Começa esta terça-feira no Tribunal de Beja, perante um Coletivo de Juízes, o julgamento de Vítor Ramalho, de 56 anos, um antigo eleito do partido Chega na Junta de Freguesia de Póvoa de São Miguel, no concelho de Moura.
Está acusado de um crime de homicídio simples, na forma tentada, com recurso a arma de fogo.
O caso ocorreu no dia 8 de outubro de 2021, quando o eleito nas autárquicas de 2021, fez dois disparos contra uma família sueca, o primeiro na Póvoa de São Miguel e o segundo em Amareleja, para onde o condutor fugiu com medo. O arguido renunciou ao cargo treze dias depois dos acontecimentos.
Durante a investigação a Polícia Judiciária (PJ) “concluiu que o arguido incorreu na prática de nove crimes de homicídio qualificado na forma tentada”, no entanto, sustentou ter existido “insuficiência de indícios quanto ao número de crimes”. O MP acusou somente de um crime.
A PJ apurou que “o veículo do ofendido apresentava um orifício de 0,3 centímetros de diâmetros e várias marcas típicas de disparos com cartucho de cumbo de caçadeira”, mas que nenhum passageiro foi ferido. Em comunicado, a polícia justificava que as vítimas eram “um casal de cidadãos suecos e sete filhos menores, com idades entre os 11 anos e os 3 meses” e que os disparos terão sido feitos “aparentemente por ódio racial”, mas a acusação do MP não fez qualquer referência a esses factos.
Apesar de ser titular de cartão europeu de arma de fogo, possuir licença de uso e porte de arma e ter todas as armas legalizadas, um mês depois de ter sido presente a um Juiz de Instrução Criminal, no Tribunal de Moura, para primeiro interrogatório e, ter ficado em liberdade, o arguido vendeu as 13 armas de fogo que possuía, a um armeiro, em Monte Trigo, concelho de Portel.
Teixeira Correia
(jornalista)