vida, mesmo entre aqueles que nunca se tinham visto.”

Terminamos, desejando a todos os peregrinos que já iniciaram ou vão iniciar a sua caminhada até Fátima, particularmente a este grupo de Évora, que o façam em segurança, não esquecendo os conselhos que a GNR faz questão de transmitir, para que todos cheguem ao Santuário de Fátima no dia 12 de maio sem percalços.

Bom caminho para tod@s.


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